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Twitter é um lugar tóxico para mulheres, revela levantamento

Cerca de 7% dos tweets que mulheres proeminentes do governo e do jornalismo recebem foram considerados abusivos ou problemáticos, diz Anistia

(Dado Ruvic/Reuters)

Gabriela Ruic

Publicado em 25 de dezembro de 2018 às 06h00.

Última atualização em 25 de dezembro de 2018 às 10h40.

As mulheres têm dito ao Twitter há anos que sofrem muito abuso na plataforma. Um novo estudo realizado pela organização de defesa dos direitos humanos Anistia Internacional tenta avaliar exatamente o quanto.

Muito, na verdade. Cerca de 7 por cento dos tweets que mulheres proeminentes do governo e do jornalismo recebem foram considerados abusivos ou problemáticos. As mulheres negras foram 84 por cento mais propensas do que as mulheres brancas a serem mencionadas em tweets problemáticos.

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Depois de uma análise que incluiu quase 15 milhões de tweets, a Anistia Internacional divulgou os resultados e, em seu relatório, descreveu o Twitter como um "lugar tóxico para as mulheres". A organização, que talvez seja mais conhecida por seus esforços para libertar prisioneiros políticos internacionais, voltou sua atenção para as empresas de tecnologia recentemente e pediu que a rede social "disponibilize dados significativos e abrangentes sobre a escala e a natureza do abuso em sua plataforma, bem como sobre o modo em que o problema está sendo abordado".

"O Twitter se comprometeu publicamente a melhorar a saúde coletiva, a abertura e a civilidade da conversação pública em nosso serviço", disse Vijaya Gadde, chefe de departamento jurídico e de política, confiança e segurança do Twitter, em um comunicado em resposta ao relatório. "A saúde do Twitter é medida pela forma como ajudamos a incentivar um debate mais saudável, conversas e pensamento crítico. Por outro lado, o abuso, a automação maliciosa e a manipulação prejudicam a saúde do Twitter. Estamos comprometidos a nos manter publicamente responsáveis pelo progresso nesse sentido."

Juntamente com a startup de inteligência artificial Element AI, que tem sede em Montreal, o projeto chamado "Troll Patrol" começou analisando tweets dirigidos a quase 800 mulheres jornalistas e políticas dos EUA e do Reino Unido. Mais de 6.500 voluntários analisaram 288.000 posts e rotularam os que continham palavras abusivas ou problemáticas ("conteúdo ofensivo ou hostil" que não necessariamente chega a ser abuso). Cada tweet foi analisado por três pessoas, de acordo com Julien Cornebise, que administra o escritório da Element em Londres, e especialistas em violência e abuso contra as mulheres também verificaram a classificação feita pelos voluntários.

O projeto também teve como objetivo usar essas considerações feitas por seres humanos para elaborar e testar um algoritmo de aprendizagem de máquina capaz de identificar abuso - em teoria, o tipo de coisa que uma rede social como o Twitter poderia usar para proteger seus usuários. A equipe de Cornebise usou a aprendizagem de máquina para extrapolar a análise gerada por seres humanos para um conjunto de 14,5 milhões de tweets que mencionam as mesmas personalidades. Eles também asseguraram que os tweets examinados pelos voluntários fossem representativos e que as conclusões fossem exatas.

Em seguida, sua equipe usou os dados criados para treinar um algoritmo de detecção de abuso e comparou as conclusões do algoritmo com as dos voluntários e especialistas. Esse tipo de trabalho está se tornando cada vez mais importante à medida que empresas como Facebook e YouTube usam a aprendizagem de máquina para identificar conteúdo que precisa de moderação. Em uma carta em resposta ao relatório da Anistia Internacional, o Twitter afirmou que a aprendizagem de máquina é "uma das áreas de maior potencial para lidar com usuários abusivos", afirmou o grupo no relatório.

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