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A segunda chance da Fila

Depois de quase sair do mercado, a marca volta à disputa, com um novo desafio -- vencer os piratas

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h41.

A trajetória da marca italiana de artigos esportivos Fila não tem sido fácil no Brasil. Lançada no país há cerca de 20 anos, a Fila viveu seu apogeu na primeira metade dos anos 90. Em 1996, porém, a dona da licença para explorar a marca quebrou. Prédios foram abandonados, máquinas roubadas e os tênis -- principais itens do catálogo -- largamente pirateados. Dois anos atrás, a Sport Marketing Brasil (SMB) comprou uma nova licença da Fila e pôs em prática um plano de recuperação. Em 2004,
as receitas, de 55,3 milhões de reais, foram 111% maiores que no ano anterior. "Entre as marcas estrangeiras, já ocupamos o quinto lugar em calçados esportivos", diz Gérson Schmitt, presidente da SMB.
Mas ele tem um desafio ainda maior pela frente. Precisa concorrer com a própria Fila -- ou melhor, com os produtos piratas vendidos com a marca Fila.

Schmitt estima que o equivalente a 20% de seu faturamento seja perdido para cópias ilegais. "À medida que a marca ganha mais visibilidade, nossos produtos também passam a ser mais copiados", diz. É uma guerra desigual. As versões piratas do Vertice e do Nazca, dois dos modelos mais populares, são encontradas por menos de 90 reais, enquanto exemplares legítimos custam em torno de 150 reais. O setor de artigos esportivos é um dos mais atacados pelos piratas -- e também um terreno em que é dificílimo combatê-los. Recentemente, a Nike se viu em apuros com a proliferação de camisas piratas da Seleção Brasileira de Futebol. A empresa resolveu fabricar camisetas de menor qualidade para não perder mercado.

A Fila adotou uma estratégia diferente. Remodelou totalmente sua linha de tênis e decidiu se concentrar na faixa mais sofisticada, com tecnologia para corrida. Com isso, o preço médio dos tênis passou de 100 para 150 reais. "Nossos clientes gostaram dos novos produtos", diz Sebastião Bonfim, presidente da Centauro, a maior rede de artigos esportivos do país. "Por isso, aumentamos a exposição da Fila na vitrine." Para aumentar a visibilidade, a empresa também resolveu patrocinar atletas de ponta, como a tenista belga Kim Clijsters e a brasileira Nanda Alves, a número 1 do ranking nacional. Criou ainda duas competições no estado de São Paulo -- o Circuito Fila de Corridas e o Circuito Fila de Corridas de Praia, no litoral. "Essas ações trouxeram muita visibilidade", diz Schmitt. O outro lado da moeda é que o produto se tornou um alvo ainda mais cobiçado pelos piratas. É esse o desafio que a Fila terá de enfrentar para conseguir, neste ano, aumentar as vendas de quase 800 000 pares de tênis -- resultado alcançado em 2004 -- para 1,1 milhão de pares.

O salto da fila
Principais indicadores da empresa
ANO
Faturamento
Pares vendidos
Pontosde- venda
2003
26,2 milhões de reais
462 000
1 933
2004
55,3 milhões de reais
794 000
2 676
Fonte: empresa
Com tecnologia, a Fila desenvolveu o tênis Vertice, vendido por 150 reais...
...mas as cópias do produto podem ser encontradas por 90 reais
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