Último grande debate entre candidatos para suceder Merkel na Alemanha
Líderes dos três grandes partidos alemães disputam na reta final para suceder chanceler
AFP
Publicado em 19 de setembro de 2021 às 11h12.
Última atualização em 19 de setembro de 2021 às 11h53.
A uma semana das eleições legislativas, os líderes dos três grandes partidos alemães realizam, neste domingo (19), seu último debate televisionado, na reta final da incerta disputa para suceder Angela Merkel na chancelaria.
O ministro das Finanças e vice-chanceler social-democrata Olaf Scholz se impôs, segundo as pesquisas, nos dois últimos debates, apresentando-se como um gestor tranquilo e experiente, qualidades essenciais para os alemães.
O conservador Armin Laschet, que é considerado o herdeiro natural de Angela Merkel, se mostrou combativo nesta reta final, após um início de campanha fracassado.
Laschet, pouco popular, nunca conseguiu retomar a iniciativa: seu partido, e também o de Merkel, o União Democrata Cristã (CDU) aliado ao CSU bávaro, está entre 20% e 22% das intenções de votos segundo as pesquisas, contra 25% a 26% para os sociais-democratas do SPD.
Os Verdes e sua líder Annalena Baerbock, que inicialmente causou euforia antes de cometer vários erros atribuídos à sua inexperiência, estão atualmente entre 15% e 17%, uma porcentagem que parece afastar esta jurista da chancelaria.
No entanto, não se pode descartar surpresas. Dos eleitores alemães, 40% ainda não sabem em quem vão votar, de acordo com um estudo do instituto Allensbach. A isso, somam-se as margens de erro nas pesquisas e a grande quantidade do voto por correspondência este ano, devido à pandemia.
Os ambientalistas devem, em qualquer cenário, desempenhar um papel crucial na formação de um governo de coalizão, provavelmente composto por três partidos.
O debate, divulgado às 20h15 (15h15 no horário de Brasília) nos canais privados ProSieben, Kabeleins e Sat1, fornecerá a Armin Laschet, de 60 anos, uma última oportunidade de se impor a Olaf Scholz, de 63.
E evitar assim uma humilhante virada de seu partido conservador para a oposição, conforme estimam as pesquisas.
O fator Merkel
Laschet, governador da região alemã mais populosa - Renânia do Norte-Vestfália - e conhecido pela sua moderação, não deixa de insistir que o espectro político do país vai girar para a esquerda em caso de aliança entre o SPD, os Verdes e a esquerda radical de Die Linke, que parece ao alcance da mãos, segundo as pesquisas.
Para alcançar uma possível aliança, Olaf Scholz e Annalena Baerbock classificaram de "linha vermelha" a oposição de Die Linke à Otan. Mas nenhum deles descartou formalmente uma coalizão com este partido que, de acordo com as pesquisas, tem 6% das intenções de voto.
Angela Merkel, que deixará o cenário político após 16 anos no poder, e que segue sendo muito popular, se manteve inicialmente à margem da campanha, antes de demonstrar apoio a Laschet. A chanceler participa com ele de vários atos de campanha.
"Isso deve beneficiá-lo", opina o cientista político Karl-Rudolf Korte da Universidade de Duisburgo, "assim como todos os que nos últimos anos foram eleitos por serem pessoas próximas a Merkel".
Seja qual for o resultado das eleições, o campo conservador se prepara para um resultado historicamente baixo, que pode ofuscar a influência de Angela Merkel.