Cardeais americanos e britânicos foram vistos nos restaurantes de Roma durante as pausas das congregações: turismo e boa mesa fizeram parte do dia-a-dia dos cardeais (Arturo Mari/AFP)
Da Redação
Publicado em 11 de março de 2013 às 12h45.
Cidade do Vaticano - Com um pouco de turismo e boa mesa, os cardeais eleitores aproveitavam seus últimos momentos de liberdade antes de entrarem na terça-feira no conclave, onde estarão isolados do mundo exterior até a eleição do novo Papa, o número 266 da história da Igreja católica.
Cardeais americanos e britânicos foram vistos nos restaurantes da capital italiana durante as pausas das congregações gerais (reuniões prévias ao conclave), que servem para definir o perfil do próximo pontífice e discutir os problemas e desafios da Igreja.
"É muito difícil não comer bem em Roma", afirmou o arcebispo de Boston, Sean O'Malley, um dos 115 cardeais com direito a voto (por ter menos de 80 anos) que entrarão na Capela Sistina para designar o sucessor de Bento XVI.
Na manhã de terça-feira, todos os cardeais se instalarão na Casa Santa Marta, sua residência durante o conclave, onde estarão isolados do mundo para respeitar o segredo que a eleição de um Papa exige.
Os famosos "paparazzi" de Roma se esqueceram por alguns dias das estrelas de cinema e dos jogadores de futebol para ir caçar os cardeais que circulam pela cidade.
A última edição da revista de celebridades italiana "Chi", conhecida em todo o mundo por ter publicado no ano passado as fotos da duquesa de Cambridge, Kate Middleton, de topless, dedicou duas páginas ao cardeal americano Roger Mahony, nas quais ele é visto bebendo vinho em um restaurante.
Este cardeal é um dos que está no alvo das associações por ter acobertado supostamente casos de abusos sexuais contra menores dentro da Igreja.
Outro cardeal, o francês Philippe Barbarin, arcebispo de Lyon, se converteu em astro midiático nos últimos dias graças a sua bicicleta, com a qual se desloca a toda velocidade pelas estreitas ruas de Roma.
Já o britânico Cormac Murphy O'Connor, ex-arcebispo de Westminster, evocou em termos poéticos a cidade, lembrando sua primeira visita em 1950, quando Roma era "um povoado eclesiástico encantador".
Seu colega americano, o arcebispo de Washington Donald Wuerl, que viveu vários anos em Roma e fala muito bem italiano, foi fotografado agradecendo um cozinheiro de um restaurante de culinária tradicional italiana perto do Vaticano.
O arcebispo de Nova York, o cardeal Timothy Dolan, enviou uma carta aos seus paroquianos explicando suas rotas gastronômicas em Roma.
"Até agora não encontrei pão integral irlandês, carne enlatada ou uísque. Mas não me interpretem mal. Adoro a comida e o vinho aqui em Roma!", afirma.
O cardeal brasileiro Raymundo Damasceno Assis e o mexicano Noberto Rivera Carrera inclusive encontraram tempo para uma visita à cidade de Viterbo, 100 km ao norte de Roma, onde no século XIII ocorreu o conclave mais longo da história (33 meses).
Naquela ocasião, os habitantes da cidade prenderam os cardeais à chave ("cum clave", a expressão latina que levou à palavra conclave) para obrigá-los a eleger o novo Papa.
O cardeal sul-africano Wilfrid Napier, arcebispo de Durban, que já está há vários dias em Roma e que participou em 2005 da eleição de Bento XVI, preferiu o humor para explicar o que é um conclave no século XXI.
"Como é estar no conclave? Além de NÃO ter rádio ou televisão, NÃO ter jornais, chamadas telefônicas, e-mails ou sms e de NÃO ter acesso ao Twitter ou ao Facebook, todo o resto é normal", escreveu em sua conta no Twitter.
Na Casa Santa Marta, "tampouco há nenhuma conexão", observa o cardeal.