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Tensão aumenta na Cisjordânia após ataques palestinos

Desde o início de outubro, os territórios palestinos, Israel e Jerusalém vivem em meio a uma nova onda de violência


	Cisjordânia: desde o início de outubro, os territórios palestinos, Israel e Jerusalém vivem em meio a uma nova onda de violência
 (Reuters)

Cisjordânia: desde o início de outubro, os territórios palestinos, Israel e Jerusalém vivem em meio a uma nova onda de violência (Reuters)

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Da Redação

Publicado em 1 de julho de 2016 às 15h07.

A tensão aumentou na Cisjordânia nesta sexta-feira, após uma série de quatro ataques palestinos, que levaram o exército israelense a bloquear a cidade de Hebron e reduzir as transferências fiscais à Autoridade Palestina.

O anúncio de que Israel cercaria Hebron coincide com a publicação do relatório do Quarteto para o Oriente Médio (Estados Unidos, Rússia, União Europeia e ONU), destinado a reavivar o processo de paz, no qual os signatários pedem que Israel pare sua colonização dos territórios palestinos, que devem, por sua vez, evitar a violência.

Os assentamentos israelenses, as demolições de casas palestinianas e o confisco de terras por Israel "mina a viabilidade da solução de dois Estados" coexistindo pacificamente, considera este relatório.

Ao mesmo tempo, o Quarteto considera que a "Autoridade Palestina deve agir de maneira decisiva para parar a incitação à violência e aumentar os esforços para combater o terrorismo".

Este relatório perpetua "o mito" de que a colonização é um obstáculo para a paz, reagiu o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.

Desde o início de outubro, os territórios palestinos, Israel e Jerusalém vivem em meio a uma nova onda de violência, que já matou 214 palestinos, 34 israelenses, dois americanos, um eritreu e um sudanês, de acordo com uma contagem de AFP.

Nesta sexta-feira, um palestino matou um israelense na Cisjordânia ocupada poucas horas depois de uma tentativa de ataque contra guardas de fronteira.

No total, desde quinta-feira, quatro ataques foram realizados por palestinos, um dos quais também custou a vida de uma adolescente israelense-americana de 13 anos esfaqueada enquanto dormia em um assentamento perto de Hebron, no sul da Cisjordânia.

Nesta sexta-feira, "um terrorista abriu fogo contra o veículo de uma família na estrada 60, ao sul de Hebron", causando "um acidente que matou um passageiro e feriu três", indicou o exército que geralmente qualifica os agressores palestinos de "terroristas".

Os militares vasculham a área "à procura do atirador que fugiu", informou em um comunicado.

No início do dia, uma jovem palestina tentou esfaquear um guarda de fronteira israelense em Hebron. Nenhum soldado ficou ferido no ataque, perto do Túmulo dos Patriarcas, local venerado por judeus e muçulmanos, destacou a polícia.

"Um oficial rapidamente reagiu, atirando na terrorista até neutralizá-la", acrescentou.

Autoridades da segurança palestina identificaram a agressora como Sarah Taraira, de 27 anos, uma parente do palestino que esfaqueou na quinta-feira a adolescente israelense-americana no assentamento de Kiryat Arba.

Mohammed Nasser Taraira, de 19 anos, do vilarejo de Bani Na'im, perto de Hebron, também foi morto por guardas.

Também na quinta-feira, em Netanya, perto de Tel-Aviv, outro palestino procedente de Tulkarem, na Cisjordânia, feriu um homem e uma mulher com uma faca, antes de ser morto por um pedestre.

Hebron, barril de pólvora

Como resposta a esses ataques, na quinta-feira, Netanyahu anunciou o fechamento de Bani Naim, a revogação das autorizações de trabalho para os membros da família do agressor e o início do processo para destruir sua casa.

Nesta sexta, o governo anunciou que cortará as transferências fiscais que são enviadas mensalmente à Autoridade Palestina como parte de uma série de medidas adotadas depois dos ataques dos últimos dias.

Essa ajuda mensal é recebida pelas famílias de palestinos assassinados, incluindo quem realizou ataques.

Hebron, a maior cidade da Cisjordânia e durante muito tempo o centro comercial do território palestino ocupado, se transformou em um barril de pólvora desde que 500 colonos se instalaram no centro histórico, entrincheirados sob proteção militar em uma área cujo acesso está proibido agora aos 200.000 habitantes palestinos.

A cidade, especialmente o túmulo venerado por judeus e muçulmanos, concentra parte da violência que abala desde o início de outubro, os territórios palestinos, Israel e Jerusalém, e que já matou 214 palestinos, 34 israelenses, dois americanos, um eritreu e um sudanês, de acordo com uma contagem de AFP.

Por sua vez, o ministério palestino da Saúde anunciou a morte de um palestino após a inalação de gás lacrimogêneo utilizado pelas forças israelenses perto de Ramallah.

Cerca de 400 mil israelenses vivem em assentamentos na Cisjordânia, considerados pela comunidade internacional como ilegais e pelos palestinos como um grande obstáculo para a paz.

A violência coincide com a última sexta-feira do Ramadã, o mês de jejum muçulmano que termina no início da próxima semana.

Em Jerusalém, milhares de policiais foram mobilizados em torno da Cidade Velha, em preparação para a última semana de orações do Ramadã na Esplanada das Mesquitas, o terceiro local mais sagrado no Islã e o primeiro para os judeus que o chamam de Monte do Templo.

Para evitar possíveis distúrbios, as autoridades israelenses anunciaram que os não-muçulmanos seriam, até o fim do Ramadã, proibidos de entrar na esplanada.

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