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Terrorista dos ataques em Paris enfrenta a justiça francesa

Abdeslam, o fugitivo mais procurado da Europa até sua prisão, em 18 de março, foi acusado formalmente na França em 27 de abril de assassinatos terroristas


	Salah Abdeslam: ele é o único suspeito ligado diretamente aos atentados de Paris que se encontra nas mãos da justiça francesa
 (Wikimedia Commons)

Salah Abdeslam: ele é o único suspeito ligado diretamente aos atentados de Paris que se encontra nas mãos da justiça francesa (Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 18 de maio de 2016 às 15h32.

Seis meses depois dos atentados de extremistas em Paris, Salah Abdeslam, único membro vivo dos comandos que planejaram os ataques, comparecerá na sexta-feira diante da justiça francesa em um interrogatório que pode abrir perspectivas à investigação, se forem confirmadas suas intenções de colaborar.

Abdeslam, o fugitivo mais procurado da Europa até sua prisão, na Bélgica, em 18 de março, foi acusado formalmente na França em 27 de abril de assassinatos terroristas, entre outras acusações, e preso em regime de isolamento na prisão de Fleury-Mérogis, a sudeste de Paris.

Seu advogado francês Frank Berton anunciou na ocasião a data do interrogatório pelos juízes, ainda que posteriormente tenha avisado que não faria declarações "nem antes nem depois do interrogatório".

Salah Abdeslam, um pequeno delinquente radicalizado, é o único suspeito ligado diretamente aos atentados de Paris que se encontra nas mãos da justiça francesa.

O grau de envolvimento dos outros dois acusados formalmente na França são considerados menores.

Amigo de Abdelhamid Abaaoud, suposto coordenador dos atentados, Abdeslam desempenhou um papel de primeira ordem nos ataques em 13 de novembro, que deixaram 130 mortos e centenas de feridos, após os quais fugiu para a Bélgica.

Ele foi o eixo da célula na noite dos assassinatos, mas também em seu planejamento, e sem dúvida sabe muito.

Abdeslam levou ao lugar os três camicases do Stade de France e, antes dos atentados, alugou veículos e casas para servirem de esconderijo na região parisiense.

No meses anteriores, aumentou as viagens para transportar membros da rede através da Europa, entre eles Najim Laachraoui, possível técnico em explosivos do grupo, que explodiu as as bombas dos atentados em 22 de março em Bruxelas.

Esperar, mas não muito

Abdeslam, que tem "vontade de se explicar", segundo seu advogado, poderia oferecer informações valiosas sobre a elaboração do projeto do grupo radical, quem o coordenou e sobre eventuais cúmplices ainda desconhecidos.

Poderia, ainda, dar informações aos investigadores sobre as ligações entre os atentados de Paris e os de Bruxelas, organizados pela mesma célula ligada à organização extremista Estado Islâmico (EI).

Mas até que ponto?

"Os investigadores só tem a ele, que pode contribuir se colaborar, para confirmar elementos ou dar novas pistas", acredita o advogado Gérard Chemla, que defende em torno de cinquenta vítimas e familiares de vítimas.

Mas não se deve esperar "revelações sensacionais", porque "as investigações já têm ido muito longe", relativiza.

Jean Reinhart, outro advogado que auxilia dezenas de vítimas e seus familiares, não espera que na sexta-feira haja "nenhum arrependimento" e nenhuma "grande sinceridade".

"As primeiras declarações estão situadas na negação. Talvez tenha que se dar tempo ao tempo no processo", disse, acreditando que irão acontecer outros interrogatórios.

As declarações de Sven Mary, advogado de Abdeslam na Bélgica, o descrevem como um "pequeno imbecil", com a "inteligencia de um cinzeiro vazio" e "muito mais um seguidor do que um dirigente".

Isto leva a crer que tentará, talvez, minimizar seu papel, como aparentemente foi feito diante dos investigadores belgas, aos quais declarou ter "voltado atrás" em 13 de novembro quando havia previsto se explodir com os outros no Stade de France.

Interrogado pelo menos duas vezes na Bélgica, Salah Abdeslem foi apresentado então como um peão às ordens de seu irmão, Brahim Abdeslam, e de Abaaoud, "responsável", segundo ele, pelos assassinatos.

Mas mentiu ao afirmar que havia visto Abaaoud apenas uma vez, quando ambos haviam sido parceiros de crimes em Bruxelas.

Nesta investigação, em que participam vários países, foram acusadas formalmente em torno de vinte pessoas, principalmente na Bélgica.

Mas apesar destes importantes avanços, existem questões que continuam sem respostas no que diz respeito à coordenação dos atentados, à escolha dos alvos, ao financiamento e a eventuais falhas no serviços de inteligência.

Centenas de demandantes esperam obter respostas dos magistrados, que vão se reunir pela primeira vez entre os dias 24 e 26 de maio.

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