Nos seus cinco anos de mandato, a unidade da União Europeia foi posta à prova pelo Brexit, pela pandemia da covid-19 (Leandro Fonseca/Exame)
Agência de notícias
Publicado em 19 de fevereiro de 2024 às 11h58.
Última atualização em 19 de fevereiro de 2024 às 12h00.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciou nesta segunda-feira, 19, a sua candidatura a um segundo mandato, que embora esteja bem encaminhada, parece complicada em um momento em que a extrema direita mostra as suas ambições.
A ex-ministra da Defesa alemã, membro da CDU – o partido conservador alemão liderado por muito tempo por Angela Merkel – recebeu o apoio da sua família política em uma reunião em Berlim, nesta segunda-feira.
"Devemos nos defender das divisões internas e externas. Estou confiante de que temos a força para isso, e essa é a tarefa que me impus", declarou à imprensa.
Nos seus cinco anos de mandato, a unidade da União Europeia foi posta à prova pelo Brexit, pela pandemia da covid-19, pela ofensiva russa na Ucrânia e pelas tensões entre Estados Unidos e China.
Von der Leyen foi eleita em 2019 com uma margem pequena. Agora, aos 65 anos, ela enfrenta a campanha com uma vantagem.
De acordo com as pesquisas, o Partido Popular Europeu (PPE), ao qual pertence o CDU de Von der Leyen e que conta com mais chefes de Estado e de governo da UE, sairá vitorioso.
Espera-se que Von der Leyen seja nomeada pelo PPE como líder de lista para as eleições europeias, durante um congresso que acontecerá nos dias 6 e 7 de março, em Bucareste, na Romênia.
As eleições europeias, que ocorrerão de 6 a 9 de junho, resultarão na renovação dos líderes das principais instituições da UE, incluindo a Comissão Europeia.
No entanto, quatro meses antes das eleições, os partidos de extrema direita não escondem a sua ambição, impulsionados pelas preocupações dos europeus sobre a desaceleração econômica, as regulamentações ambientais e as políticas de asilo.
Várias pesquisas apontam para uma forte ascensão do grupo Identidade e Democracia (ID), que inclui o Reagrupamento Nacional de Marine Le Pen (RN, França), o belga Vlaams Belang, o alemão AfD e o austríaco FPÖ, e poderá tornar-se o terceiro grupo do hemiciclo.
Se a direita radical sair mais forte das próximas eleições, corre o risco de endurecer a política de imigração e dificultar a aprovação de muitas leis, especialmente as ambientais.
Os deputados conservadores do PPE, cientes desta concorrência, lutam há um ano contra os projetos legislativos emblemáticos do Pacto Verde Europeu.
Confrontada com a crescente relutância em relação às regulamentações ambientais, Von der Leyen anunciou no outono boreal (primavera no Brasil) "uma nova fase" do Pacto, focada na competitividade empresarial.
O reforço da defesa europeia será também previsivelmente uma questão fundamental para a futura Comissão, especialmente tendo em conta o possível retorno de Donald Trump à Presidência dos Estados Unidos, o que poderá abalar o papel desse país nos pactos de segurança coletiva.
"Devemos reforçar a capacidade de defesa da Europa", declarou nesta segunda-feira Von der Leyen, que planeja criar um novo cargo de comissário da Defesa se for reeleita.