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Tudo pronto para a festa da independência do Sudão do Sul

Referendo pôs fim a cinco décadas de conflitos com o Norte

Independência no Sudão do Sul: processo foi respeitado pelo governo (Phil Moore/AFP)

Independência no Sudão do Sul: processo foi respeitado pelo governo (Phil Moore/AFP)

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Da Redação

Publicado em 8 de julho de 2011 às 14h26.

Juba, Sudão - O Sudão do Sul vai se tornar neste sábado um país independente, graças a um referendo que pôs fim a cinco décadas de conflitos com o norte e que dividirá em dois o maior país da África.

Milhões de sudaneses do sul, além de 30 dirigentes africanos e autoridades importantes de outros países, vão assistir ao nascimento do 54º Estado soberano do continente, algo que até alguns meses atrás muitos consideravam improvável.

"É algo que esperávamos há anos. Um momento que vamos comemorar com alegria", afirmou Mangar Gordon Marial, porta-voz oficial do governo do Sudão do Sul.

Entre 1955, um ano antes da independência da Sudão (até então uma colônia anglo-egípcia), e 2005 os rebeldes sulistas entraram em duas guerras contra Cartum reclamando maior autonomia.

Os conflitos arrasaram a região, deixaram milhões de mortes e provocaram uma desconfiança recíproca entre os dois lados do país.

O acordo de paz firmado em 2005 pelo líder dos rebeldes John Garang -alguns meses antes de sua morte num acidente de helicóptero - e o presidente do Sudão Ali Osman Taha abriu um novo capítulo que possibilitou o referendo sobre a independência, realizado em janeiro deste ano.

Os sulistas optaram quase por unanimidade pela organização de uma eleição sem maiores incidentes e cujos resultados Cartum prometeu respeitar.

No programa de comemorações, organizadas no mausoléu de John Garang na capital, Juba, haverá paradas militares, danças tradicionais, uma cerimônia para hastear a bandeira da nova República do Sudão do Sul e a assinatura da Constituição transitória pelo primeiro presidente, Salva Kiir.


A nova nação deve enfrentar grandes desafios, como os confrontos na fronteira que já provocaram 1.800 mortes este ano, um dos indicadores sociais menos desenvolvidos do mundo, negociações sobre a separação de bens e a reestruturação de setores com o Norte.

Segundo fontes próximas das autoridades que participam das negociações, um acordo sobre a reestruturação do setor petrolífero parece pouco provável antes do dia 9 de julho, devido a divergências sobre o estatuto final do disputado território de Abyei.

A tensão aumentou no dia 21 de maio, depois da ocupação pelos nortistas desta região fronteiriça, obrigando a fuga de 117 mil sulistas.

Foi fechado um acordo no dia 20 de junho para desmilitarizar Abyei e para destacar 4.200 soldados etíopes, mas o futuro do território continua incerto.

Algumas Semanas após a ocupação de Abyei, Kordofan do Sul, outro território fronteiriço afetado pelas disputas étnicas, foi palco de violentos confrontos entre as forças do nortistas e o braço do norte do SPLM (Movimento Popular de Liberação do Sudão, ex-rebeldes sulistas) que deixaram centenas de mortos.

Na sexta-feira, o presidente nortista Omar al Beshir ordenou que exército continuasse suas operações até que este território, a única região petrolífera do norte, estivesse "limpo dos rebeldes".

Numa entrevista, Beshir confirmou sua participação nas celebrações em Juba, onde, segundo responsáveis sulistas, será o convidado de honra.

No entanto, muitos sudaneses afirmam que não há o que comemorar, principalmente os islamitas radicais de Cartum e alguns sulistas moradores do norte, que lamentam que a visão de John Garang de um Sudão federal e democrático não tenha se tornado realidade.

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