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Últimos civis fogem de Bakhmut, leste da Ucrânia

Forças russas tentam ocupar região, que antes tinha 70 mil habitantes, há quase um ano

AFP
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Agência de notícias

Publicado em 4 de abril de 2023 às 10h38.

Última atualização em 4 de abril de 2023 às 11h08.

Um grupo de civis sai de um veículo blindado, com alguns pertences nas mãos, um cachorro e um gato. Depois de meses sob os bombardeios em Bakhmut, eles finalmente decidiram abandonar o epicentro dos combates no leste da Ucrânia.

Na chegada a Chasiv Yar, uma cidade ucraniana que também é bombardeada pelas forças russas, Liubov chora com a chihuahua Margot nos braços.

"Deveríamos ter saído antes", disse a mulher. "Acreditávamos que tudo isso não poderia acontecer", acrescenta.

Desde o verão do ano passado (hemisfério norte, inverno no Brasil), as forças russas tentam ocupar Bakhmut, uma cidade que antes da guerra tinha 70.000 habitantes.

Milhares de pessoas permaneceram na localidade, apesar dos combates violentos nas ruas e dos ataques constantes do exército russo e do grupo paramilitar Wagner.

Os russos afirmam que avançaram até o centro de Bakhmut e o fundador do grupo Wagner, Yevgenui Prigozhin, anunciou que controla a prefeitura e a cidade "em um sentido legal", uma reivindicação rejeitada por Kiev e não confirmada por Moscou.

"Estávamos em um porão, não vimos ninguém", disse Liubov, que não sabe quantos civis permanecem em Bakhmut.

Civis deixam Bakhmut, na Ucrânia, com seus pertences em mãos (Anna Malpas/AFP)

A unidade de soldados ucranianos que retirou o grupo da cidade percorreu em meia hora os 17 quilômetros até Chasiv Yar.

A mulher espera ter condições de seguir para Kharkiv, a segunda maior cidade da Ucrânia, no nordeste do país e a alguns quilômetros da fronteira com a Rússia.

Por enquanto, ela e os companheiros de viagem passarão as noites em um abrigo para deslocados em Kostiantynivka, a 20 quilômetros de distância, afirmou um soldado.

Chasiv Yar está longe de ser um oásis de paz. Pouco depois da saída dos refugiados, um projétil passa perto dos jornalistas da AFP na cidade, onde tanques ucranianos e veículos blindados circulam na direção ou retornando da frente de batalha.

Entenda a situação em Bakhmut

"Em Bakhmut é a guerra", comenta, fumando, um soldado que participou na retirada do grupo de civis, integrado por duas famílias e uma mulher.

De acordo com o militar, que pede anonimato, é difícil saber quantos habitantes vivem nos porões, mas ele calcula que entre 1.000 e 5.000. As Forças Armadas não os procuram ativamente, alguns "saem e dizem que querem ir embora".

Outro soldado, com o rosto sujo de lama, explica que esta é a segunda vez em uma semana que sua unidade retira civis de Bakhmut. Segundo ele, os que permaneceram na cidade "esperavam que tudo ficaria bem".

"Mas é uma batalha por cada edifício. As chances de que sua casa esteja intacta são muito pequenas", disse.

Apesar dos combates, o acesso dos militares ucranianos à cidade ainda é fácil, afirma outro militar, que refuta a reivindicação do fundador do grupo Wagner.

"Hastear uma bandeira não quer dizer que tomaram a cidade", afirma. "A situação está sob controle", insiste.

"Em nosso setor, o inimigo tentou passar à ofensiva, mas sofreu perdas. Quase 30 deles morreram. Em nosso setor não tentam mais nada", afirmou o soldado, embora reconheça que em outros locais "a situação pode ser complicada".

Porém, mesmo que Bakhmut caia, "nós a retomaremos", insiste o militar, que cita o exemplo de Kherson, uma grande cidade do sul reconquistada em novembro.

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