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Venezuela: Bolsonaro fala sobre “ditadura de Maduro" e rejeita intervenção

"O Brasil sempre irá procurar uma saída pacífica para resolver esses problemas”, disse o presidente eleito em entrevista à TV

O presidente eleito do Brasil, Jair Bolsonaro: em entrevista, ele descartou intervenção militar na Venezuela (Pilar Olivares/Reuters)

O presidente eleito do Brasil, Jair Bolsonaro: em entrevista, ele descartou intervenção militar na Venezuela (Pilar Olivares/Reuters)

Gabriela Ruic

Gabriela Ruic

Publicado em 30 de outubro de 2018 às 10h40.

Última atualização em 30 de outubro de 2018 às 12h20.

São Paulo – O presidente eleito, Jair Bolsonaro, aos poucos começa a dar pistas do desenho que a política externa da sua gestão terá. Em uma entrevista concedida à rede Record na noite da última segunda-feira, dia seguinte da sua eleição, ele se manifestou sobre um dos temas mais relevantes para o cenário externo na América do Sul: a crise na Venezuela.

Segundo o futuro presidente do Brasil, as turbulências venezuelanas foram tema de conversas com líderes de outros países. “Entramos no assunto Venezuela, que pede que o Brasil participe, de uma forma ou de outra, para solucionar esse problema”, disse Bolsonaro. “Afinal de contas, são cidadãos, nossos irmãos que estão passando seríssimas dificuldades com a ditadura de Nicolás Maduro”, continuou.

O presidente eleito não deu detalhes sobre as ações que tomará para endereçar a questão, mas descartou qualquer possibilidade de uma intervenção militar. “Da nossa parte, não existe intervenção. O Brasil sempre irá procurar uma saída pacífica para resolver esses problemas”.

Ainda de acordo com ele, se governos anteriores tivessem agido no passado, a crise “poderia ter sido resolvida” e disse que as gestões presidenciais petistas “sempre admiraram Chávez e Maduro”. “Chegamos à situação em que os mais pobres estão sofrendo, e muito, fugindo a pé para o Brasil depois de não ter sequer mais o que comer”, notou.

A possibilidade de uma intervenção militar na Venezuela é um tema espinhoso entre os países latinos. Em agosto, o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, chegou a afirmar que “com respeito a uma intervenção militar para derrubar Nicolás Maduro, não devemos descartar nenhuma opção". A ideia, contudo, foi imediatamente rechaçada pelos países-membros da entidade, que divulgaram a posição em uma nota conjunta.

Relação com Trump e os Estados Unidos

Perguntado sobre a conversa com o presidente americano Donald Trump, Bolsonaro disse que essa foi a mais longa entre as conversas com líderes internacionais e disse que pretende ir aos Estados Unidos ainda neste ano. Ele irá acompanhado de seu vice-presidente, General Mourão, e seu principal assessor econômico, Paulo Guedes, para tratar de pautas militares e comerciais.

A expectativa de analistas é a de que o novo presidente do Brasil tenha boas relações com os EUA. Do lado de Trump, o presidente não escondeu sua alegria ao parabenizar o capitão após sua vitória no domingo e destacou a “excelente” conversa que tiveram, notando que pretende trabalhar com o Brasil em assuntos comerciais, militares “todos os demais”.

O presidente americano tem razões para comemorar o resultado no Brasil, um que analistas consideram justificar o seu posicionamento protecionista e crítico da política tradicional. Para o governo americano, a eleição de Bolsonaro confirma a tendência à direita da América Latina em eleições recentes, como de Mauricio Macri na Argentina e Sebastián Piñera no Chile.

Esses avanços, avaliou o comentarista argentino Pablo Seman, fazem com que a influência norte-americana na região volte a ter alguma tração, uma que foi arrefecida com governos anteriores de esquerda. "Os EUA estão retomando o terreno que haviam perdido na América Latina, em um contexto de luta global com a China pelos recursos naturais, mercados e apoio político. Não há lugar na América Latina onde Washington não tenha recuperado a posição perdida" notou Salman.

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