Donetsk - A Ucrânia pediu nesta quinta-feira ajuda militar de envergadura diante da entrada de tropas russas no leste do país, o que aumenta os temores de uma guerra aberta entre a Ucrânia e a Rússia.
"Mais de mil soldados russos combatem atualmente na Ucrânia. Apoiam os separatistas, lutam com eles", afirmou um funcionário de alto escalão da Otan.
Estes soldados, que muitas vezes não usam insígnias, são reconhecíveis pela sua conduta, de "militar profissional", assegurou, insistindo que há cada vez mais informações que circulam publicamente sobre soldados russos mortos nos combates.
"Eles operam equipamentos sofisticados, aconselham os separatistas e os soldados avançam até 40 ou 50 km em território ucraniano", descreveu este oficial.
A Ucrânia acusou pela primeira vez a Rússia de invasão direta, depois de meses de suspeitas de Kiev e dos países ocidentais de que Moscou fornecia ajuda militar aos separatistas pró-russos que enfrentam o exército ucraniano no leste do país. O Kremlin negou a informação mais uma vez nesta quinta-feira.
"Não há mais que uma unidade" de uma dezena de "soldados russos que cruzaram a fronteira de forma não intencional há dois dias", disse o embaixador russo ante a Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE), Andrei Kelin, em referência a militares que Kiev disse ter detido na terça-feira.
Kelin respondia, assim, durante uma tensa reunião extraordinária, ao representante ucraniano ante a OSCE, Ihor Prokopchuk, que disse estar ciente "de uma invasão direta das forças militares russas nas regiões do leste da Ucrânia".
O embaixador da Ucrânia na União Europeia (UE), Konstiantyn Eliseyev, pediu a Bruxelas "ajuda militar de envergadura" diante da "não dissimulada invasão militar".
"Pedimos uma sessão extraordinária do Conselho Europeu no dia 30 de agosto sobre a Ucrânia (...) Basta de conivência e de apaziguamento do agressor. A solidariedade deve se materializar com sanções significativas e com uma ajuda militar e técnica de envergadura", declarou Eliseyev, segundo a página do Facebook da embaixada ucraniana ante a UE.
"Estamos extremamente preocupados pelos último acontecimentos, especialmente pelas informações em terra que chegam até nós", reagiu Maja Kocikancic, porta-voz do Serviço Exterior da UE.
O presidente ucraniano, Petro Poroshenko, cancelou uma visita nesta quinta-feira à Turquia e se reuniu de urgência com o Conselho Nacional de Segurança e de Defesa diante da rápida deterioração da situação pela entrada de tropas russas.
As autoridades ucranianas afirmaram pouco antes que as tropas russas haviam tomado o controle na véspera da estratégica cidade fronteiriça de Novoazovsk, 100 km ao sul do reduto rebelde de Donetsk.
Poroshenko também se referiu à captura das localidades de Amvrosivka e Starobecheve, a sudeste de Donetsk.
Soldados russos de férias
"Um número cada vez maior de tropas russas intervêm diretamente nos combates em território ucraniano", escreveu na manhã desta quinta-feira o embaixador americano em Kiev, Geoffrey Pyatt, no Twitter. "A Rússia também enviou seus sistemas de defesa aérea mais recentes", acrescentou.
O presidente francês, François Hollande, ressaltou em uma coletiva de imprensa que a presença de soldados russos em território ucraniano, se confirmada, é intolerável e inaceitável.
Por sua vez, a Lituânia acusou a Rússia de realizar uma evidente invasão militar na Ucrânia e pediu uma reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas sobre esta questão, que será realizada nesta quinta-feira às 16H00 GMT (13h00 de Brasília) na sede das Nações Unidas em Nova York, informaram fontes diplomáticas.
O primeiro-ministro ucraniano, Arseni Yatseniuk, já havia pedido na quarta-feira à Otan "ajuda prática e (...) decisões cruciais na cúpula" prevista para 4 de setembro.
Um líder dos separatistas admitiu na quarta-feira que soldados russos lutavam junto com eles.
"Se uniram a nós muitos soldados russos que preferem não passar suas férias na praia, mas nas fileiras com seus irmãos lutando pela liberdade do Donbass", disse Alexander Zajarchenko, "primeiro-ministro" da autoproclamada República Popular de Donetsk, em um comunicado publicado na internet.
Em terra, bombardeios com morteiros provocaram a morte de 11 civis nas últimas 24 horas no reduto separatista pró-russo de Donetsk, anunciaram nesta quinta-feira as autoridades locais.
"Como consequência dos disparos de artilharia contra bairros de Donetsk, 11 civis morreram e 22 ficaram feridos", informou em um comunicado a cidade.
Os combates entre o exército ucraniano e os rebeldes pró-russos no leste da Ucrânia deixaram mais de 2.200 mortos desde meados de abril, a metade deles no último mês, segundo a ONU.
Na Rússia, a imprensa da oposição informou sobre os funerais silenciados de dois paraquedistas de elite, sugerindo que haviam morrido em combate na Ucrânia.
O porta-voz do Kremlin, Dimitri Peskov, afirmou que estas informações estão sendo verificadas atualmente, segundo declarações citadas na quarta-feira pela agência oficial Itar-Tass.
Segundo uma associação de mães de soldados russos, 400 homens morreram ou ficaram feridos na Ucrânia.
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1. Velas e armas
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1/13 (Graham Denholm / Getty Images)
São Paulo – Na quinta-feira, o voo MH17 da Malaysian Airlines, que ia de Amsterdã para Kuala Lumpur, foi derrubado enquanto sobrevoava o céu do leste da Ucrânia. Desde então, o governo central ucraniano e a Rússia trocam acusações sobre quem foi responsável pelo míssil que atingiu o avião. Veja, a seguir, as fotos do desenrolar do conflito desde a queda do avião até este domingo.
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2. Pelo chão
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2/13 (Getty Images)
As bagagens e pertences pessoais das vítimas que estavam a bordo do Malaysia Airlines voo MH17 estão espalhadas por Grabovo, na Ucrânia. Segundo relatos de correspondentes internacionais, os destroços do avião estão espalhados a até 15 km do ponto central onde está a maior parte da fuselagem.
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3. Memória saqueada
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3/13 (Maxim Zmeyev/Reuters)
Dinheiro, joias, objetos pessoais e até cartões de créditos das 298 vítimas do voo MH17 da Malaysia Airlines, abatido por um míssil na Ucrânia, na sexta-feira, estão sendo saqueados. Militantes separatistas admitem que removeram objetos, além das caixas-pretas, do local do acidente.
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4. Sem destino
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4/13 (Brendan Hoffman / Getty Images)
Hoje, um vagão de trem refrigerado com parte dos corpos dos passageiros de Malaysia Airlines vôo MH17 aguarda na estação de trem para o transporte ruma a um destino ainda desconhecido. O vôo MH17 da Malaysia Airlines viajava de Amsterdã para Kuala Lumpur quando caiu matando todos os 298 a bordo, incluindo 80 crianças.
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5. Caixa-preta
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5/13 (Getty Images)
O governo da Ucrânia disse neste domingo que interceptou conversas telefônicas entre os rebeldes pró-russos e os militares russos. Os
rebeldes admitiram hoje podem estar com a caixa-preta e prometeram entregar caixas pretas do voo malaio à Organização da Aviação Civil Internacional.
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6. Represália Europeia
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6/13 (Maxim Zmeyev/Reuters)
De
acordo com o WSJ, os líderes europeus ameaçaram impor sanções mais duras contra a Rússia, em decorrência da queda do voo MH17, sem deixar ainda claro o que pode acontecer em represália. Os chanceleres da União Europeia se reunirão em Bruxelas nesta terça-feira para decidir o que fazer, mas há uma grande chance que ativos na Europa construídos por empresários russos, bem como as de empresas originárias do país, possam ser congelados.
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7. Maioria holandesa
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7/13 (Graham Denholm / Getty Images)
A maioria das 298 pessoas a bordo do voo MH 17 era de nacionalidade holandesa. Entre as vítimas havia 154 passageiros holandeses, 27 australianos, 23 malaios, onze indonésios, seis britânicos, quatro alemães, quatro belgas, três filipinos e um canadense no voo. "As famílias querem enterrar seus parentes", declarou ministro do Exterior holandês, Frans Timmermans. Um grupo de 15 especialistas holandeses foi enviado ao local da tragédia para identificar os corpos.
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8. Domingo de homenagem
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8/13 (Christopher Furlong / Getty Images)
Velas em memória das vítimas foram acesas durante uma missa especial na Igreja de Saint Vitus em Hilversum, Holanda, nesta manhã. Três famílias da cidade morreram no acidente. Por todo o país o domingo foi marcado por homenagens às vitimas da tragédia, lembradas em cultos, eventos esportivos e oficiais e no aeroporto Schiphol de Amsterdã, de onde o avião partiu na última quinta-feira.
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9. Em busca da cura
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9/13 (Graham Denholm / Getty Images)
Um participante da 20ª Conferência Internacional de AIDS que acontece hoje em Melbourne, Austrália, amarra uma fita vermelha em homenagem daqueles que perderam suas vidas no voo MH17. Pelo menos seis enviados estavam no avião rumo ao encontro dos maiores especialistas em busca da cura para a doença.
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10. EUA diz que sabe
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Os
Estados Unidos detectaram o lançamento de um míssil antiaéreo e observou sua trajetória na quinta-feira passada, quando o avião da Malaysia Airlines caiu, supostamente atingido, no leste da Ucrânia, afirmou neste domingo o secretário de Estado, John Kerry. O presidente Barack Obama já hava dito que tudo apontava para que o avião tivesse atingido por rebeldes pró-russos. 'Sabemos, com certeza, que durante o último mês houve um fluxo de armamento, um comboio de uns 150 veículos incluídos transporte de pessoal, lança mísseis, artilharia, da Rússia para o leste da Ucrânia', disse ele.
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11. Artigo editado
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11/13 (Getty Images)
O imbróglio da Ucrânia e Russia chegou à web. Primeiro, um computador de Kiev, capital da Ucrânia,
editou o artigo em russo para "acidentes de aviação comercial" colocando a culpa da queda em "terroristas da auto-proclamada República Popular de Donetsk com mísseis de sistema Buk, que os terroristas receberam da Federação Russa". Menos de uma hora depois, alguém com um endereço de IP russo mudou o texto para "o avião foi abatido por soldados ucranianos".
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12. Duas tragédias no ano
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12/13 (Maxim Zmeyev/Reuters)
Depois de ter um avião desaparecido nos ares em março, nesta quinta-feira, o Boeing 777 da companhia Malaysia Airlines com 295 passageiros a bordo caiu na região de Donetsk, no leste da Ucrânia, sem deixar sobreviventes. A
companhia já apresentava uma operação deficitária antes disso, suportada por verbas governamentais e que degringolava cada vez mais pela imagem afetada com a tragédia. Agora deve ter de enfrentar processos movidos por pessoas de vários países.
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13. Agora, veja quais são os exércitos mais poderosos
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13/13 (Bradley Rhen / US Army / Wikimedia Commons)