Acostumado a luxo, Eike pode dividir cela com ratos e morcegos
O empresário, que chegou a ser o homem mais rico do Brasil, está detido na superlotada penitenciária Ary Franco, no Rio de Janeiro
Luísa Melo
Publicado em 30 de janeiro de 2017 às 11h48.
Última atualização em 31 de janeiro de 2017 às 15h22.
São Paulo - Acusado de pagar propina ao ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral, Eike Batista foi preso na manhã desta segunda-feira (30) ao desembarcar no Rio de Janeiro.
Ele estava em Nova York e era considerado foragido desde a última quinta (26), quando teve a prisão preventiva decretada no âmbito da Lava Jato.
Acostumado a viver entre mansões, jatinhos e iates particulares Eike, que há cinco anos ocupava o posto de homem mais rico do Brasil e sétimo do mundo, enfrentará uma nova realidade privada de luxo.
O empresário foi levado para o presídio Ary Franco, na zona Norte do Rio de Janeiro, para onde são encaminhados criminosos que atentam contra o sistema federal e não têm curso superior.
A prisão abriga mais do que o dobro de detentos do que deveria e é infestada de ratos, morcegos e insetos, como descreveu Chico Otávio em reportagem publicada no jornal O Globo no ano passado.
O jornalista classificou o complexo de 70 celas, a maioria subterrâneas, como "claustrofóbico, fétido e asfixiante" e chegou a chamá-lo de "a pior prisão do Rio de Janeiro".
Ainda não se sabe se Eike permanecerá no local nem se ficará em um espaço de detenção comum. Sem diploma, ele não tem direito a área especial. Em entrevista a jornalistas na porta da penitenciária, o advogado do empresário, Fernando Martins, disse que a prioridade agora é preservar sua integridade física.
Histórico
Eike é investigado na Operação Eficiência por corrupção ativa. Ele teria transferido 16,5 milhões de dólares ao ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral por meio de uma conta no Panamá.
O político, detido desde novembro, é acusado de comandar uma organização criminosa que já lavou mais de 100 milhões dólares no exterior, segundo o Ministério Público Federal e a Polícia Federal.
O dinheiro teria sido desviado de obras públicas feitas no estado durante a gestão de Cabral.
Os investigadores ainda não sabem dizer qual a contrapartida recebida pelo empresário pela suposta propina, mas defendem que sua prisão se justifica pelo fato de ele usar falsos negócios para forjar a legalidade de dinheiro lavado e, assim, “escamotear a verdade” dos órgãos públicos.
Para maquiar o montante pago a Cabral, ele teria criado um contrato de fachada para a intermediação de compra e venda de uma mina de ouro que nunca aconteceu.