Afif: Com ministério, pequenas e médias empresas saem do subsolo e vão para o Palácio do Planalto
Ex-vice governador de São Paulo foi ministro da Secretaria da Micro e Pequena Empresa no governo Dilma Rousseff (PT) e vê com bons olhos a recriação do ministério. Em entrevista, Afif comenta os principais pleitos dos empreendedores brasileiros
Repórter de Negócios
Publicado em 29 de agosto de 2023 às 12h57.
Última atualização em 29 de agosto de 2023 às 15h16.
Em sua live semanal nas redes sociais, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, nesta terça-feira, 29, que vai criar o Ministério das Pequenas e Médias Empresas.
Entre as atribuições da futura pasta estará o desenvolvimento de ações de apoio à inserção de artesãos, microempreendedores individuais (MEI), microempresas e empresas de pequeno porte na economia brasileira e no mercado internacional.
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Quem é Guilherme Afif Domingos
Caso o órgão realmente saia do papel, não será a primeira vez que o Brasil contará com uma pasta específica para pequenas empresas com caráter de ministério.
Em 2013, durante o primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff (PT), criou-se a Secretaria da Micro e Pequena Empresa, sob o comando do ministro Guilherme Afif Domingos (PSD). Afif também já foi vice-governador do Estado de São Paulo entre 2011 e 2014 e presidente do Sebrae Nacional entre 2015 e 2018. Atualmente, é secretário de Projetos Estratégicos do Estado de São Paulo.
Em entrevista à EXAME, Afif avaliou a possibilidade da criação de um ministério para Pequenas e Médias Empresas.
Como o senhor avalia a criação de um ministério para Pequenas e Médias Empresas?
Tenho um grande orgulho de ter sido o primeiro ministro das Micro e Pequenas Empresas. E tenho uma grande frustração, de ter sido o único. Eu concordo integralmente com a criação, porque a política de micro e pequenas empresas sempre foi jogada nos porões do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDic), mas representa 90% do universo empresarial brasileiro. É preciso que se tenha um olhar cuidadoso e diferenciado conforme pregou a constituição. Precisa ter um esquema definido de defesa das PMEs, pois a burocracia considera o Simples Nacional uma renúncia fiscal, e não é. É um regime especial constitucional. Sobre o ponto de vista administrativo, concordo totalmente.
Qual o impacto da criação deste ministério para as PMEs?
Vai fazer com que as pequenas e médias empresas se aproximem da Presidência da República, como foi quando eu era ministro no governo da Dilma. Quando é uma secretaria, você está no subsolo. Quando é um ministério, você está no Palácio. E estando no Palácio, você consegue ter políticas e apoio efetivo do presidente.
Quando a pasta em que o Sr. comandava foi fechada, houve algum impacto para as pequenas e médias empresas?
Quando a Dilma foi obrigada a terminar com o ministério, ela fez questão que eu fosse para o Sebrae. De lá, continuei a comandar o processo de defesa das pequenas e médias empresas. O Sebrae é peça fundamental para execução das ações dos ministérios.
Não há chance das funções de um eventual ministério e do Sebrae se sobreporem?
Não. O Sebrae é executor de política pública. O ministério será formulador de política pública.
Quais as principais demandas das pequenas e médias empresas hoje?
A principal demanda é o enquadramento e correção dos limites do Simples Nacional. Segundo, acesso ao crédito. Precisamos ter o fortalecimento do Fundo de Aval às Micro e Pequenas Empresas (Fampe) e das políticas de financiamento de longo prazo dos bancos de desenvolvimento. Precisa fortalecer porque é o Fampe que permitiu dar às pequenas empresas garantias para tomada e barateamento de crédito.
Há algum ponto de atenção para a criação deste ministério?
Precisa cuidar para não pôr no comando alguém estranho à tese. Que não conheça a grandeza. As pequenas empresas sempre tiveram apoio no Congresso, mas não são partidárias. Precisam ser tratadas como política pública. A escolha por quem assumirá a pasta precisa ser universal. Não se pode fazer disso uma ação partidária.