Calciolari: foco da Gafisa é reduzir o nível de endividamento (Divulgação)
Da Redação
Publicado em 18 de junho de 2012 às 06h00.
São Paulo – Reconduzido no final de maio a mais um mandato como presidente da Gafisa, Duílio Calciolari já tem, de cabeça, uma lista de tarefas para os próximos três anos.
“O maior objetivo é reduzir o nível de alavancagem da companhia”, afirmou Calciolari, em entrevista a EXAME.com. Atualmente, a dívida líquida da Gafisa é 1,2 vez maior que o seu ebitda. “O ideal é chegar a 0,5 ou 0,6”, diz.
Para tanto, o executivo dará prosseguimento a uma reforma geral da empresa e promete que a partir do segundo trimestre já começará a mostrar uma geração positiva de caixa. Veja, a seguir, os principais trechos da conversa:
EXAME.com – Qual é a prioridade da Gafisa, a partir de agora?
Duílio Calciolari – O nosso maior objetivo é reduzir o nível de alavancagem da companhia. E, para isso, é estratégico que a gente reduza a exposição ao risco da Tenda substancialmente. Enquanto não tivermos controle absoluto das operações da Tenda, não vamos promover novos lançamentos.
EXAME.com – E como isto será feito na Tenda?
Calciolari – Há três passos. O primeiro é que todo projeto só será lançado com a garantia de que há um agente financeiro garantindo nosso funding (capital para a execução). O segundo é que a gente já venda as unidades e as repasse para a Caixa Econômica ou outro parceiro. O último é padronizar o produto e buscar escala. Se fizermos isso, teremos bem menos risco.
EXAME.com – Em quanto tempo o sr. espera cumprir estas etapas?
Calciolari – Esses pontos estarão acertados em 18 meses, a contar de agora. Isto não significa que não possamos lançar algo antes disso; no fim deste ano, ou começo de 2013. Em nosso guidance (estimativas divulgadas pela empresa), a Tenda responderá por 10% dos lançamentos da empresa neste ano.
EXAME.com – A Tenda ainda é um bom negócio?
Calciolari – A coisa mais importante da Tenda é que ela tem mercado e a marca continua muito forte, apesar de todos os desvios que enfrentamos. Basta ver os feirões de imóveis. O foco da marca é o público de três a seis salários mínimos, onde há uma demanda muito grande.
EXAME.com – E o que será feito nas outras marcas?
Calciolari – Com a marca Gafisa, a nossa avaliação é de que diversificamos muito regionalmente e enfrentamos problemas na cadeia de suprimentos. Até o fim do ano, não teremos mais projetos em execução fora do eixo Rio-São Paulo. Vamos voltar a focar nos mercados que dominamos. A Gafisa passa por uma transição.
EXAME.com – Como estão as negociações com os sócios da Alphaville?
Calciolari – Temos um prazo de cerca de 30 dias para chegar a um acordo sobre o valor da fatia de 20% que estamos comprando. Os cenários são: ou concordamos com a avaliação da Alphapar (a empresa que representa os fundadores da Alphaville) ou eles concordam conosco. Não imagino um preço intermediário. O mais importante é concluir a transação, já que a decisão de compra está tomada desde 2006. A Aplhaville está comprada.
EXAME.com – A marca Alphaville também passa por um relançamento. Qual é o seu objetivo?
Calciolari – Criamos o Terras Alphaville, para trabalhar com um tíquete médio menor. A ideia é oferecer lotes um pouco menores, ao redor de 300 metros quadrados, a um preço de cerca de 100.000 reais e com uma infraestrutura mais enxuta de lazer. Os lotes do Alphaville giram em torno de 500 metros quadrados. Com isso, poderemos alcançar um público com uma renda um pouco menor, abaixo dos 10.000 reais por mês.
EXAME.com – Como o sr. avalia o mercado imobiliário neste momento?
Calciolari – Cada uma de nossas marcas depende de um indicador. No caso da Tenda, só seremos afetados se o nível de emprego começar a cair. Para a marca Gafisa, o que conta é o nível de confiança do consumidor. E, no caso de Alphaville, muitos vêem os lotes como uma opção de investimento em bens de raiz. É claro que o mercado imobiliário desacelerou. Os lançamentos demoram mais para vender, mas acho que ele está se acomodando em um nível confortável.