Acionistas do aeroporto de Viracopos decidem devolver concessão
O aeroporto será o primeiro ativo a utilizar o mecanismo de devolução negociada , criado por meio de medida provisória convertida em lei no 1º semestre
Estadão Conteúdo
Publicado em 28 de julho de 2017 às 15h44.
Última atualização em 28 de julho de 2017 às 18h54.
A Aeroportos Brasil Viracopos (ABV) informou na tarde desta sexta-feira, 28, que, em Assembleia Geral Extraordinária realizada nesta sexta-feira, os acionistas da concessionária responsável pelo Aeroporto Internacional de Viracopos , em Campinas (SP), autorizaram a diretoria da empresa a "iniciar o processo de relicitação do objeto do Contrato de Concessão, nos termos da Lei nº 13.448/17", que estabelece diretrizes para prorrogação e relicitação de concessões de infraestrutura.
Na prática, esse procedimento corresponde à devolução da concessão.
Entre os acionistas estão a TPI - Triunfo Participações e Investimentos, que acertou na semana passada um acordo extrajudicial para reestruturar suas dívidas, e a UTC, que entrou com pedido de recuperação judicial.
Conforme estabelecido na lei, o processo compreende a extinção amigável do contrato e a celebração de um "ajuste negocial para o empreendimento", com novas condições contratuais e novos contratados, a serem definidos em uma relicitação.
A ABV lembrou que um primeiro passo neste processo já foi dado com a solicitação ao Conselho do Programa de Parcerias de Investimento (CPPI), e qualificação do contrato no PPI, conforme previsto na lei.
"A ABV acredita que a relicitação, construída em conjunto com CPPI, Anac e TCU, é a alternativa mais adequada para que o aeroporto mantenha a qualidade e a continuidade dos serviços prestados aos usuários. A escolha dessa alternativa visa garantir a atuação dos funcionários e também o relacionamento com fornecedores e parceiros", declarou.
A concessionária lembrou que, até que a relicitação seja concluída, a ABV continuará operando o aeroporto. A princípio esse processo terá duração de até 24 meses, podendo ser prorrogado mediante deliberação do CPPI.
A empresa justifica a decisão lembrando que o volume de passageiros e cargas movimentadas recuou nos últimos anos e que existiriam "impasses" em relação às tarifas cobradas para movimentação de carga, que representam quase 60% do faturamento de Viracopos.
De acordo com a empresa, em 2012, após a assinatura do contrato de concessão, houve, por parte do Poder Concedente, redução da tarifa para transporte de carga, em regime aduaneiro, de R$ 0,50 para R$ 0,08 por quilo de mercadoria, com reconhecimento posterior e parcial da recomposição financeira.
"Mas esta e outras alterações unilaterais do contrato de concessão, que exigiriam reequilíbrio econômico-financeiro do contrato, que não ocorreram, prejudicam o desempenho financeiro da empresa", afirma.
Além disso, a concessionária lembra que, conforme estudo de demanda divulgado pelo governo federal, Viracopos teria 17,9 milhões de passageiros em 2016, mas a movimentação efetivamente registrada foi de 9,3 milhões, ou 52% da projeção inicial.
"Impactada pelos efeitos da grave crise macroeconômica pela qual o Brasil tem passado, a movimentação de cargas foi de 166 mil toneladas em 2016, ante as 409 mil toneladas projetadas no mesmo estudo - 40% do esperado", acrescentou.