Túmulo do mulá Omar, na província afegã de Zabul, em foto divulgada por líderes do regime talibã (AFP/AFP)
AFP
Publicado em 6 de novembro de 2022 às 16h49.
Última atualização em 6 de novembro de 2022 às 16h55.
O Talibã afegão revelou neste domingo (6) o local do enterro do mulá Omar, fundador do movimento, cuja morte havia sido ocultada por anos. Os rumores de sua morte proliferaram depois que a invasão liderada pelos EUA derrubou o regime talibã em 2001, até que milícias islâmicas admitiram em 2015 que seu líder havia morrido dois anos antes.
O porta-voz do Talibã, Zabihulá Mujahid, disse à reportagem que os líderes do movimento participaram neste domingo de uma cerimônia em seu túmulo, localizado perto de Omarzo, no distrito de Suri, na província afegã de Zabul (leste).
O Talibã voltou ao poder em agosto de 2021, em uma vitória contra as forças do governo logo após a saída das tropas americanas depois de duas décadas de ocupação.
"Devido à presença de inimigos nas proximidades e à ocupação do país, a localização da tumba foi mantida em segredo para evitar que fosse danificada", explicou Mujahid. "Apenas seus parentes mais próximos sabiam sobre o lugar", acrescentou o porta-voz.
Fotos divulgadas pelas autoridades mostram líderes do Talibã em volta de uma simples sepultura branca protegida por uma cerca de metal verde. "Agora que esta decisão foi tomada... não há mais problemas para as pessoas visitarem o túmulo", disse Mujahid.
Omar, que tinha cerca de 55 anos quando morreu, fundou o movimento Talibã em 1993. Eles chegaram ao poder em 1996, após vários anos de guerra civil eclodidas quando as tropas soviéticas evacuaram o país. O regime talibã impôs uma visão rígida do Islã, proibindo a participação de mulheres na vida social e realizando execuções ou punições como chicotadas em cerimônias públicas.
A divulgação da localização do túmulo do mulá Omar veio no dia seguinte às versões da profanação do túmulo do herói da resistência afegã Ahmad Shah Masud (1953-2001), negadas pelo Talibã.
Masud ganhou a presidência na luta contra a invasão soviética (1979-89), mas lutou contra o Talibã quando o grupo tomou o poder. Ele foi morto em um ataque atribuído à Al Qaeda, dois dias antes dos ataques cometidos nos Estados Unidos em 11 de setembro de 2011. Ele está enterrado em um mausoléu de granito e mármore com vista para o Vale Panshir, no nordeste do Afeganistão.