Trump revive fantasma da fraude eleitoral na véspera das legislativas
Sem apresentar provas, o presidente americano alertou que os imigrantes ilegais no país poderiam tentar "votar ilegalmente" nas eleições legislativas
EFE
Publicado em 6 de novembro de 2018 às 07h17.
Última atualização em 6 de novembro de 2018 às 13h27.
Washington - O presidente dos Estados Unidos , Donald Trump , reviveu nesta segunda-feira o fantasma da fraude eleitoral ao que tanto recorreu durante sua campanha em 2016, ao alertar que os imigrantes ilegais no país poderiam tentar "votar ilegalmente" nas eleições legislativas, embora sem apresentar provas.
Na véspera dos pleitos que decidirão o controle do Congresso, Trump afirmou que as agências de segurança dos EUA "receberam ordens de fixar-se bem em qualquer voto ilegal que poderia acontecer nas eleições de terça-feira (ou na votação antecipada)".
"Qualquer um que detectemos (votando ilegalmente) estará sujeito às penas criminosas máximas permitidas pela lei", acrescentou o presidente na sua conta oficial do Twitter.
Perguntado mais tarde se tinha provas de algum plano para promover o voto ilegal nas eleições legislativas, Trump respondeu que "a única coisa que é preciso fazer é olhar o que ocorreu ao longo dos anos".
"Há muita gente, na minha opinião e me baseando em provas, que tenta entrar ilegalmente (no país) e que efetivamente vota ilegalmente", acrescentou em declarações aos jornalistas antes de decolar para Ohio para realizar um comício.
Trump voltava assim a pôr o foco nos imigrantes ilegais, os mesmos que transformou em protagonistas do seu discurso eleitoral, apresentando-os como criminosos e incitando o medo em relação à caravana de imigrantes centro-americanos que se dirige ao país.
O presidente americano também recuperava assim um dos temas nos quais mais insistiu durante sua campanha eleitoral em 2016, quando alertou que uma suposta fraude nas urnas podia inclinar o resultado contra ele.
Embora tenha vencido as eleições, Trump pareceu se incomodar pelo fato de que sua rival, a democrata Hillary Clinton, venceu na votação popular; e denunciou que no pleito tinham votado de três milhões a cinco milhões de imigrantes ilegais, sem proporcionar nenhuma prova.
Pouco depois de chegar à Casa Branca, em maio de 2017, Trump criou uma Comissão de Fraude Eleitoral para investigar suas próprias denúncias, liderada pelo vice-presidente Mike Pence.
Essa comissão se dissolveu em janeiro deste ano, após denunciar que muitos estados, "na sua maioria democratas", tinham se negado a fornecer informação para a investigação, enquanto um dos membros do grupo, Michael Dunlap, assegurou que não tinham encontrado nenhuma prova de fraude.
Os casos documentados de fraude eleitoral nos EUA são tão poucos que é "mais provável que uma pessoa seja atingida por um raio do que que se faça passar por outro eleitor nas urnas", segundo indicou no ano passado o independente Centro Brennan para Justiça da Universidade de Nova York.
Uma investigação do jornal "The Washington Post" encontrou apenas quatro casos documentados de fraude por parte de eleitores nas eleições de 2016, todos eles cometidos por americanos que votaram duas vezes ou tentaram votar em nome de outras pessoas.
O alerta de Trump coincidiu com o anúncio do Departamento de Justiça de que iniciou uma série de dispositivos para preservar o direito a voto, especialmente o das minorias, e evitar que se cometa fraudes nos pleitos legislativos.
Dentro dessas medidas, o governo habilitará vários números de telefone para receber queixas de eleitores relacionadas com violações da lei eleitoral; reivindicações que também poderão ser efetuadas através de fax, e-mail e pelo site do Departamento de Justiça.
Segundo uma pesquisa divulgada hoje pelo instituto Gallup, sete de cada dez americanos confiam "muito" (28%) ou "de certa maneira" (42%) que os votos serão emitidos e contados de forma precisa; dados similares a eleições prévias, exceto as de 2008.
Apesar dos alertas de Trump se referirem aparentemente a uma fraude a favor dos democratas, esse partido é o que se viu prejudicado até agora pelos erros nas máquinas de votação antecipada em dois estados-chave, o Texas e a Geórgia, de acordo com o jornal "Politico".
Eleitores e organizações civis em ambos estados têm se queixado que as máquinas com telas táteis apagavam alguns votos a favor de candidatos democratas ou os mudavam para que beneficiassem candidatos republicanos, informou hoje o jornal.