Violência no Sudão do Sul pode derivar em genocídio, diz ONU
No final de sua visita ao país, o enviado garantiu que por enquanto "não há genocídio no Sudão do Sul, mas o perigo que levaria a este ato aumenta"
EFE
Publicado em 11 de novembro de 2016 às 17h01.
Juba - O enviado especial da ONU para a prevenção do genocídio, Adama Dieng, advertiu nesta sexta-feira que a atual violência no Sudão do Sul e "a propagação do ódio étnico poderiam derivar em genocídio se não foi feito algo para detê-lo".
Por isso, Dieng pediu às autoridades do Sudão do Sul que protejam os civis para evitar mais agressões étnicas, em entrevista à imprensa na sede da missão da ONU em Jubá.
No final de sua visita ao país, que começou na segunda-feira passada, o enviado garantiu que por enquanto "não há genocídio no Sudão do Sul, mas o perigo que levaria a este ato aumenta".
"O genocídio não ocorre em um só dia, por isso é preciso impedi-lo", ressaltou Dieng, insistindo que "o terreno já está preparado para um genocídio no Sudão do Sul".
O responsável da ONU disse, além disso, que durante sua visita aos acampamentos de deslocados estabelecidos pela ONU em Juba e Yei, situado ao sul da capital, comprovou "a falta de confiança entre o Exército e os civis".
A população fala "de soldados indisciplinados, divididos em diferentes grupos armados que o governo não pode controlar. Já não os veem como protetores", lamentou.
Dieng aconselhou as autoridades do governo a aplicarem o artigo das sanções para apresentar os envolvidos em atos de violência contra os civis perante a justiça imediatamente e evitar que saiam impunes.
O enviado opinou que devem ser julgados porque "as violações seguem até agora e a violência se renova de forma diária, por isso que desta forma não há esperança de reconciliação no Sudão do Sul".
Em 4 de agosto, as forças governamentais do Sudão do Sul estupraram mulheres, efetuaram execuções e saquearam em massa, segundo dados da ONU publicados então.
Além disso, um total de 95 civis morreram entre agosto e outubro em diferentes atos de violência nas estradas que comunicam a capital Juba com outras cidades do Sudão do Sul.
O conflito explodiu em dezembro de 2013 quando depois que o presidente sul-sudanês, Salva Kiir, de etnia dinka, acusou seu ex-vice-presidente, Riek Machar, da tribo nuer, de tentativa de golpe de Estado.