Venezuela decreta "quarentena radical" e Maduro culpa variante brasileira
Maduro chamou Bolsonaro de "irresponsável" e disse que o Brasil se tornou "a maior ameaça do mundo" em termos de saúde pública
Estadão Conteúdo
Publicado em 22 de março de 2021 às 09h38.
Última atualização em 22 de março de 2021 às 09h39.
A Venezuela inicia nesta segunda-feira, 22, uma "quarentena radical" para combater a nova onda de casos do novo coronavírus no país. A medida, anunciada pelo presidente Nicolás Maduro durante um pronunciamento na TV estatal nesse domingo, 21, deve durar duas semanas.
A determinação vem em um momento de piora da pandemia no país. Pela primeira vez desde outubro do ano passado, aVenezuelaregistrou mais de mil novos casos de covid na semana passada. De acordo com Maduro, a segunda onda no país está diretamente relacionada à variante brasileira da covid-19, já detectada no país.
"Estamos diante da presença de uma segunda onda, sem dúvida alguma. A partir de sexta, 16 de março, detectamos, já naVenezuela, uma segunda onda do coronavírus, que tem como causa fundamental a chegada da variante brasileira ao nosso país, sem dúvida alguma", disse Maduro, confundido a data.
Ao se referir à variante brasileira, Maduro também aproveitou para criticar a resposta de Jair Bolsonaro à pandemia, chamando o presidente brasileiro de "irresponsável". Nas palavras do presidentevenezuelano, o Brasil se tornou "a maior ameaça do mundo" em termos de saúde pública.
E completou: "o Brasil se tornou a maior ameaça do mundo em relação à pandemia do novo coronavírus, assim já reconhecem os especialistas de todo o mundo. O Brasil é uma ameaça para o mundo hoje. Por culpa de quem? De Jair Bolsonaro. Que em meio ao colapso, em vez de pedir ajuda aos distintos setores - científicos, médicos, políticos - o que faz é confrontar para que o povo não faça quarentena, para que o povo não use máscara. Uma loucura, de verdade. Algo que não tem nome."
De acordo com o balanço da pandemia apresentado por Maduro na TV estatal, aVenezuelatem uma taxa de 27 casos ativos de covid-19 para cada 100 mil habitantes. Segundo os dados mais recentes da Universidade americana Johns Hopkins, o país confirmou 817 novos casos da doença no domingo, com 10 mortes.
Recomendações polêmicas
Apesar das críticas a Jair Bolsonaro, Nicolás Maduro e o presidente brasileiro já estiveram alinhados sobre a resposta a ser dada à pandemia. Em maio do ano passado, Maduro defendeu publicamente o uso de cloroquina - medicamento sem eficácia comprovada para a doença, também defendida por Bolsonaro - para pacientes com covid-19. Antes, em outra recomendação polêmica, o presidente daVenezuelaincentivou o consumo de uma mistura de ervas com mel e limão como forma de combater uma eventual infecção de covid-19.
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