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Ucrânia formaliza transferência de poderes presidenciais

Turchynov é aliado próximo da ex-primeira-ministra Yulia Tymoshenko, rival política de Viktor Yanukovich que foi libertada da prisão na noite de sábado

Pessoas colocam flores em memorial para manifestantes anti-governo que foram mortos em confrontos (Getty Images)

Pessoas colocam flores em memorial para manifestantes anti-governo que foram mortos em confrontos (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 23 de fevereiro de 2014 às 10h46.

Kiev - O Parlamento da Ucrânia formalizou neste domingo a transferência interina de poderes presidenciais para o recém eleito presidente do Legislativo do país, Oleksandr Turchynov, que é o primeiro-vice-presidente do partido Batkivshchyna.

Turchynov é aliado próximo da ex-primeira-ministra Yulia Tymoshenko, rival política de Viktor Yanukovich que foi libertada da prisão na noite de sábado.

O Parlamento também votará para escolher um novo primeiro-ministro, o que deve acontecer ainda hoje. Três candidatos estão dentre as opções dos deputados: Tymoshenko, Arseniy Yatsenyuk, líder do Batkivschyna, e o empresário e deputado Petro Poroshenko.

O Legislativo ucraniano também decidiu neste domingo a demissão do ministro de Relações Exteriores, Leonid Kozhara, medida que representa um revés para Yanukovich. Kozhara era o responsável pelas conversações com governos estrangeiros a respeito de acordos políticos e pelas negociações com a União Europeias (UE).

Ele foi importante também para assegurar o acordo de resgate da Rússia, pacto que foi temporariamente interrompido até que um novo governo seja formado.

A opinião da Rússia será importante no futuro do país, já que Moscou tem fornecido recursos financeiros para manter a economia ucraniana em funcionamento.

O ministro de Finanças russo disse neste domingo que a Ucrânia deve pedir um empréstimo ao Fundo Monetário Internacional (FMI) para evitar um iminente default. Em dezembro, a Rússia ofereceu à Ucrânia uma resgate de US$ 15 bilhões, mas até agora só forneceu US$ 3 bilhões, congelando o restante do empréstimo à espera do resultado da crise política.

Surgiram sinais neste domingo de que a Rússia pode agora apoiar Tymoshenko. Um importante membro do Legislativo russo, Leonid Slutsky, declarou nesta manhã que escolher Tymoshenko para o cargo de primeiro-ministro "seria útil para estabilizar" as tensões na Ucrânia, segundo relatos de agências russas de notícias.


As tensões aumentavam também na Crimeia, região ucraniana autônoma, onde políticos que exigem autonomia de Kiev organizavam manifestações e formavam unidades de protesto.

Yanukovych

O paradeiro de Viktor Yanukovich continuava desconhecido neste domingo. Um avião no qual ele estava a bordo

não pôde decolar na noite de sábado da cidade de Donetsk porque não estava com a documentação em dia, informou neste domingo Oleh Slobodyan, do serviço de guardas de fronteira. Segundo ele, o presidente saiu do aeroporto de carro, mas não havia registros de que ele tenha deixado o país por terra.

No sábado, Yanukovych, falou à televisão na Cracóvia e acusou seus oponentes de tentar derrubar seu governo. "Tudo o que está acontecendo hoje é, em grande parte, vandalismo e banditismo e um golpe de Estado", disse ele. "Farei tudo o que puder para proteger meu país da desintegração e interromper o derramamento de sangue.

Autoridades europeias pediram calma. Autoridades das Forças Armadas e da Defesa também pediram que os ucranianos mantenham a calma, mas não apoiaram claramente nenhum dos lados da disputa política.

Há temores de que algumas regiões do país tentem se separar da Ucrânia após meses de impasse político que deixou vários mortos num país de importância estratégica para Estados Unidos, UE e Rússia.

Yanukovich afirmou no sábado que as decisões tomadas pelo Parlamento nos últimos dias são ilegais, já que ele não assinou a lei que faz valer no país a Constituição de 2004, que prevê a redução dos poderes presidenciais e o aumento do papel do Parlamento na condução do país. Porém, neste domingo, ele não pronunciou nem fez qualquer tentativa de interromper as atividades parlamentares. Fonte: Dow Jones Newswires e Associated Press.

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