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Única opção dos sírios é fugir de seu país, alerta ONU

"A Síria foi destruída diante de nossos olhos. A nação colapsou no campo de batalha mais caótico e mortífero do mundo", assinalou o presidente da comissão


	Violência na Síria: Os sírios descrevem um país irreconhecível. A vida como a construíram e a conheciam desmoronou, e sua única opção é fugir"
 (Reuters)

Violência na Síria: Os sírios descrevem um país irreconhecível. A vida como a construíram e a conheciam desmoronou, e sua única opção é fugir" (Reuters)

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Da Redação

Publicado em 21 de setembro de 2015 às 11h04.

Genebra - A única opção dos sírios é fugir de seu país, denunciou nesta segunda-feira a comissão de investigação das Nações Unidas sobre o conflito na Síria.

"A Síria foi destruída diante de nossos olhos. A nação colapsou no campo de batalha mais caótico e mortífero do mundo. Os laços que mantinham a nação unida se desintegraram", assinalou o presidente da comissão, Paulo Sergio Piñero, diante do Conselho de Direitos Humanos da ONU em Genebra.

"Os sírios descrevem um país irreconhecível. A vida como a construíram e a conheciam desmoronou, e sua única opção é fugir", acrescentou Piñeiro.

A comissão de investigação apresentou hoje ao plenário do Conselho, reunido em sua 30ª sessão, seu último relatório sobre a Síria, que relata mais uma vez as atrocidades, humilhações e múltiplas violações aos direitos humanos cometidas diariamente nesse país.

"O profundo sofrimento humano, que vimos durante anos nos hospitais sírios e nos campos de refugiados dos países vizinhos, está gravado nos marcados rostos dos refugiados apinhados agora nas estações de trens e nos descampados após as cercas nas fronteiras de Schengen", disse.

Diante desta situação, a comissão - que não tem mandato sobre as violações a que os sírios têm sido submetidos na Europa - lembrou os princípios aos que os países da União Europeia estão sujeitados.

"Nossa mensagem para os europeus é que respeitem a lei internacional e o princípio de não devolução, ajudem os países limítrofes a lidarem com os quatro milhões de refugiados que acolhem, encontrem vias legais para a entrada de sírios na Europa", indicou em entrevista coletiva Vitit Muntarbhorn, outro dos membros da comissão.

Piñero deixou claro que a única solução para a crise mundial de refugiados é a resolução pacífica do conflito bélico.

"A crise de refugiados - que existiu durante anos em Turquia, Líbano, Jordânia e Iraque - é consequência do conflito sírio. Ambas estão totalmente ligadas. É impossível resolver uma sem a outra", insistiu no plenário do Conselho.

"A única solução para a crise dos refugiados é conseguir a paz na Síria. Todos os sírios com quem falamos dizem o mesmo: que só esperam que o conflito acabe para poder voltar para casa", acrescentou Carla del Ponte, também membro da comissão.

Piñeiro voltou a arremeter contra os países - sem citar nomes - que transferem dinheiro e armas às partes do conflito.

"Os países que entregam armas tem obrigações morais e legais. A responsabilidade pelos crimes cometidos com essas armas recai não só em quem as usa, mas em quem as entregou, sejam estes atores estatais ou privados", disse.

"Os estados não podem continuar afirmando que apoiam uma solução negociada enquanto armam os beligerantes, não cumprem os serviços humanitários, e se surpreendem que a crise de refugiados se estenda. Os interesses nacionais ou regionais precisam ficar de lado. As vítimas sírias merecem", enfatizou Piñero.

O especialista elogiou o anúncio de que os Estados Unidos e a Rússia tentarão negociar uma maneira de atenuar o conflito.

Consultada sobre a possibilidade de alcançar um acordo com o presidente sírio, Bashar al Assad, cujo regime teria cometido crimes de guerra e crimes contra a humanidade, Del Ponte lembrou o caso da antiga Iugoslávia e do presidente sérvio, Slobodan Milosevic, com quem chegaram a um acordo e que depois foi julgado pela justiça internacional.

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