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UE tenta conter o pânico dos mercados pela crise da dívida

Suspensão "seletiva" de pagamentos da dívida grega não é mais descartada pela zona do euro

Ministros europeus das Finanças: BCE mantém posição de não reestrutar dívida (Georges Gobet/AFP)
DR

Da Redação

Publicado em 12 de julho de 2011 às 12h46.

Bruxelas - Os países da zona do euro já não descartam uma suspensão de pagamentos "seletiva" da Grécia, disse nesta terça-feira o ministro holandês das Finanças, antes de se reunir com os ministros europeus para tentar conter o pânico que se espalha nos mercados pela crise da dívida e ameaça a moeda única.

Esta postura se contrapõe à mantida pelo Banco Central Europeu (BCE), afirmou o ministro Jan Kees de Jager, ao chegar a Bruxelas para a reunião.

O default parcial da Grécia "já não é descartado" e isso foi, segundo Jager, o que "disse ontem (segunda-feira)" o presidente do Eurogrupo, Jean-Claude Juncker.

"O Banco Central Europeu (BCE) mantém sua posição, mas os 17 ministros da Eurozona já não descartam esta opção. Portanto, temos agora mais opções para estudar", acrescentou o ministro holandês.

Os países da zona do euro não conseguiram na segunda-feira dissipar as incertezas sobre o novo plano de resgate requerido pela Grécia e os mercados faziam pagar caro nesta terça-feira por estas hesitações, antes de uma reunião dos ministros dos 27 países da União Europeia (UE).

As Bolsas acentuavam sua queda e os prêmios de risco (diferença com as taxas alemãs, que servem de referência) dos países mais expostos alcançavam novos recordes.


Itália e Espanha são alvo há vários dias desta onda de desconfiança, com economias muito maiores que as da Grécia, Portugal e Irlanda, os três países que até agora já se beneficiaram de planos de resgate da UE e do FMI.

Os bônus italianos a 10 anos eram negociados a 5,936%, contra os 5,679% no fechamento de segunda-feira; e os títulos espanhois chegavam a 6,167%, contra 6,007%.

A Itália emitiu na terça-feira 6,75 bilhões de euros (9,39 bilhões de dólares) em títulos a um ano com juros de 3,67%, muito superiores aos 2,147% exigidos na operação similar anterior, de 10 de junho.

O ministro das Relações Exteriores italiano, Franco Frattini, denunciou um "ataque puramente especulativo" dos mercados e defendeu a solidez financeira de seu país, em uma entrevista publicada pelo jornal La Repubblica.

E a ministra espanhola de Economia, Elena Salgado, estimou que "não tem nenhuma lógica" que Espanha e Itália sejam afetadas pela instabilidade dos mercados, já que suas economias são "diversificadas e fortes".

O ministro italiano das Finanças, Giulio Tremonti, voltou à Roma antes do previsto para colocar em sintonia "o plano de rigor" exigido por seus pares europeus, indicou antes de partir de Bruxelas.

As Bolsas operaram com fortes perdas na Ásia (-1,43% em Tóquio, -3,06% em Hong Kong, -2-2% em Seul) e continuavam caindo na Europa, após as perdas de segunda-feira. Ao mediar a sessão das Bolsas europeias, as ações do setor bancário limitavam a baixa, mas esta melhora técnica não dissipava os temores dos investidores.

A situação "é muito séria neste momento", admitiu a ministra finlandesa das Finanças, Jutta Urpilainen.

Na reunião de segunda-feira, os 17 ministros da zona do euro tentaram em vão tranquilizar os mercados, destacando em um comunicado sua "vontade absoluta da preservar a estabilidade financeira" deste espaço monetário.


Especificamente, contemplaram um aumento da capacidade de empréstimos de seu Fundo de resgate, criado no ano passado após a crise grega. Chamado Facilidade Europeia de Estabilidade Financeira, está dotado agora de uma capacidade efetiva de empréstimos de 440 bilhões de euros.

Os ministros também estudam "um alargamento dos prazos dos empréstimos" concedidos pela Europa a países em dificuldades, ou seja, dar mais tempo para que sejam pagos, assim como uma redução das taxas de juros praticadas.

Isto servirá em particular para o segundo plano de ajuda prometido à Grécia, após um primeiro de 110 bilhões de euros em empréstimos decidido no ano passado e que já não basta para evitar a quebra do país. Um alívio para Atenas, que segue à beira da asfixia.

Também são estudadas medidas para "melhorar a sustentabilidade da dívida pública grega", indica o comunicado.

Esta decisão chega no momento em que, em Atenas, o primeiro-ministro Giorgos Papandreou começa a perder a paciência.

"Não há lugar para a indecisão e os erros", advertiu Papandreou em um comunicado.

A nova diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, considerou na segunda-feira que os esforços da Grécia para reduzir seus orçamentos ainda são insuficientes.

"É um desempenho considerável. Da mesma maneira, sabemos que não é suficiente, que é preciso fazer mais, e que a solução dos problemas atuais (da Grécia) deverá ser elaborada entre sócios", advertiu.

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Bruxelas - Os países da zona do euro já não descartam uma suspensão de pagamentos "seletiva" da Grécia, disse nesta terça-feira o ministro holandês das Finanças, antes de se reunir com os ministros europeus para tentar conter o pânico que se espalha nos mercados pela crise da dívida e ameaça a moeda única.

Esta postura se contrapõe à mantida pelo Banco Central Europeu (BCE), afirmou o ministro Jan Kees de Jager, ao chegar a Bruxelas para a reunião.

O default parcial da Grécia "já não é descartado" e isso foi, segundo Jager, o que "disse ontem (segunda-feira)" o presidente do Eurogrupo, Jean-Claude Juncker.

"O Banco Central Europeu (BCE) mantém sua posição, mas os 17 ministros da Eurozona já não descartam esta opção. Portanto, temos agora mais opções para estudar", acrescentou o ministro holandês.

Os países da zona do euro não conseguiram na segunda-feira dissipar as incertezas sobre o novo plano de resgate requerido pela Grécia e os mercados faziam pagar caro nesta terça-feira por estas hesitações, antes de uma reunião dos ministros dos 27 países da União Europeia (UE).

As Bolsas acentuavam sua queda e os prêmios de risco (diferença com as taxas alemãs, que servem de referência) dos países mais expostos alcançavam novos recordes.


Itália e Espanha são alvo há vários dias desta onda de desconfiança, com economias muito maiores que as da Grécia, Portugal e Irlanda, os três países que até agora já se beneficiaram de planos de resgate da UE e do FMI.

Os bônus italianos a 10 anos eram negociados a 5,936%, contra os 5,679% no fechamento de segunda-feira; e os títulos espanhois chegavam a 6,167%, contra 6,007%.

A Itália emitiu na terça-feira 6,75 bilhões de euros (9,39 bilhões de dólares) em títulos a um ano com juros de 3,67%, muito superiores aos 2,147% exigidos na operação similar anterior, de 10 de junho.

O ministro das Relações Exteriores italiano, Franco Frattini, denunciou um "ataque puramente especulativo" dos mercados e defendeu a solidez financeira de seu país, em uma entrevista publicada pelo jornal La Repubblica.

E a ministra espanhola de Economia, Elena Salgado, estimou que "não tem nenhuma lógica" que Espanha e Itália sejam afetadas pela instabilidade dos mercados, já que suas economias são "diversificadas e fortes".

O ministro italiano das Finanças, Giulio Tremonti, voltou à Roma antes do previsto para colocar em sintonia "o plano de rigor" exigido por seus pares europeus, indicou antes de partir de Bruxelas.

As Bolsas operaram com fortes perdas na Ásia (-1,43% em Tóquio, -3,06% em Hong Kong, -2-2% em Seul) e continuavam caindo na Europa, após as perdas de segunda-feira. Ao mediar a sessão das Bolsas europeias, as ações do setor bancário limitavam a baixa, mas esta melhora técnica não dissipava os temores dos investidores.

A situação "é muito séria neste momento", admitiu a ministra finlandesa das Finanças, Jutta Urpilainen.

Na reunião de segunda-feira, os 17 ministros da zona do euro tentaram em vão tranquilizar os mercados, destacando em um comunicado sua "vontade absoluta da preservar a estabilidade financeira" deste espaço monetário.


Especificamente, contemplaram um aumento da capacidade de empréstimos de seu Fundo de resgate, criado no ano passado após a crise grega. Chamado Facilidade Europeia de Estabilidade Financeira, está dotado agora de uma capacidade efetiva de empréstimos de 440 bilhões de euros.

Os ministros também estudam "um alargamento dos prazos dos empréstimos" concedidos pela Europa a países em dificuldades, ou seja, dar mais tempo para que sejam pagos, assim como uma redução das taxas de juros praticadas.

Isto servirá em particular para o segundo plano de ajuda prometido à Grécia, após um primeiro de 110 bilhões de euros em empréstimos decidido no ano passado e que já não basta para evitar a quebra do país. Um alívio para Atenas, que segue à beira da asfixia.

Também são estudadas medidas para "melhorar a sustentabilidade da dívida pública grega", indica o comunicado.

Esta decisão chega no momento em que, em Atenas, o primeiro-ministro Giorgos Papandreou começa a perder a paciência.

"Não há lugar para a indecisão e os erros", advertiu Papandreou em um comunicado.

A nova diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, considerou na segunda-feira que os esforços da Grécia para reduzir seus orçamentos ainda são insuficientes.

"É um desempenho considerável. Da mesma maneira, sabemos que não é suficiente, que é preciso fazer mais, e que a solução dos problemas atuais (da Grécia) deverá ser elaborada entre sócios", advertiu.

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