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Titanic não sai da cabeça da Patrulha Internacional do Gelo

A patrulha pensa no Titanic e nas 1.517 vidas perdidas quando o navio colidiu com um iceberg em 1912, e trabalha para que a tragédia não se repita


	Titanic: a tarefa da Patrulha do Gelo está na intersecção entre história, necessidade e clima
 (Wikimedia Commons)

Titanic: a tarefa da Patrulha do Gelo está na intersecção entre história, necessidade e clima (Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 20 de março de 2015 às 22h04.

Todos os dias, Gabrielle McGrath pensa no Titanic e nas 1.517 vidas perdidas quando o navio da White Star Line colidiu com um iceberg em abril de 1912.

McGrath, comandante da Guarda Costeira dos EUA, dirige a Patrulha Internacional do Gelo, cujo trabalho é garantir que essa tragédia não se repita. E desde 1913, quando a patrulha foi iniciada, nenhum navio que tenha observado suas advertências bateu contra um iceberg.

“É por isso que nos dedicamos a esse trabalho, para evitar que isso aconteça de novo”, disse ela. Considerando-se os padrões climáticos atuais, este poderia ser um ano agitado para sua tripulação.

A tarefa da Patrulha do Gelo está na intersecção entre história, necessidade e clima. As tripulações buscam gelo nas rotas marítimas do Atlântico Norte, perto dos Grandes Bancos da Terra Nova.

De 1º de fevereiro até 31 de agosto, os EUA são responsáveis pelas rotas marítimas e no resto do ano, o Serviço Canadense de Gelo cobre a região. Os dados reunidos são então publicados para que os navios possam evitar os limites do iceberg, o ponto mais ao sul que atingirão as montanhas de gelo.

“Os icebergs não são um fenômeno invernal”, disse Joseph Murphy, professor de transporte marítimo na Academia Marítima de Massachusetts, na Baía das Águias, Massachusetts. As geleiras da Groelândia desprendem icebergs que vão para o sul à deriva, junto com a Corrente do Labrador e em direção às rotas do Atlântico Norte.

Perigos

“Colidir com um bloco de gelo à velocidade de aproximadamente 20 nós muito provavelmente implicaria na penetração do casco”, disse Murphy. “O principal problema com o gelo é aquela imagem clássica em que 25 por cento do iceberg estão sobre as águas e três quartos estão submersos”.

Embora forças climáticas de longo prazo tenham criado geleiras que desprendem de 10.000 a 15.000 icebergs por ano, são as condições atmosféricas que determinam quantos de fato acabarão nas rotas de transporte marítimo.

McGrath disse que as variações de um padrão climático conhecidas como Oscilação do Atlântico Norte podem definir se haverá poucos icebergs para enfrentar ou frotas deles à espreita nas águas.

A oscilação, que consiste em uma diferença na pressão atmosférica entre a Depressão da Islândia e o Anticiclone dos Açores, pode afetar o clima nos EUA inteiro. Por exemplo, quando ela está em sua fase negativa, há uma acumulação de ar frio no leste, congelando cidades de Nova York a Boston.

Segundo McGrath, é a fase positiva que traz problemas, porque modifica os padrões do vento no Atlântico Norte.

Temporada rigorosa

“Quando o índice está positivo, é um indicador de que teremos uma temporada rigorosa”, disse McGrath, que mora em New London, Connecticut, em entrevista por telefone.

No ano passado, quando a oscilação permaneceu em fase positiva durante a maior parte do inverno norte-americano, 1.546 icebergs se deixaram levar para as rotas marítimas, o sexto maior valor registrado, disse McGrath.

Neste ano, ela também tem estado em fase positiva, o que significa que a América do Norte provavelmente terá mais um ano agitado e mais um desafio para o histórico imaculado da Patrulha do Gelo.

E mais um ano para lembrar a tragédia que gerou a existência do grupo.

Dentro de poucas semanas, duas coroas de flores doadas serão levadas a New London, onde serão abençoadas, disse McGrath.

Então, os membros da Patrulha do Gelo sobrevoarão o lugar onde o Titanic afundou e as flores serão jogadas em homenagem às vítimas.

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