Quando se fala em cachorro-quente em Ituberá, cidade de 15 mil habitantes no sul da Bahia, todos pensam logo no Genidog. Só de olhar, a barraca já dá gosto: toda pintadinha de branco, balcão e talheres sempre limpos, e uma variedade grande de acompanhamentos, como milho, maionese, batata palha, queijo ralado. O dono, Genildo Ribeiro, 18 anos, usa um uniforme imaculadamente branco. O sucesso do Genidog foi tanto que quebrou todos os concorrentes, e o rapaz está pensando em abrir uma filial.

A 1,5 mil quilômetros de distância, na zona rural de Pombos, em Pernambuco, o pequeno produtor Amaro Severo da Silva e a adolescente Maria José Severo esticam uma tela de arame para cercar o pequeno galinheiro que ele construiu com as economias da filha. Em meados de novembro, a instalação vai receber 100 pintinhos comprados por Maria o pontapé inicial de uma futura granja. O galinheiro não é o único sinal da moça no sítio do pai, plantador de banana, inhame e mandioca. Entre essas lavouras, é possível ver canteiros de verduras e legumes cultivados organicamente.

Maria e Genildo são dois exemplos de jovens atingidos pela Aliança com o Adolescente pelo Desenvolvimento Sustentável no Nordeste, um projeto conjunto das fundações Kellogg e Odebrecht, Instituto Ayrton Senna e BNDES. O objetivo do projeto é formar adolescentes de 12 a 19 anos para atuar como protagonistas do desenvolvimento sustentável dos locais onde vivem. Implantado em janeiro de 2000, ele beneficiará 7 mil jovens e 3 mil educadores até 2004. Inicialmente, funciona em três microrregiões: o Baixo Sul baiano, o Médio Jaguaribe, no Ceará, e a Bacia do Goitá, em Pernambuco.

Na Aliança, os jovens seguem programas de voluntariado, informática, direito e cidadania, agente de desenvolvimento cultural em que aprendem, por exemplo, a melhorar a produção artesanal e a promover feiras e festivais e desenvolvimento local. Neste último, participam de atividades ligadas a cadeias produtivas, segundo o potencial de cada região. Na Bahia e no Ceará, um dos focos são as atividades de maricultura e piscicultura, com a criação de ostras e alevinos no mar baiano e de peixes e caranguejos nos açudes cearenses. Em Pernambuco, a agricultura orgânica e a criação de pequenos animais, como galinhas, coelhos e patos, com ração caipira , sem agrotóxicos ou hormônios. Mas, principalmente, os adolescentes passam a exercer sua cidadania e a ter uma nova visão do mundo do trabalho, aprendendo a levantar dados socioeconômicos para identificar oportunidades, a agregar valor aos produtos e... a fazer as contas direitinho antes de iniciar qualquer negócio, como todo bom empreendedor.