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Uruguai diz que não tem data para retorno de embaixador à França

Sarkozy advertiu o país sul-americano de que ele pode ser isolado por ser considerado paraíso fiscal

Luis Almagro, ministro das relações exteriores: 'é impossível dizer quando vai ocorrer' o retorno do embaixador Omar Mesa, mas será depois de 'resolvido' o incidente diplomático (Wikimedia Commons)

Luis Almagro, ministro das relações exteriores: 'é impossível dizer quando vai ocorrer' o retorno do embaixador Omar Mesa, mas será depois de 'resolvido' o incidente diplomático (Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 7 de novembro de 2011 às 18h10.

Montevidéu - O governo uruguaio anunciou nesta segunda-feira que não tem data para o retorno de seu embaixador a Paris, chamado para consultas na sexta-feira após a advertência do presidente francês, Nicolas Sarkozy, de que o país sul-americano pode ser isolado por ser considerado paraíso fiscal.

Essa foi uma das conclusões da reunião semanal mantida nesta segunda-feira pelo presidente do Uruguai, José Mujica, com seu gabinete ministerial, que esteve centrada no incidente diplomático com a França, informou em entrevista coletiva posterior o ministro das Relações Exteriores, Luis Almagro.

Segundo o chanceler 'é impossível dizer quando vai ocorrer' o retorno do embaixador Omar Mesa, mas será depois de 'resolvido' o incidente diplomático gerado pelas palavras de Sarkozy.

Almagro explicou também que existem 'várias possibilidades' de ação na atual conjuntura e embora tenha preferido não comentá-las até que se tornem realidade, revelou que a legação diplomática uruguaia em Paris conversa com as autoridades francesas para resolver a polêmica.


O ministro, por sua vez, se reuniu esta segunda-feira com o embaixador francês no Uruguai, Jean-Christophe Potton, ao qual chamou para pedir explicações sobre o caso.

Segundo Almagro, em seu encontro com Potton foi destacado o esforço do Uruguai em esclarecer sua situação fiscal e a predisposição de ambos os países em seguir cooperando nessa questão, como foi manifestado recentemente com a assinatura de um convênio de troca de informação tributária.

'Está claro que a França não tem essa visão do Uruguai', acrescentou, ao comparar seu encontro com o diplomata com as palavras de Sarkozy.

Por essa razão, o chanceler e o ministro da Economia, Fernando Lorenzo, que também participou da entrevista coletiva, expressaram surpresa e mal-estar pelo sucedido.


Almagro destacou que Sarkozy 'se equivocou' e o acusou de estar 'desinformado' quando qualificou o Uruguai de 'paraíso fiscal' por ter aparecido em uma recente lista da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) sobre política fiscal.

Lorenzo ressaltou o 'longo caminho percorrido' pelo Uruguai para adequar seu ordenamento jurídico aos requisitos da OCDE desde que foi colocado em uma lista negra em 2009.

Entre outras coisas, indicou a assinatura de dez tratados bilaterais em matéria de dupla tributação e as conquistas na luta contra a lavagem de dinheiro.

Além disso, criticou a definição de paraíso fiscal por parte das economias mais avançadas ao considerar que as características dessa categorização mudam ao sabor de quem define o conceito.

Ambos os ministros coincidiram também que as palavras de Sarkozy 'de nenhuma maneira' vão afetar o clima de investimentos no país, e Almagro indicou que as relações bilaterais com a França também não têm por que serem afetadas em outros campos.

'Me preocupa mais a posição do governo francês nas negociações entre a União Europeia e o Mercosul', bloco do qual o Uruguai faz parte com a Argentina, Brasil e Paraguai, para assinar um acordo de associação estratégica. 

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