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7-Eleven: ícone da cultura japonesa atrai interesse de gigante canadense

Rede de lojas de conveniência japonesa enfrenta proposta de aquisição estrangeira em meio à importância cultural e econômica no país

Apesar de ser nascida nos Estados Unidos, 7-Eleven virou uma marca cultural do Japão. (Paul Weaver/SOPA Images/LightRocket via/Getty Images)

Apesar de ser nascida nos Estados Unidos, 7-Eleven virou uma marca cultural do Japão. (Paul Weaver/SOPA Images/LightRocket via/Getty Images)

Fernando Olivieri
Fernando Olivieri

Redator na Exame

Publicado em 26 de agosto de 2024 às 13h19.

Última atualização em 26 de agosto de 2024 às 13h20.

No Japão, as lojas de conveniência, conhecidas como konbini, são parte essencial da vida cotidiana. Com mais de 55 mil unidades espalhadas pelo país, esses estabelecimentos oferecem uma variedade de produtos e serviços que vão desde refeições frescas até pagamento de contas e envio de encomendas. A 7-Eleven, a maior e mais conhecida rede de konbini, tornou-se um símbolo dessa cultura de praticidade e eficiência. A reportagem é do The New York Times.

Recentemente, a Seven & i Holdings, empresa japonesa que opera a 7-Eleven, recebeu uma proposta de aquisição não solicitada da Alimentation Couche-Tard, gigante canadense do setor de lojas de conveniência. A oferta despertou debates sobre a possibilidade de uma empresa estrangeira assumir o controle de um negócio tão enraizado na sociedade japonesa.

A 7-Eleven teve origem nos Estados Unidos em 1927, mas estabeleceu sua primeira loja no Japão em 1974. A rápida adaptação ao mercado local e a incorporação de produtos alinhados aos gostos japoneses levaram a uma expansão significativa, alcançando mais de 21 mil lojas no país. Em 1991, a empresa tornou-se majoritariamente japonesa após a aquisição de 70% das ações pela Ito-Yokado e pela própria 7-Eleven Japan. Em 2005, consolidou-se como uma empresa totalmente japonesa sob a holding Seven & i.

A cultura dos konbini no Japão difere significativamente das lojas de conveniência norte-americanas. Enquanto nos Estados Unidos esses estabelecimentos são frequentemente associados à venda de produtos embalados e combustíveis, no Japão eles oferecem refeições frescas, produtos sazonais e uma rotatividade constante de itens para atender às preferências dos consumidores. Uma loja típica japonesa disponibiliza cerca de 3 mil produtos, dos quais 70% são substituídos anualmente para manter a novidade e relevância junto ao público.

Expansão no mercado asiático

A proposta da Couche-Tard, que opera mais de 16 mil lojas e postos de combustível na América do Norte e Europa sob a marca Circle K, representa uma tentativa de expandir sua presença no mercado asiático. Caso a aquisição seja concretizada, seria a maior transação estrangeira desse tipo envolvendo uma empresa japonesa, criando um dos maiores grupos de varejo do mundo.

Entretanto, a complexidade da Seven & i Holdings pode representar obstáculos significativos para a concretização do negócio. Além das lojas de conveniência, a holding possui operações em setores como serviços bancários e logística, o que poderia atrair um escrutínio mais rigoroso do governo japonês em relação à segurança e soberania econômica.

Diferenças operacionais também podem dificultar a integração entre as empresas. A agilidade e inovação constantes das lojas 7-Eleven no Japão contrastam com o modelo mais tradicional das lojas da Couche-Tard. A capacidade de adaptar e melhorar o negócio central da 7-Eleven seria um desafio que exigiria uma proposta sólida e convincente por parte da empresa canadense.

A importância cultural e econômica da 7-Eleven no Japão reforça a resistência a uma possível aquisição estrangeira. Para muitos japoneses, essas lojas representam mais do que simples pontos de venda; elas são parte integrante do tecido social, oferecendo conveniência e serviços essenciais no dia a dia. A possível mudança de controle levanta questões sobre a preservação dessa identidade e a continuidade dos serviços que os consumidores japoneses valorizam.

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