Exame Logo

Acordo da Petrobras é visto como mais uma intervenção

Segundo analistas, reação negativa do mercado deveu-se à ausência de detalhes sobre o acordo

Terminal portuário da Petrobras na Baia da Guanabara, no Rio de Janeiro (Dado Galdieri/Bloomberg)
DR

Da Redação

Publicado em 25 de junho de 2014 às 17h26.

Rio de Janeiro - A reação negativa do mercado aos novos contratos firmados pela Petrobras com o governo para a exploração de volumes extras de petróleo no pré-sal, deveu-se à ausência de detalhes sobre o acordo, às pressões no caixa da empresa e a novas demonstrações de intervenção governamental na estatal, disseram analistas nesta quarta-feira.

O governo decidiu contratar a Petrobras, sem licitação, para explorar o óleo excedente em quatro áreas da chamada cessão onerosa, o que deve garantir à estatal reservas adicionais de até 15,2 bilhões de barris e levar a um desembolso de 15 bilhões de reais em bônus e antecipações até 2018.

Veja também

As ações preferenciais da Petrobras fecharam em queda de 3,61 por cento na terça-feira, e operavam em baixa de 2,8 por cento no final do pregão desta quarta.

"O contrato pode ser economicamente atraente, mas não temos dados para saber", afirmaram os analistas do banco BTG Pactual, chefiados por Gustavo Gattass, em nota a clientes.

A instituição manteve a recomendação neutra para as ações da petroleira.

Em relação à pressão no caixa da empresa, o banco prevê a possibilidade da Petrobras precisar de um aumento de capital no próximo ano.

O Bank of America Merrill Lynch afirmou que o negócio "parece ser financeiramente positivo", mas destacou que "vem em um momento de preocupações do mercado sobre a força financeira da Petrobras e do nível de intervenção do governo na empresa".

Também nessa linha, o Citibank destacou que o negócio "deve impactar negativamente a percepção dos investidores devido à influência política por trás". A instituição manteve sua recomendação neutra para os papeis da empresa.

O Citi Research, em relatório, disse temer que os investidores considerem que o negócio foi orientado para contribuir com as contas da União. Isso porque dos 15 bilhões de reais a serem pagos até 2018, 2 bilhões de reais deverão ser entregues ainda neste ano.

Em contrapartida, a estatal prevê que o primeiro óleo excedente da cessão onerosa seja extraído apenas em 2021.

O Citi Research elevou a estimativa de necessidade de novos endividamentos para o período 2015-18 para 24 bilhões de dólares, ante 20 bilhões, para refletir o acordo, além de adiar a projeção de equilíbrio no fluxo de caixa livre para 2019.

Já o banco UBS, além de criticar a intervenção do governo, questionou que o contrato de partilha tenha sido a melhor opção. "Estes barris vêm com riscos exploratórios inferiores, como afirmou a CEO para a imprensa local após o anúncio do negócio, mas também deve gerar retornos mais baixos do que os barris do pré-sal de Santos sob o modelo de licenciamento", disse o UBS em email a clientes.

Por outro lado, o Goldman Sachs, que manteve recomendação de compra, destacou que não vê os termos econômicos anunciados como negativos. A instituição destacou que a Petrobras adicionou novas reservas provadas ao seu portfólio.

Acompanhe tudo sobre:Capitalização da PetrobrasEmpresasEmpresas abertasEmpresas brasileirasEmpresas estataisEnergiaEstatais brasileirasGás e combustíveisIndústriaIndústria do petróleoIndústrias em geralPetrobrasPetróleoPré-sal

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Negócios

Mais na Exame