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Advogados japoneses abandonam caso Ghosn após fuga

Carlos Ghosn fugiu do Japão, onde enfrentava acusações de irregularidades financeiras, para o Líbano

Carlos Ghosn: executivo passou mais de 120 dias em um centro de detenção de Tóquio (Pascal Le Segretain/Getty Images)

Carlos Ghosn: executivo passou mais de 120 dias em um centro de detenção de Tóquio (Pascal Le Segretain/Getty Images)

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Reuters

Publicado em 16 de janeiro de 2020 às 09h10.

Última atualização em 16 de janeiro de 2020 às 09h18.

Tóquio — Os advogados japoneses que representavam Carlos Ghosn, incluindo o principal deles, Junichiro Hironaka, se demitiram nesta quinta-feira em reação à fuga do ex-chefe da Nissan do Japão, onde enfrentava acusações de irregularidades financeiras, para o Líbano.

Em um comunicado enviado por email, Hironaka disse que todos os membros de sua firma envolvidos no caso se demitiram. A porta-voz da empresa não quis explicar a razão.

Um segundo advogado da equipe legal de três membros de Ghosn, Takashi Takano, também se demitiu nesta quinta-feira, de acordo com um funcionário de seu escritório.

Uma pessoa que atendeu o telefone no escritório de um terceiro advogado, Hiroshi Kawatsu, disse não saber se ele ainda representa o ex-executivo do setor automotivo.

Ghosn, que fugiu de Tóquio no mês passado, disse à Reuters em uma entrevista concedida em Beirute com sua esposa, Carole, que está feliz de permanecer no Líbano pelo resto da vida e afirmou ter sido tratado com "brutalidade" durante sua detenção e fiança no Japão.

Carole disse que "não quer mais saber do Japão".

O Japão emitiu alertas internacionais de busca para o casal, o que significa que eles estão no Líbano como fugitivos e podem ser presos se deixarem o país.

Hironaka, que havia expressado decepção com a decisão de seu cliente de fugir, disse que deixaria a função assim que Ghosn pagasse a conta.

O caso pôs em questão o sistema de Justiça japonês, iniciando uma batalha pública intensa entre o ex-empresário e a ministra da Justiça, Masako Mori, que descreveu as críticas de Ghosn como "absolutamente intoleráveis".

Ghosn passou mais de 120 dias em um centro de detenção de Tóquio e foi interrogado na maioria deles, muitas vezes durante mais de sete horas e sem seus advogados, disse Takano.

Procuradores o interrogaram durante os primeiros 43 dias sem intervalo, incluindo o Natal e o dia de Ano Novo.

Nesta quinta-feira, Ghosn encontrou apoio em outro estrangeiro, o jornalista de esportes australiano Scott McIntyre, que ficou detido durante 44 dias por invasão na tentativa de obter informações sobre seus filhos desaparecidos.

Ele se declarou culpado da acusação e foi libertado na quarta-feira com uma pena suspensa de seis meses.

Falando em uma coletiva de imprensa, McIntyre, que ficou no mesmo centro de detenção de Ghosn, situado no oeste de Tóquio, durante parte do tempo, descreveu as condições locais como "tortura".

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