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6 fusões e aquisições que estão na berlinda

Algumas operações foram barradas por preocupações concorrenciais, enquanto outras ainda estão sendo analisadas

POSTO DE COMBUSTÍVEL DA REDE ALE: negócio com a Ipiranga foi vetado pelo Cade / (Leo Drumond/Nitro/Divulgação)

Karin Salomão

Publicado em 26 de agosto de 2017 às 08h00.

Última atualização em 26 de agosto de 2017 às 08h00.

São Paulo – Quando duas gigantes anunciam uma fusão ou aquisição, o receio é um só: que a operação impeça a livre concorrência. Com a concentração do mercado, a nova companhia poderia controlar preços e mudanças do setor.

Desde o começo do ano, dezenas de negócios bilionários foram anunciados. No entanto, nem todos foram aprovados por órgãos regulatórios antitruste, como o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica).

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Algumas operações foram barradas por preocupações concorrenciais. Outras, por receio de abertura de dados sensíveis.

Outras ainda estão sendo investigadas e os órgãos antitruste podem propor medidas compensatórias, como venda de ativos ou saída de alguns territórios.

Da fusão entre a Bayer e a Monsanto à compra da Estácio pela Kroton, veja abaixo 6 fusões e aquisições que ainda não foram concretizadas.

Bayer e Monsanto

Em setembro do ano passado, a Bayer anunciou que comprou a Monsanto por US$ 66 bilhões. A aquisição marcou uma grande mudança no portfólio da Bayer, cujo principal negócio são produtos voltados à saúde. Com a Monsanto, ela reforça sua posição no agronegócio.

No entanto, uma aquisição dessa magnitude é extremamente complexa, já que criaria a maior empresa nos setores de pesticidas e sementes. Nesta semana, a Comissão Europeia abriu uma investigação profunda, ante a preocupação de que isto vá reduzir a concorrência envolvendo alguns produtos.

No Brasil, o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) também pediu mais tempo para analisar a fusão e determinou a realização de diligências, como a elaboração de estudo quantitativo a respeito dos impactos concorrenciais da operação.

Ale e Ipiranga

A Ipiranga anunciou a compra da rede de postos combustíveis Ale em junho do ano passado, por R$ 2,17 bilhões. Com a compra, a Ultrapar, dona da Ipiranga, buscava fortalecer o negócio e acelerar a consolidação da marca em lugares onde ela ainda tem pouco espaço.

A transação aproximaria sua fatia de mercado da líder BR Distribuidora, da Petrobras. Juntas, teriam 18% do setor, contra 19,4% da BR.

No entanto, em fevereiro deste ano a superintendência-geral do Cade concluiu que a operação pode resultar em elevação de preços dos combustíveis na distribuição e na revenda. No início de agosto, o Cade reprovou a compra por unanimidade.

Kroton e Estácio

Quase um ano depois do anúncio da fusão da Kroton e Estácio, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) barrou a transação de 5,5 bilhões de reais em junho deste ano. A operação, que criaria uma das maiores empresas de educação do mundo, foi barrada por cinco dos seis conselheiros

Juntas, elas somariam 1,5 milhão de alunos, 1.080 polos de ensino à distância e 213 campi. Elas teriam uma fatia de 23% do mercado brasileiro de educação.

Além disso, também concentrariam o mercado na modalidade de ensino à distância (EAD). A Kroton, que já possui 37% do mercado, passaria a deter 46% após a operação.

ArcelorMittal Brasil e Votorantim

As siderurgias ArcelorMittal Brasil e Votorantim fecharam um acordo em operações de aços longos.

A Votorantim Siderurgia passou a ser subsidiária da ArcelorMittal Brasil, além de ganhar um controle minoritário do capital da compradora. O negócio, firmado em fevereiro deste ano, resultaria em uma capacidade anual de produção de 5,6 milhões de toneladas de aço bruto e de 5,4 milhões de toneladas de laminados.

No entanto, o Cade considerou a aquisição “complexa” e exigiu a realização de estudo quantitativo dos mercados envolvidos na operação. O negócio ainda está em aberto.

Time Warner e AT&T

A AT&T anunciou a aquisição do controle da Time Warner por 85,4 bilhões de dólares, não incluindo a dívida líquida da Time Warner.

Por ser global, o negócio precisa passar pela aprovação dos órgãos antitruste de vários países. 16 já aprovaram e o Departamento de Justiça dos EUA está começando a explorar quais condições podem ser colocadas na empresa combinada para remediar algumas preocupações.

No Brasil, a operação está parada no Cade. A operação resultará essencialmente em uma relação entre as atividades de programação de canais de TV por assinatura do Grupo Time Warner e os serviços de televisão por assinatura via satélite prestados pela Sky, empresa do Grupo AT&T. Dessa forma, a Time Warner teria acesso a informações sensíveis de todos os seus concorrentes por meio da Sky e vice-versa.

Para conseguir aprovar o negócio por aqui, os advogados da operadora de telefonia AT&T e do grupo de mídia Time Warner estão desenvolvendo propostas para apresentar ao Cade, como a venda da Sjy ou a interrupção da transmissão dos canais da Warner no Brasil.

London Stock Exchange e Deutsche Borse

A Comissão Europeia (CE) vetou em março a fusão entre o grupo London Stock Exchange (LSE), da Bolsa de Londres, e o alemão Deutsche Borse, gerente do pregão de Frankfurt.

“A fusão teria criado um monopólio crucial na compensação de instrumentos de rendimento fixo", disse a CE em comunicado.

A bolsa de Londres rejeitou vender sua participação de controle na plataforma de negociação italiana MTS, requisito que era exigido pela Comissão para dar sinal verde à operação de 29 bilhões de euros.

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