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Trump é o presidente errado para os EUA, diz Michelle Obama

A ex-primeira dama Michelle Obama fez duras criticas ao presidente Donald Trump durante a abertura da convenção democrata

Trump teve "tempo suficiente para demonstrar que pode fazer o trabalho, mas claramente não consegue", disse Michelle Obama (Daniel Acker/Bloomberg via Getty Images/Getty Images)

Trump teve "tempo suficiente para demonstrar que pode fazer o trabalho, mas claramente não consegue", disse Michelle Obama (Daniel Acker/Bloomberg via Getty Images/Getty Images)

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AFP

Publicado em 18 de agosto de 2020 às 07h32.

Última atualização em 18 de agosto de 2020 às 08h26.

A ex-primeira-dama dos Estados Unidos Michelle Obama abriu na segunda-feira a convenção democrata com uma forte crítica a Donald Trump, que chamou de "presidente equivocado" para o país, e uma defesa do voto em Joe Biden nas eleições de 3 de novembro.

"Sempre que olhamos para esta Casa Branca em busca de liderança, conforto ou alguma aparência de estabilidade, o que obtemos é caos, divisão e uma total e absoluta falta de empatia", disse a esposa do ex-presidente Barack Obama, em uma crítica sem precedentes a um presidente no cargo.

"Trump é o presidente errado para nosso país", enfatizou na mensagem por vídeo.

Michelle Obama encerrou o primeiro dia da convenção em formato virtual, instalada em Milwaukee, Wisconsin, um estado chave que Trump venceu de maneira surpreendente em 2016.

Em um país que lamenta mais de 170.000 mortes por coronavírus, afetado por uma histórica recessão econômica e uma profunda revolta contra o racismo, Trump teve "tempo mais do que suficiente para demonstrar que pode fazer o trabalho, mas claramente não consegue", disse.

"É o que é", completou, usando a mesma frase de resignação de Trump ao comentar a pandemia.

"Trump teve tempo mais do que suficiente para demonstrar que pode fazer o trabalho, mas claramente não consegue", disse Michelle Obama

A advogada de Chicago, que inspirou muitas pessoas com sua autobiografia best-seller "Minha historia", fez uma defesa apaixonada da urgência de votar e "passar a noite toda na fila se necessário"

"Joe não é perfeito", afirmou sobre Biden, que foi o vice-presidente de seu marido por oito anos. "Mas sabe o que é preciso para resgatar uma economia, enfrentar uma pandemia e liderar nosso país. E ele escuta. Ele vai falar a verdade e confiará na ciência", disse.

Michelle Obama usou toda sua popularidade a serviço de Biden para tentar derrotar Trump, que confirmou que aceitará formalmente a indicação do Partido Republicano na próxima semana, "ao vivo, da Casa Branca".

Democracia em jogo

O senador Bernie Sanders, grande expoente da esquerda americana e rival de Biden nas primárias, advertiu que Trump leva os Estados Unidos ao "autoritarismo".

"O futuro de nossa democracia está em jogo", destacou.

Nas duas horas transmitidas pela internet na segunda-feira, democratas comuns e famosos pediram uma mudança de rumo.

"A cada quatro anos nos reunimos para reafirmar nossa democracia", disse a atriz Eva Longoria. "Este anos viemos para salvá-la".

Um dos momentos mais emocionantes aconteceu quando o irmão de George Floyd, o afro-americano que morreu asfixiado por um policial branco em Minneapolis em maio, pediu um minuto de silêncio em sua homenagem.

E também quando uma jovem, Kristin Urquiza, contou que o pai, que morreu aos 65 anos de COVID-19, tinha apenas uma "patologia pré-existente": "confiar em Donald Trump. E pagou com sua vida".

Muitos republicanos desencantados também defenderam o voto em Biden, incluindo o ex-governador de Ohio John Kasich.

Mas, apesar das palavras comoventes defendendo "união" e das anedotas sobre Biden e sua vida marcada pela tragédia, a falta de uma público emocionado próprio das convenções do partido deu à proposta de convenção um tom rígido.

"Um país socialista muito chato"

Trump tentou atrair as manchetes: ele viajou para Wisconsin e para o estado vizinho de Minnesota, para interagir com seus apoiadores.

"Esta é a escolha mais perigosa que tivemos", disse Trump da pista do aeroporto em Oshkosh, Wisconsin, a 134 km de Milwaukee.

"Será uma outra Venezuela. Eu dizia isso levianamente, agora digo com muita força porque é uma ideologia semelhante: será uma Venezuela em grande escala, em escala muito grande se vencerem", alertou.

Em Mankato, Minnesota, Trump disse que "Joe Sonolento", como costuma chamar de seu oponente, quer "abolir" o "estilo de vida americano" e fazer da América "um país socialista muito chato".

O presidente, eufórico enquanto os seus apoiadores gritavam "mais quatro anos!", também insistiu com os seus ataques sem provas contra a "fraude" que segundo ele envolverá votação pelo correio, que possivelmente aumentará devido à pandemia.

"A única maneira de perdermos essa eleição é se a eleição for fraudada", disse Trump em Wisconsin, que ameaçou bloquear fundos adicionais para o serviço postal que os democratas dizem ser necessários para processar milhões de cédulas.

Vários procuradores-gerais estaduais disseram que avaliam opções legais para evitar interrupções no serviço postal.

Biden aparece à frente de Trump nas pesquisas por 7,7 pontos com base na média do RealClearPolitics.

A distância diminuiu e o democrata espera que a escolha de Kamala Harris, a primeira mulher negra na corrida presidencial de um partido importante, revigore sua candidatura.

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