Fila para abastecer: consumo energético chinês demandará investimento da ordem dos US$4 trilhões nos próximos 20 anos. (.)
Vanessa Barbosa
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h37.
São Paulo - Impulsionada por anos de crescimento econômico acelerado, a China é agora o maior consumidor de energia do mundo, removendo os Estados Unidos do posto que ocupou por mais de um século. As informações da Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês) foram publicadas nesta segunda pelo jornal The Wall Street Journal.
A agência, sediada em Paris, cujas previsões são geralmente consideradas como indicadores de parâmetro para a indústria de energia, disse que a China devorou um total de 2,252 milhões de toneladas equivalentes de petróleo no ano passado, ou cerca de 4% a mais que os EUA, que queimou 2.170 milhões de toneladas de óleo equivalente.
A métrica de petróleo equivalente representa todas as formas de consumo de energia, incluindo petróleo bruto, nuclear, carvão, gás natural e de fontes renováveis como a energia hidráulica. Para se ter uma idéia da rapidez com que o país asiático superou a maior potência econômica mundial em demanda energética, o consumo total na China era apenas metade do americano há 10 anos.
Em entrevista ao jornal americano, o economista-chefe do IEA, Fatih Birol, afirmou que a superação chinesa sobre os EUA "simboliza o início de uma nova era na história da energia, já que os americanos tinha sido o maior consumidor global de energia desde 1900".
A procura voraz da China por energia ajuda a explicar porque o país que recebe a maior parte de sua eletricidade a partir do carvão, o mais poluente dos combustíveis fósseis, também passou os EUA em 2007 como maior emissor mundial de emissões de dióxido de carbono e outros gases.
Se for analisada apenas a demanda por petróleo, os EUA ainda são o maior consumidor desta fonte energética por uma larga margem, passando, em média, cerca de 19 milhões de barris por dia. A China ocupa um distante segundo lugar com cerca de 9,2 milhões de barris por dia.
Entretanto, segundo o The Wall Street Journal, muitos analistas de petróleo acreditam que a demanda bruta americana atingiu o seu máximo, sendo improvável que cresça muito nos próximos anos.
Diante desse novo cenário, continua o jornal, "a diminuição da intensidade energética da economia norte-americana seria uma razão chave para investidores, como a General Electric Co., vislumbrarem a China como um motor de crescimento futuro".
Para continuar alimentando a economia e evitar apagões e falta de combustível, a China precisará de 4 trilhões de dólares em investimentos em energia total nos próximos 20 anos, afirma o economista-chefe da IEA.
Birol, que já foi economista consultor da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), disse, ainda, que o país espera criar nos próximos 15 anos cerca de 1.000 gigawatts de nova capacidade de geração de energia. Isso é o mesmo que o montante total da capacidade de geração de eletricidade dos EUA atualmente.