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Alpargatas compra maior indústria têxtil argentina

A fabricante das Havaianas adquiriu 31,45% da Alpargatas Argentina, que é dona da marca Topper e fabrica sob licença produtos da Nike e Adidas

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h39.

A São Paulo Alpargatas, empresa controlada pelo grupo Camargo Corrêa e fabricante das sandálias Havaianas e dos calçados Topper e Rainha, comprou o controle da Alpargatas Argentina, maior indústria têxtil do país vizinho. A empresa brasileira assinou uma carta de intenções para adquirir 31,45% das ações da argentina. Os papéis adquiridos pertenciam ao atual gestor da Alpargatas Argentina, a Newbridge Latin América, e também a outros acionistas minoritários. No país vizinho a Alpargatas possui as marcas Topper, Flecha e Pampero e produz sob licença artigos da Nike e Adidas.

No passado, a Alpargatas brasileira e a argentina já tiveram os mesmos donos. A empresa brasileira foi fundada em 1907 pelo escocês Robert Fraser e comemora cem anos neste mês. Antes de chegar ao Brasil Fraser já havia fundado fábricas de alpargatas na Argentina (1883) e Uruguai (1890). Na década de 30 o controle acionário da São Paulo Alpargatas foi transferido para a empresa argentina. No entanto, em 1982, após um gradativo processo de nacionalização do capital iniciado em 1948, a São Paulo Alpargatas deixou de ter participação argentina e passou para as mãos da Camargo Corrêa, que hoje detém 37% da empresa.

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Neste ano, o foco da Alpargatas deve ser a internacionalização. A empresa vai abrir um escritório de distribuição em Nova York em junho. A empresa já é forte na venda de Havaianas na Califórnia e agora planeja aumentar sua participação na principal metrópole mundial.. No Chile, a Alpargatas abre em agosto um escritório para comercialização de artigos esportivos. E, no mês passado, anunciou que se tornou a representante da marca de artigos esoprtivos Mizuno em toda a América Latina - antes era só no Brasil.

O preço de compra não foi divulgado. A carta de intenções para a compra de ações prevê a realização de uma auditoria na Alpargatas Argentina antes da conclusão do negócio. A transferência das ações também depende da aprovação de órgãos de defesa da concorrência do país vizinho. Como a Camargo Corrêa também controla 61% da Santista Têxtil, que possui operações no país vizinho, há o temor de que haja concentração de mercado principalmente na área de denin (tecido para jeans). Na Argentina, a Alpargatas também fabrica produtos para Levi´s, Wrangler, Lee e Zara. Por esse motivo, o governo pode obrigar as duas empresas a venderem alguma fábrica para aumentar a competição.

O presidente da São Paulo Alpargatas, Márcio Utsch, afirmou que a empresa exporta 2 milhões de pares de Havaianas para a Argentina por ano. Ele afirmou que só vai estudar a possibilidade de produzir a sandália ou outras marcas no país vizinho após a conclusão do negócio. No geral, as exportações da Alpargatas têm crescido entre 40% e 45% ao ano, puxadas pelas Havaianas, que representam metade das vendas ao exterior. O jornal Buenos Aires Económico informa que a empresa argentina negociava com a Camargo Corrêa há mais de um ano e enfrenta dificuldades financeiras desde 2001, quando pediu concordata. A empresa precisa arcar com uma dívida de cerca de US$ 270 milhões. Os débitos foram renegociados no ano passado e deverão ser pagos principalmente em duas parcelas que vencem em 2010 e 2015. No ano passado, a empresa faturou 490 milhões de pesos (o equivalente a 158 milhões de dólares hoje), com um crescimento de 24% sobre 2005.

Há dois anos a Camargo Corrêa anunciou a compra de uma das maiores empresas argentinas, a fabricante de cimento Loma Negra, por US$ 1,025 bilhões. Jornais argentinos também relembraram a compra de outras empresas do país por brasileiras, como a aquisição da Perez Companc pela Petrobras, da Quilmes pela AmBev, da Swift pela Friboi, da Acindar pelo Belgo Mineira e da Aceros Bragado pela Gerdau.

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