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"Tudo começa hoje": Donald Trump se torna 45° presidente dos EUA

O magnata sem nenhuma experiência política, quer administrar a 1ª potência mundial como uma empresa, criar novos empregos e ser mais protecionista

Trump: "Tudo começa hoje", tuitou nesta sexta-feira pela manhã o magnata imobiliário nova-iorquino (Reuters)

Trump: "Tudo começa hoje", tuitou nesta sexta-feira pela manhã o magnata imobiliário nova-iorquino (Reuters)

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AFP

Publicado em 20 de janeiro de 2017 às 15h35.

Última atualização em 20 de janeiro de 2017 às 16h36.

O "outsider" multimilionário Donald Trump prestou juramento nesta sexta-feira como o 45° presidente dos Estados Unidos, iniciando uma nova era que promete abalar Washington e o mundo.

Na cerimônia, celebrada nas escadarias em frente ao Capitólio, sede do Congresso americano, também prestou juramento o novo vice-presidente, Mike Pence.

O ex-astro televisivo sem nenhuma experiência política, que quer administrar a primeira potência mundial como se fosse uma empresa, criar novos empregos e tornar o país mais protecionista e mais fechado aos imigrantes, sucederá na Casa Branca o democrata Barack Obama.

"Tudo começa hoje", tuitou nesta sexta-feira pela manhã o magnata imobiliário nova-iorquino, a poucas horas de sua posse. "Verei vocês às 11h00 para o juramento. O MOVIMENTO CONTINUA - O TRABALHO COMEÇA!", afirmou.

Incidentes violentos

A capital do país foi tomada por dezenas de milhares de simpatizantes e opositores de Trump.

Um dos muitos protestos contra o futuro presidente, no centro de Washington, registrou incidentes: dezenas de manifestantes, muitos vestidos de preto e encapuzados, atiraram pedras e quebraram a vitrine de uma cafeteria Starbucks, e foram dispersados pela polícia com bombas de gás lacrimogênio, constataram jornalistas da AFP.

A vitória de Trump, que deixou o planeta atônito, está ancorada sobretudo nos votos de uma classe trabalhadora branca que desconfia dos políticos tradicionais e que sente que a globalização a prejudicou, transferindo empregos do México à China.

Os aliados tradicionais dos Estados Unidos observam o magnata imobiliário nova-iorquino com inquietação: após uma campanha divisiva, o republicano Trump, de 70 anos, chega à Casa Branca com a menor popularidade de um novo presidente em quatro décadas.

Depois do serviço religioso na pequena igreja episcopal de Saint John, perto da Casa Branca, Trump e sua terceira esposa, Melania, uma ex-modelo de 46 anos nascida na Eslovênia, chegaram à Casa Branca nesta sexta-feira.

Obama e sua esposa Michelle os aguardavam de pé na porta, ela com um elegante vestido vermelho longo. Melania, de vestido azul Ralph Lauren ao estilo de Jackie Kennedy, entregou um presente a eles.

Os dois casais presidenciais tomaram um chá na Casa Branca e posteriormente percorreram juntos em uma limousine os 4 km da avenida Pensilvânia até o Capitólio.

Na escadaria do Congresso, Trump prestará juramento ao meio-dia local (15h00 de Brasília) sobre duas bíblias: uma presenteada a ele por sua mãe, em 1955, e a de Abraham Lincoln, que lutou pela abolição da escravidão, também utilizada por Obama há quatro anos. Posteriormente pronunciará um discurso de 20 minutos.

"Agora teremos fronteiras fortes, e isso criará mais empregos. Agora os Estados Unidos voltarão a ser grandes, a ser fortes. Apenas um outsider como Trump pode limpar o desastre que é Washington", disse à AFP um de seus eleitores, Michael Hippolito, um policial aposentado de 54 anos, vestido com roupa camuflada que viajou de Nova York para a posse.

Três ex-presidentes também acompanham a posse: Jimmy Carter, George W. Bush e Bill Clinton.

A esposa de Bill, Hillary, que perdeu para Trump a chance de se tornar a primeira mulher presidente dos Estados Unidos, também está presente.

Em Moscou, o presidente russo, Vladimir Putin, não assistirá ao vivo à posse de Trump, afirmou seu porta-voz, rejeitando a ideia de que o novo chefe de Estado americano seja o homem de Moscou em Washington.

Trump promete unificar o polarizado eleitorado, mas isto se contradiz com seus constantes ataques a opositores, geralmente pelo Twitter: da imprensa à atriz Meryl Streep ou ao herói dos direitos civis John Lewis, das agências de inteligência à chanceler alemã Angela Merkel ou à Europa.

Do front diplomático surgem as maiores dúvidas. Os líderes do planeta se perguntam sobre como interpretar suas declarações, desmentidas muitas vezes por seus futuros ministros.

México, castigado

O gabinete de Trump é o mais branco e o mais rico em décadas. Inclui apenas um negro e, pela primeira vez em quase 30 anos, nenhum hispânico, o que lhe valeu fortes críticas da primeira minoria do país, com mais de 55 milhões de pessoas (17% da população).

A ausência de hispânicos no gabinete não é surpreendente para um presidente que promete deportar entre dois e três milhões de imigrantes ilegais, construir um muro na fronteira com o México e cobrá-lo dos mexicanos talvez através de impostos às remessas de imigrantes.

E também quer renegociar ou eliminar o TLCAN, o acordo de livre comércio com México e Canadá, assim como o Acordo Transpacífico de Cooperação Econômica (do qual são signatários Chile, México e Peru, entre outros), medidas que, junto à perda de investimentos, podem arrastar o vizinho do sul dos Estados Unidos a uma recessão em 2017.

Trump também pode voltar atrás na aproximação com Havana impulsionada por Obama e tudo indica que será mais agressivo com a Venezuela.

A partir de segunda-feira, seu primeiro dia oficial de trabalho na Casa Branca, espera-se que Trump assine vários decretos que desmantelarão medidas adotadas por Obama, por exemplo em cobertura de saúde pública, e talvez em imigração.

"As coisas vão mudar", afirmou Trump na quinta-feira.

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