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Último dia de campanha eleitoral para sucessão de Chávez

Maduro tem vantagem de 9,7 pontos percentuais sobre Capriles, segundo última pesquisa Datanálisis

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 11 de abril de 2013 às 18h13.

O chavista Nicolás Maduro e seu opositor Henrique Capriles concluem nesta quinta-feira a amarga e corrida campanha presidencial para eleger no domingo um sucessor para Hugo Chávez, no dia em que o golpe de Estado contra o falecido líder venezuelano completa dez anos.

Maduro, um ex-motorista de ônibus de 50 anos, realizou nesta tarde um grande comício em Caracas, durante o qual teve a companhia do ex-jogador argentino Diego Maradona, amigo próximo de Chávez.

"Aqui estou, sou o filho de Chávez, sou um homem do povo, estou pronto para ser presidente (...) os que quiserem pátria e os que quiserem futuro, venham com Nicolás Maduro", disse nesta quinta-feira o candidato da situação em um comício em Zulia (noroeste), antes de encerrar sua campanha em Caracas.

Capriles, um advogado de 40 anos e governador do estado de Miranda, que disputa pela segunda vez a presidência,após perder por 11 pontos para Hugo Chávez em outubro, terminará sua campanha em Barquisimeto, estado de Lara (noroeste), onde espera uma grande multidão de partidários.

"O país precisa de uma mudança já, isto não dá para mais. Eu não vou eliminar nada que signifique um benefício para o nosso povo, o que vou eliminar é a corrupção deste grupinho de oportunistas. Não sou a oposição, sou a solução", disse, perante milhares de seguidores o candidato único da oposição em Apure (oeste), antes de partir para Barquisimeto.

Capitalizando a herança eleitoral de Chávez, e com chavistas saudosos e ainda de luto, Maduro, um ex-sindicalista, vai para as eleições com uma vantagem confortável, mas que vem diminuindo.

Segundo a última pesquisa Datanálisis, realizada entre 1º e 5 de abril, e difundida esta semana pelo banco Crédit Suisse em seu boletim para clientes, Maduro tem vantagem de 9,7 pontos percentuais sobre Capriles. A publicação de pesquisas está proibida esta semana na Venezuela.


Esta atípica campanha, iniciada pouco tempo depois da morte em 5 de março de Chávez, não deixou nenhuma dúvida de que a figura do líder e tudo que ele representa serão decisivos no domingo: os venezuelanos vão votar para a continuidade ou para a mudança do regime venezuelano.

"O país precisa de uma mudança e isso não pode esperar", declarou a milhares de simpatizantes nesta quinta-feira Capriles, antes de ir para Barquisimeto.

Em uma das principais ruas de Caracas, Ifigênia Alfaro defendeu que "é hora de uma mudança". "O país sofre uma profunda divisão e uma situação econômica patética", assegurou à AFP a jovem jornalista de 25 anos.

Na capital, "haverá uma grande multidão a espera de Maduro, porque Chávez escolheu-o como seu filho para que continuasse com o legado (...). Hoje, sentimos uma tristeza por nosso comandante eterno, lembrando o golpe de Estado realizado por essa oligarquia rançosa", declarou por sua vez Crucita Suarez, uma professora de 65 anos que animava os eleitores chavistas.

No momento em que a campanha se encerra, a lembrança do golpe que afastou Chávez do poder por 48 horas tem sido explorada por Maduro para acusar seu adversário de pertencer ao mesmo grupo "golpista". "De novo, não!", gritaram seus partidários nos comícios.

Durante toda a campanha e nesta quinta-feira desde cedo, os meios de comunicação oficiais exibiram imagens dos eventos acontecidos entre 11 e 13 abril de 2002, quando o ex-líder empresarial Pedro Carmona se tornou presidente por pouco tempo, até militares leais e uma grande mobilização popular levarem Chávez novamente ao poder.

Já o candidato da oposição declarou ontem, em um comício diante de milhares de simpatizantes, que o governo iria começar a agitar o fantasma do "medo", em referência aos violentos incidentes durante o golpe, que deixaram 19 mortos, de acordo com dados oficiais.

Cientes dos problemas de insegurança, escassez e da inflação que afligem os venezuelanos, os candidatos prometeram aumentos salariais de cerca de 40% e o combate à violência.

"Quero curar o problema da insegurança, porque eu a vivi nos bairros. E fazer crescer a economia", declarou Maduro nesta quinta-feira em uma entrevista na televisão.

Mas a campanha, entrecortada por denúncias de conspiração da parte do partido no poder e temores de fraude eleitoral levantadas pela oposição, foi marcada, principalmente, pela exaltação dos símbolos.

Na abertura oficial da campanha, há dez dias, Maduro, que chega aos comícios dirigindo um ônibus, narrou na casa onde nasceu o presidente falecido que certo dia, quando rezava, Chávez apareceu como um pássaro e assobiou em sinal de bênção.

Embora esta imagem tenha sido motivo de piada por Capriles, Maduro, como aprendeu com seu mentor, reverteu a zombaria e passou a assobiar como um pássaro a cada novo comício. Em Zulia abriu o ato cantando e assobiando.

Autoproclamando-se "filho" e "apóstolo" de Chávez, Maduro espera uma vitória emocional e encerrou cada cada encontro com eleitores exibindo o vídeo do último discurso do presidente, quando pediu que votassem em seu afilhado político.

Capriles, que é apresentado como um homem jovem e moderado, evitou mencionar Chávez, mas adotou uma forte campanha contra seu rival, a quem chama "Nicolás", "mentira fresca" (mentira nova) e "enchufado" (favorecido).

Com até cinco comícios diários, os candidatos dizem que estão dando o sangue para esta eleição.

A tensão no país começa a crescer na Venezuela com a aproximação da eleição. Na quarta-feira, uma dúzia de pessoas ficaram feridas em confrontos entre chavistas e opositores em Mérida (oeste).

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