Washington: vários grupos coordenados pelo DisruptJ20 têm a intenção de bloquear todas as entradas aos pontos que o discurso e o desfile de Trump poderão ser assistidos (Brian Snyder/Reuters)
EFE
Publicado em 19 de janeiro de 2017 às 16h17.
Washington - Ativistas contrários e favoráveis ao presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, preparam uma série de manifestações para a cerimônia de posse do empresário republicano nesta sexta-feira, em Washington.
Milhares de pessoas irão à capital do país para uma cerimônia que deve ser uma das mais conflituosas desde a posse do segundo mandato de George W. Bush, em 2005, e Richard Nixon (1973).
"Veleiro. Furacão". Com o uso de vocábulos desconexos, os organizadores de alguns dos protestos iniciam conversas telefônicas.
Parte deles utiliza o aplicativo "Signal" para manter os diálogos privados e precisam desses códigos para comprovar a identidade dos participantes, especialmente após tentativas de boicote e ameaças.
Os preparativos dos protestos estão sendo realizados discretamente desde novembro, quando Trump venceu as eleições, com o objetivo de que sejam pacíficas e informar os participantes sobre seus direitos caso as manifestações se tornem violentas.
As autoridades do Serviço de Parques Nacionais, responsáveis por algumas das regiões verdes de Washington, incluindo a esplanada do National Mall, receberam dezenas de pedidos de protesto, muito além das registradas nas duas cerimônias de posse de Barack Obama (2009 e 2013), o que permite antecipar um grande fluxo de pessoas contrárias ao novo presidente do país na sexta-feira.
DisruptJ20, Occupy Inauguration e Answer Coalition são os três movimentos que devem fazer mais barulho, afetar o transcorrer da posse.
A expectativa é que 900 mil pessoas, favoráveis e contrárias ao republicano, assistam Trump assumir o poder nas ruas da capital.
"Esperamos cerca de 100 mil pessoas conosco", explicou à Agência Efe Lacy MacAuley, organizadora do DisruptJ20, que espera bloquear o acesso dos convidados às festas presidenciais e aos pontos de entrada para o desfile de Trump e a nova primeira-dama, Melania.
O Answer Coalition quer que seu protesto seja ainda mais visível e chegue até o presidente republicano. O grupo pediu que os manifestantes lotem uma praça próxima à Avenida Pensilvânia, onde Trump desfilará depois de tomar posse no Capitólio.
Uma juíza proibiu que os manifestantes ficassem em frente ao Trump International Hotel, no caminho entre o Congresso e a Casa Branca.
Na manhã de sexta-feira, vários grupos coordenados pelo DisruptJ20 têm a intenção de bloquear todas as entradas aos pontos que o discurso e o desfile de Trump poderão ser assistidos.
"Os grupos têm total autonomia para decidir que táticas usar para evitar que os acessos à posse sejam utilizados. Essas são ações não autorizadas e entendemos que pode haver prisões ou confronto", explicou MacAuley.
Os organizadores da Occupy Inauguration, entre eles o Partido Verde, começarão uma concentração na sexta-feira e se reunirão em uma região autorizada perto da Casa Branca com o DisruptJ20.
Combinado com o imenso esquema de segurança e os movimentos da comitiva presidencial, Washington deve viver um dia de paralisia total.
Os membros do DisruptJ20, que estabeleceram um "quartel-general" em uma igreja no norte da capital, afirmam que estão recebendo ameaças de indivíduos e grupos simpatizantes de Trump.
Os Moteros por Trump, que acompanham agora presidente eleito desde a campanha, afirmam que montarão guarda para permitir que curiosos e fãs do republicano possam fazer uma recepção calorosa para o líder, que assume com a menor popularidade em décadas.
No sábado, quando Washington começará a se recuperar da posse, uma nova manifestação está anti-Trump está marcada. Convocado pela Women's March, o protesto deve reunir 200 mil pessoas.
Em apenas 24 horas, a presidência de Trump concentrará tanto simpatizantes como opositores em uma cidade que se transformou no símbolo da profunda divisão política do país.