UE e ONU pedem fim das atividades militares e solução política na Síria
Representantes da UE e da ONU afirmaram que o uso da atividade militar na Síria dificulta a saída política para a guerra
EFE
Publicado em 24 de abril de 2018 às 11h39.
Bruxelas - A alta representante da União Europeia ( UE ) para a política externa, Federica Mogherini, e o enviado especial da ONU na Síria, Staffan de Mistura, pediram nesta terça-feira a cessação das hostilidades no país após mais de sete anos de conflito, "por razões políticas e humanitárias".
"Mais atividade militar não abre a via para uma solução política, a torna mais difícil. Precisamos silenciar as armas por motivos humanitários e políticos", afirmou Mogherini em entrevista coletiva conjunta com o representante das Nações Unidas, no primeiro dia da conferência de doadores realizada, que acontece hoje e amanhã em Bruxelas.
Após uma primeira jornada de reuniões com representantes da sociedade civil síria, Mogherini espera "aprofundar a discussão política" amanhã, quando participarão 85 delegações nacionais, com representantes de Rússia e Irã, que não participaram da conferência do ano passado, embora ainda não tenham confirmado quem representará suas delegações.
Mogherini ressaltou que a Síria "não é um tabuleiro de xadrez nem um jogo político" e pediu o fim do "dramático bloqueio" do conflito "dando voz aos sírios, que são os que mais sofreram com esta guerra interminável".
De Mistura, por sua vez, destacou a necessidade de a sociedade civil síria fazer parte da comissão constitucional, pactuada no final de janeiro na cidade russa de Sochi, algo que é fundamental para o processo de paz, que ainda não recebeu o apoio de Damasco, assim como a realização de eleições supervisionadas pela ONU.
"O certo é que todo mundo tem uma solução política diferente, por isso precisamos trabalhar nisso. É tempo para a alta diplomacia", admitiu o diplomata.
O mediador das Nações Unidas também alertou para a situação na província de Idlib, fronteiriça com a Turquia, e o temor de que esta se transforme em "uma nova Aleppo ou Ghouta", que passaram por uma situação humanitária dramática por causa dos ataques.
"Há uma necessidade de baixar a temperatura e buscar espaço para a diplomacia. Na Síria há uma divisão a se resolver", acrescentou De Mistura, que espera que os encontros de amanhã em Bruxelas, nos quais não estão representados o governo sírio nem a oposição, sirvam para "encontrar juntos uma solução política".
A UE e a ONU pretendem superar nesta conferência a marca de 5,63 bilhões de euros arrecadados em 2017 para dar assistência aos cidadãos sírios e as comunidades de amparo aos refugiados.