Um beijo promove a campanha pela paz entre árabes e judeus
Um casal transformou o tema em sucesso nas redes sociais
Da Redação
Publicado em 29 de julho de 2014 às 07h43.
Nova York - Um simples beijo foi a faísca que permitiu que uma modesta campanha para defender a paz entre árabes e judeus tenha se transformado nos últimos dias em sucesso nas redes sociais .
Sulome Anderson, uma jornalista americana de origem libanesa, publicou no dia 13 de julho no Twitter uma foto em que aparecia beijando seu namorado, israelense, e segurando uma folha de papel em que estava escrito: "Judeus e árabes se negam a ser inimigos".
Sob a imagem, a jovem publicou em inglês: "Ele me chama de neshama (carinho, em hebraico), eu o chamo de habibi (querido, em árabe). O amor não fala o idioma da ocupação" e incluía a hashtag #JewsAndArabsRefuseToBeEnemies.
Desde então, a imagem foi compartilhada mais de quatro mil vezes e impulsionou a campanha, iniciada pouco antes por um estudante israelense do Hunters College de Nova York e uma amiga síria, de forma espetacular.
A campanha tem uma página no Facebook que em apenas duas semanas alcançou mais de 38 mil seguidores e se propagou como pólvora nas redes sociais.
A hashtag foi ilustrada com centenas de fotos de casais de árabes e judeus, famílias mistas, amigos pertencentes às duas comunidades e pessoas que defendem a paz entre elas de todos os cantos do mundo.
Junto delas, mensagens como "Por que não podemos nos dar bem?", "Podemos trabalhar juntos" e "Paremos o ódio" inundaram as redes sociais, enquanto de Gaza e de Israel não paravam de chegar imagens e informações sobre combates entre israelenses e palestinos e apavorantes números de mortes de civis.
O efeito viral do beijo protagonizado por Sulome e seu namorado, criado em uma família ortodoxa e que preferiu não divulgar seu nome completo, promoveu o casal nos meios de comunicação de todo o mundo.
Por causa disso a jornalista de 29 anos avisou em seu perfil no Twitter que não dará mais entrevistas e ressaltou que a campanha #JewsAndArabsRefuseToBeEnemies vai muito além de sua relação amorosa.
A própria Sulome, no entanto, relatou a experiência em primeira pessoa em um artigo para a revista "New York Magazine", em que contou que publicou a fotografia sem pensar demais.
"Estávamos de férias e, por sugestão de uma amiga jornalista, publicamos uma foto nossa juntos em apoio ao que então era uma iniciativa pouco conhecida", conta.
A imagem recebeu milhares de elogios, mas também críticas.
"Alguns nos criticaram por trivializar o que está acontecendo em Gaza. Dizem que este conflito não é sobre o ódio entre judeus e árabes, mas sobre um país poderoso oprimindo pessoas mais frágeis", explicou Sulome, que pessoalmente garante estar de acordo com a segunda postura, mas defende que a campanha pode servir para trazer mudanças positivas.
A jornalista, filha de um correspondente americano que nos anos 80 passou sete anos sequestrado no Líbano por uma milícia precursora do Hezbollah, garantiu que, embora ela e seu parceiro não compartilhem sempre os mesmos pontos de vista sobre o Oriente Médio, estão de acordo que o importante no conflito são as pessoas.
"Gostamos que o movimento enfatize as conexões humanas entre pessoas que foram ensinadas a se odiarem", ressaltou Sulome, destacando o apoio que recebeu de pessoas que não compartilham em nada sua visão política.
"Apesar de nossas diferenças, viram algo nessa mensagem com o que podiam conectar, e isso me dá esperança", concluiu. EFE