Venezuela manda reduzir representação diplomática de Holanda, França e Itália
Medida é resposta à acusação de apoio a grupos extremistas e exige autorização para deslocamentos
Agência de Notícias
Publicado em 14 de janeiro de 2025 às 19h26.
O Ministério das Relações Exteriores daVenezuela ordenou nesta terça-feira, 14, aos governos deHolanda, França e Itáliaque reduzam para três o número de diplomatas credenciados em suas respectivas embaixadas. A medida deve ser cumprida em até 48 horas e foi anunciada como resposta àquilo que o governo classificou como “conduta hostil” e apoio a “grupos extremistas”.
“Além disso, os diplomatas devem ter autorização por escrito da nossa chancelaria para se deslocar a mais de 40 quilômetros da Praça Bolívar, em Caracas, garantindo o estrito cumprimento de suas funções”, declarou o chanceler Yván Gil, por meio de uma mensagem no Telegram.
Yván Gil compartilhou fotos de reuniões com o embaixador francês na Venezuela, Emmanuel Pineda, e com a encarregada de negócios holandesa, Carmen Gonsalves, reforçando a postura do governo de Nicolás Maduro. Gil ainda destacou que o governo chavista continuará tomando “ações necessárias” para preservar sua soberania, baseando-se no direito internacional.
Segundo o chanceler, a Venezuela exige respeito à sua soberania e autodeterminação, princípios estabelecidos na Carta das Nações Unidas. Ele ainda criticou países que, segundo ele, seguem "subordinados às diretrizes de Washington".
Reações internacionais ao governo de Maduro
A tensão diplomática ocorre poucos dias após o presidente francês Emmanuel Macron e o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva pedirem ao líder venezuelano Nicolás Maduro que retomasse o diálogo com a oposição. O objetivo seria viabilizar “o retorno da democracia e da estabilidade” no país.
No mesmo dia, a primeira-ministra italiana Giorgia Meloni condenou o governo chavista, afirmando que “as notícias vindas da Venezuela são outro ato inaceitável de repressão por parte do regime de Maduro”. A declaração foi feita após a breve detenção da líder opositora Maria Corina Machado durante um protesto em Caracas.
“A Itália não reconhece a vitória eleitoral reivindicada por Maduro. As aspirações legítimas do povo venezuelano por liberdade e democracia devem finalmente se tornar realidade”, declarou Meloni em comunicado oficial.
Críticas e apoio ao governo chavista
A crise diplomática entre Venezuela e países europeus não é inédita. Em setembro do ano passado, o governo chavista já havia emitido uma nota de queixa contra a Holanda por “esconder” a entrada do líder opositor Edmundo González Urrutia em sua residência diplomática em Caracas. Posteriormente, González Urrutia pediu asilo na Espanha, onde vive desde então.
Atualmente, Estados Unidos, União Europeia e países latino-americanos como Peru e Paraguai não reconhecem a legitimidade da posse de Nicolás Maduro. A oposição, reunida na Plataforma Democrática Unitária (PUD), denuncia fraude nas eleições e alega que Edmundo González Urrutia foi o verdadeiro vencedor, com ampla margem de votos.
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