Uruguai confirma vitória de Pou e marca transição política na região
Além do Uruguai, Argentina e Bolívia vivem transição de poder, enquanto Colômbia e Chile aprovam projetos para tentar conter protestos populares
Da Redação
Publicado em 29 de novembro de 2019 às 06h43.
Última atualização em 29 de novembro de 2019 às 07h17.
São Paulo — O presidente eleito do Uruguai , Luis Lacalle Pou, do partido Nacional, terá uma reunião nesta sexta-feira com o candidato derrotado no segundo turno, Daniel Martínez, da Frente Ampla, num encontro simbólico para iniciar os trabalhos de transição no país.
Depois de 15 anos governando o Uruguai, a Frente Ampla deixará o poder no dia 1 de março, data da posse de Lacalle Pou. A transição legislativa deve começar na terça-feira, numa reunião entre a atual vice-presidente, Lucía Topolansky, e sua sucessora, Beatriz Argimón.
O resultados das eleições, que tiveram o segundo turno no domingo, demorou cinco dias a mais para sair pela necessidade de contagem de uma classe extra de pouco mais de 30.000 votos que acabaram por ratificar a apertada vitória de Lacalle Pou. O senador e ex-presidente frente-amplista José Mujica afirmou ontem que a derrota aconteceu pela apatia política da esquerda uruguaia, “que ficou demasiado tranquila quando tinha que trabalhar”.
Graças a uma aliança com outros quatro partidos de centro-direita e extrema-direita, Lacalle Pou terá maioria parlamentar para levar adiante medidas mais duras de combate ao crime e também para tentar retomar um crescimento econômico mais acelerado do país. Mas já afirmou que não deve bater de frente em projetos sociais e trabalhistas aprovados pela Frente Ampla nos últimos 15 anos.
O resultado na eleição uruguaia marca um momento de grandes mudanças na política sul-americana. No Chile , a Câmara dos Deputados aprovou ontem um projeto de lei que reduz temporariamente em 50% os salários do presidente, de ministros e governadores. A medida agora segue para aprovação do Senado, e é uma resposta a protestos que há 40 dias tomam conta do país. Ano que vem o Chile deve levar adiante uma Assembleia Constituinte para ampliar os direitos trabalhistas.
Na Colômbia, protestos populares chegam nesta sexta-feira ao nono dia sem uma solução à vista. Na quarta-feira, o governo de Iván Duque anunciou um pacote de medidas sociais para alivir os gastos dos mais pobres, que inclui redução de impostos e incentivos a contratações de jovens. Mas as manifestações continuam. Enquanto isso, Bolívia e Argentina vivem uma guinada política. Na Bolívia, o governo interino anunciou uma série de medidas de política externa, como a reaproximação a Israel e Estados Unidos. O país deve realizar eleições em janeiro.
Na Argentina, onde a transição de poder será no dia 10 de dezembro, o presidente eleito Alberto Fernández afirmou ontem que só pagará as dívidas com o Fundo Monetário Internacional quando o país voltar a crescer. Em paralelo, fez um discurso pró-indústria numa confederação empresarial. Foi cobrado por medidas mais concretas e por uma postura mais clara sobre o futuro do Mercosul. Também é incerta a postura em relação ao bloco comercial do novo presidente uruguaio, Lacalle Pou.
O ano político na América Latina termina com mais perguntas do que respostas.