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UE oferece dinheiro para conter milhões de refugiados

UE, com apoio da ONU, se prontifica a ajudar os países vizinhos da Síria com, pelo menos, 1 bilhão de euros


	Amparo aos vizinhos: UE, com apoio da ONU, se prontifica a ajudar os países vizinhos da Síria com, pelo menos, 1 bilhão de euros
 (Georges Gobet/AFP)

Amparo aos vizinhos: UE, com apoio da ONU, se prontifica a ajudar os países vizinhos da Síria com, pelo menos, 1 bilhão de euros (Georges Gobet/AFP)

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Da Redação

Publicado em 24 de setembro de 2015 às 06h51.

A União Europeia planeja aumentar o envio de dinheiro às agências da ONU para a gestão dos campos de refugiados nos países vizinhos da Síria e ampliar as negociações para deter a "possível" chegada de "milhões" de refugiados que fogem da guerra.

De concreto, os líderes da UE se comprometeram a aumentar o envio de dinheiro à Agência das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), ao Programa Mundial de Alimentos e a outros órgãos da ONU encarregados dos campos de refugiados na Turquia, Jordânia e Líbano.

"Queremos decisões operacionais" - assinala a declaração conjunta - incluindo uma "resposta à necessidade urgente dos refugiados na região" com uma ajuda adicional às agências da ONU "de ao menos 1 bilhão de euros".

O presidente francês, François Hollande, anunciou que a França contribuirá com 100 milhões de euros nos próximos dois anos, enquanto o premier britânico David Cameron prometeu 137 milhões.

Na declaração final da Cúpula, os 28 líderes pediram um "novo esforço internacional" para "acabar com a guerra" na Síria, "que obrigou milhões de pessoas a abandonar seus lares".

A chanceler alemã, Angela Merkel, considerou que é preciso falar com o presidente sírio, Bashar al-Assad, para resolver o conflito. "Temos de falar com muitos atores, e isso inclui Al-Assad, mas outros também".

"É preciso falar não apenas com os Estados Unidos, com a Rússia, mas também com os parceiros regionais importantes, o Irã, com países sunitas como a Arábia Saudita", completou a chanceler.

Já o presidente francês, François Hollande, disse que "o futuro da Síria não pode passar por Bashar al-Assad", estimando que "a transição terá sucesso apenas se ele deixar o cargo".

Ao chegar à cúpula, Hollande pediu à organização de uma nova conferência da ONU sobre a Síria, após as reuniões organizadas em junho de 2012 e fevereiro de 2014.

Os conflitos que levam os refugiados a fugirem de seus países, em particular da Síria, "não acabarão rápido", disse o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk. "Isto significa que estamos falando de milhões de refugiados possíveis, não de milhares".

Segundo Tusk, os centros de registro e acolhimento de imigrantes procedentes da Itália e da Grécia, os chamados "hotspots", serão instalados até o fim de novembro.

Hollande confirmou a decisão acrescentando que "nós todos nos pusemos de acordo sobre o fato de que os 'hotspots' serão instalados até o final de novembro", e que esse centros "também devem organizar o retorno dos imigrantes" que não conseguirem o status de refugiados.

"Esses centros teriam diferentes missões: o registro, a orientação e a acolhida, assim como o retorno", completou Hollande.

Esta medida vem acompanhada com uma política de retorno melhorada. Para acelerar os procedimentos, a UE deve negociar acordos de readmissão com vários países africanos.

Desde que começou o conflito armado na Síria, quatro milhões de sírios fugiram do país e sete milhões se deslocaram internamente.

"Temos de atacar a raiz do problema: combater a fome nos campos de refugiados", disse a chanceler alemã, Angela Merkel, mais cedo.

"As ajudas devem ser dirigidas a Turquia, Jordânia e Líbano" rapidamente "para que os refugiados não tentem vir à Europa colocando em risco sua vida", declarou Hollande.

Cento e vinte mil refugiados: 'insuficiente'

Ignorando estas negociações, dezenas de milhares de migrantes continuam chegando às fronteiras croata, húngara, grega e italiana.

Na terça-feira, somente na Croácia 9.000 migrantes, o número mais alto da última semana. Desde que a Hungria fechou sua fronteira com a Sérvia e os migrantes se deslocaram até a Croácia, há uma semana, chegaram a este país mais de 44.000 migrantes.

No entanto, a Hungria - por onde transitaram desde o início do ano 225.000 migrantes - surda às críticas de seus sócios da UE e das ONGs, continua a construção de uma cerca em sua fronteira com a Croácia, por onde entram há dias dezenas de milhares de migrantes.

Na terça-feira, também em Bruxelas, os ministros do Interior aprovaram o plano de distribuição de 120.000 refugiados sírios, iraquianos e eritreus chegados de Grécia e Itália, apesar de que a República Tcheca, Eslováquia, Romênia e Hungria tenham votado contra.

A decisão, obtida por voto de uma voto por maioria qualificada e não por consenso, aprofunda ainda mais a fratura entre os membros da UE. Esta se impõe aos quatro países que votaram contra.

O primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban, rejeitou o "imperialismo moral" que, segundo ele, a chanceler Angela Merkel tenta impor ao resto da Europa na crise dos refugiados, enquanto seu par eslovaco, Robert Fico, repetiu que seu país "não tem a intenção de respeitar as cotas".

Para a Acnur a distribuição de 120.000 refugiados não é suficiente. A Europa já recebeu quatro vezes mais migrantes desde janeiro. Segundo a OCDE, a UE registrará 1 milhão de pedidos de asilo em 2015.

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