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Xi Jinping chega à França para sua primeira turnê europeia desde 2019

O líder chinês espera renovar os contatos e aprofundar as relações com a Europa, para compensar as recorrentes tensões com os Estados Unidos, mas sem abrir mão dos laços com Moscou

O presidente chinês Xi Jinping (Michele Spatari/Getty Images)

O presidente chinês Xi Jinping (Michele Spatari/Getty Images)

Agência o Globo
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Agência de notícias

Publicado em 5 de maio de 2024 às 10h44.

O presidente chinês, Xi Jinping, viaja para a Paris neste domingo, 5, determinado a defender a sua aliança com a Rússia, durante uma viagem que o levará à França, principal apoio de Kiev; e à Hungria e Sérvia, mais próximos de Moscou.

É a primeira viagem europeia de Xi desde a pandemia de Covid-19, durante a qual o gigante asiático ficou praticamente isolado do mundo durante quase três anos.

O líder chinês espera renovar os contatos e aprofundar as relações com a Europa, para compensar as recorrentes tensões com os Estados Unidos, mas sem abrir mão dos laços com Moscou.

A viagem servirá também como plataforma para expressar o descontentamento de Pequim relativamente às investigações abertas na Europa contra as práticas comerciais da China.

Para a França, que este ano celebra seis décadas de relações diplomáticas com Pequim, a questão prioritária será a guerra na Ucrânia.

Sendo a China um dos principais parceiros da Rússia”, o presidente francês, Emmanuel Macron, quer exortá-la a usar a influência que tem sobre Moscou para mudar os cálculos da Rússia e contribuir para uma solução para o conflito.

Numa visita à China no ano passado, Macron apelou a Xi para “trazer a Rússia à razão”. Pouco depois, o presidente chinês telefonou ao seu homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky, pela primeira vez desde o início do conflito, em fevereiro de 2022.

Mas os avanços diplomáticos obtidos por Paris terminaram aí.

A questão terá de monopolizar a reunião tripartida de segunda-feira, em Paris, entre Macron, Xi e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.

'Influência'

"Veremos até onde Xi Jinping vai para satisfazer Emmanuel Macron", afirma Valérie Niquet, diretora para a Ásia da Strategic Research Foundation.

"Mas a China não abordará sobre a Ucrânia", enfatiza.

As autoridades chinesas dizem que são oficialmente neutras no conflito e nunca condenaram a invasão russa. Num sinal da solidez das relações entre os dois países, o presidente russo, Vladimir Putin, viajará à China em maio.

"Se os europeus esperam que a China imponha sanções à Rússia ou se junte aos Estados Unidos e à Europa na imposição de sanções econômicas à Rússia, penso que é realmente improvável", disse Ding Chun, diretor do Centro de Estudos Europeus da Universidade Fudan, em Xangai.

Mas Pequim é “o único ator internacional que tem influência suficiente” sobre Moscou, confidencia uma fonte diplomática francesa.

Por essa razão, “Paris colocará a questão do apoio da China à Rússia no centro da discussão, o que não será uma conversa agradável”, prevê Abigaël Vasselier, especialista do Instituto Mercator de Estudos da China.

'Protecionismo'

Outra questão que pode prejudicar o diálogo são as investigações europeias sobre as práticas empresariais chinesas em setores como automobilístico, ferroviário, energia solar e eólica ou dispositivos médicos.

Pequim acusa a Europa de “protecionismo” e está “muito ansiosa para colocar essa questão na mesa” na França, afirma Philippe Le Corre, especialista do think tank The Asia Society Policy Institute.

A China “responsabiliza a França pela investigação” sobre os subsídios aos veículos elétricos chineses e respondeu com uma investigação “sobre bebidas espirituosas e conhaque”, diz Marc Julienne, chefe da China no Instituto Francês de Relações Internacionais.

Depois de passar segunda e terça-feira na França, o resto da viagem parece mais acolhedor para Xi, que estará de quarta a sexta-feira na Hungria e na Sérvia, dois países que mantêm relações amistosas com Pequim e Moscou.

“A ideia é destacar uma aliança de autocracias contra o mundo ocidental” e “mostrar que ele (Xi) ainda tem aliados na Europa”, analisa Valérie Niquet.

A visita coincide com o 25º aniversário do bombardeamento da Otan à embaixada chinesa em Belgrado, em 1999, quando a Aliança do Atlântico Norte agiu contra a Iugoslávia no meio da guerra do Kosovo.

Comemorar esse evento “permite-nos preparar a visita de Putin à China” e reiterar que “a Otam é uma ameaça à segurança internacional”, analisa Wang Yiwei, diretor do Centro de Estudos da União Europeia, da Universidade Renmin da China.

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