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Ucrânia envia 45 ônibus para evacuar Mariupol; veja últimas notícias

O Ministério da Defesa russo anunciou um cessar-fogo nesta quinta-feira na cidade cercada para permitir a retirada de civis

Civis tentam deixar Mariupol (foto de arquivo): nova tentativa de evacuação em massa nesta quinta-feira, 31 (Stringer/Anadolu Agency/Getty Images)
Drc

Da redação, com agências

Publicado em 31 de março de 2022 às 07h17.

Última atualização em 31 de março de 2022 às 09h55.


Nova tentativa de evacuar Mariupol

O governo ucraniano enviou nesta quinta-feira, 31, 45 ônibus para retirar civis da cidade cercada de Mariupol, no sudeste do país, depois que a Rússia anunciou uma trégua, informou a vice-primeira-ministra Irina Vereshchuk. São mais de 100 mil civis ainda presos na cidade e com pouco acesso a água, comida e eletricidade.

"Fomos informados pelo Comitê Internacional da Cruz Vermelha que a Rússia está disposta a abrir o acesso aos comboios humanitários de Mariupol até Zaporizhizha", disse Vereshchuk em um vídeo divulgado pelo Telegram.

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Do total, 17 ônibus já seguiram para Mariupol a partir de Zaporizhzhia, que fica a uma distância de 220 quilômetros, e outros aguardam autorização nos territórios controlados pelos russos no entorno.

"Vamos fazer todo o possível para os ônibus entrem em Mariupol e retirem os que permanecem na cidade", disse Verechtchuk.

Até o momento, os civis só conseguem sair de Mariupol com os próprios veículos, uma viagem de alto risco.

Mariupol, um porto estratégico no Mar de Azov, está cercada e sob intensos bombardeios das forças russas desde o fim de fevereiro.

As pessoas que conseguiram sair da cidade e as ONGs descreveram condições terríveis, com civis entrincheirados em porões sem água, alimentos ou comunicação, e com corpos espalhados pelas ruas que ninguém enterra por causa do bombardeio.

As autoridades ucranianas divulgaram que mais de 5 mil pessoas morreram na cidade.

O ministério da Defesa russo anunciou um "regime de silêncio", ou seja, um cessar-fogo, a partir das 10h (4h pelo horário de Brasília) em Mariupol para permitir a retirada de civis.

Homem em meio à destruição em Mariupol, em 26 de março: mais de 100 mil civis ainda na cidade (Stringer/Anadolu Agency/Getty Images)

Em ligação nesta semana com o presidente francês, Emmanuel Macron, o presidente russo, Vladimir Putin, disse que parará os ataques a Mariupol somente quando houver "rendição" total, o que o governo ucraniano recusa.

Com a promessa russa de "reduzir" ataques no norte da Ucrânia, em Kiev e Chernihiv (embora a última tenha sido bombardeada novamente ontem ), a expectativa é que a Rússia focalize esforços em pontos estratégicos como Mariupol e regiões ao leste.

Negociações amanhã

No campo diplomático, Rússia e a Ucrânia retomarão suas negociações de paz online nesta sexta-feira, 1º de abril, segundo informa a agência Reuters.

As novas conversas acontecem dia após uma negociação presencial em Istambul, na Turquia, na terça-feira, 29, quando a Ucrânia propôs oficialmente neutralidade na Otan, aliança militar ocidental, em troca de garantias de segurança.

O negociador ucraniano David Arakhamia disse em um post online que a Ucrânia propôs que os dois líderes dos países se encontrassem, mas a Rússia respondeu dizendo que mais trabalho precisa ser feito em um esboço de tratado.

O ministro das Relações Exteriores da Turquia, Mevlüt Cavusoglu, também afirmou hoje que o chefe da diplomacia da Rússia, Serguei Lavrov, e o chanceler da Ucrânia, Dmitro Kuleba, podem se reunir dentro de "uma ou duas semanas".

"Pode acontecer uma reunião de alto nível, ao menos entre os ministros, dentro de uma ou duas semanas", declarou Cavusoglu,. Ele explicou que "é impossível antecipar uma data", mas que a Turquia está disposta a receber a reunião "como mediador sincero".

"O mais importante é que as partes se reúnam e concordem com um cessar-fogo duradouro", disse.

Lavrov na Índia

O ministro das Relações Exteriores russo, Sergey Lavrov, viaja à Índia nesta quinta-feira, 31, para uma visita de dois dias.

A agenda acontece um dia após uma visita à China na quarta-feira, 30, quando Lavrov se encontrou com o ministro das Relações Exteriores chinês, Wang Yi. Foi a primeira visita de Lavrov à China desde o início da guerra, em 24 de fevereiro.

A Índia e a China, até o momento, não condenam a guerra russa na Ucrânia e não votaram na Organização das Nações Unidas para que a Rússia parasse os ataques.

A secretária de Relações Exteriores do Reino Unido, Liz Truss, também chega à Índia hoje, ao mesmo tempo que o ministro russo - uma coincidência que teria deixado a visita "embaraçosa", na descrição do jornal britânico The Guardian. O objetivo britânico é pressionar o governo do premiê indiano, Narendra Modi, a reduzir laços com a Rússia.

Sobre a questão da Índia, a secretária de comércio internacional britânica, Anne-Marie Trevelyan, disse que "nós entendemos por que eles escolheram 'ficar em cima do muro' no momento. Eles têm conexões em ambas as direções".

Rublo recupera valores

O rublo russo chegou a ser cotado acima dos valores pré-guerra nesta quinta-feira, com cotação do dólar ficando perto de 75 rublos nesta madrugada.

Rublo: valorização após alta de juros e expectativas de pagamento de petróleo na moeda russa (Dado Ruvic/Illustration/Reuters)

Antes da guerra, o dólar ficava em pouco mais de 70 rublos, mas a moeda desvalorizou com a invasão no fim de fevereiro - e a cotação superou 120 rublos por dólar em dado momento, antes de a bolsa de Moscou interromper as operações.

O Banco Central russo elevou as taxas de juros para 20% e restringiu saída de dinheiro do país, o que influenciou na valorização. A medida de exigir pagamentos de petróleo e gás em rublos - que pressionam países como a Alemanha a aceitar a condição ou ficar sem energia - também ajudaram nas expectativas. Ontem, o Kremlin afirmou que a exigência não será imediata, mas que será imposta de forma gradual.

Recessão em Rússia e Ucrânia

O Banco Europeu para a Reconstrução e Desenvolvimento (BERD) divulgou hoje projeções de contração de 10% para a Rússia este ano, e de 20% para a Ucrânia, consequência da guerra e das sanções impostas contra Moscou.

Antes da guerra, o BERD calculava um crescimento de 3,5% do PIB para a Ucrânia e de 3% para a Rússia em 2022.

(com AFP e Reuters)

*Esta reportagem será atualizada no caso de novos desdobramentos da guerra na Ucrânia nesta quinta-feira, 31. Última atualização às 9h55.

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