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Talibã anuncia novo líder após morte de mulá em ataque

O anúncio surpreendente coincidiu com um atentado suicida reivindicado pelos talibãs que matou 11 funcionários do Poder Judiciário ao oeste de Cabul


	Líder: o anúncio surpreendente coincidiu com um atentado suicida reivindicado pelos talibãs que matou 11 funcionários do Poder Judiciário ao oeste de Cabul
 (Reprodução / Facebook)

Líder: o anúncio surpreendente coincidiu com um atentado suicida reivindicado pelos talibãs que matou 11 funcionários do Poder Judiciário ao oeste de Cabul (Reprodução / Facebook)

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Da Redação

Publicado em 25 de maio de 2016 às 09h27.

O mulá Habatullah Akhundzada, uma autoridade religiosa de perfil discreto, foi designado líder dos talibãs, como sucessor do mulá Mansur, morto em um ataque de drone americano na semana passada, anunciou a rebelião islamita nesta quarta-feira.

O anúncio surpreendente coincidiu com um atentado suicida reivindicado pelos talibãs que matou 11 funcionários do Poder Judiciário ao oeste de Cabul, em mais uma demonstração da capacidade de ação dos insurgentes após a morte de seu líder em um bombardeio no sábado passado no Paquistão.

Os talibãs convocaram no domingo uma "shura" (conselho central) de emergência para designar o sucessor e, após três dias de deliberações, escolheram o mulá Hebatullah, uma figura não muito conhecida, que foi um colaborador próximo de Mansur.

O novo líder, com idade por volta de 50 anos, não conquistou suas credenciais nos campos de batalha, e sim como magistrado islâmico durante os cinco anos em que os talibãs permaneceram no poder (1996-2001). É considerado o autor de vários regulamentos para a aplicação das leis corânicas de acordo com as rigorosas interpretações do islã pregadas pelos talibãs.

Depois da invasão americana em 2001, foi o diretor para assuntos judiciais da insurreição islamita, segundo um porta-voz dos talibãs.

Um movimento dividido

Habatullah terá a difícil missão de unificar as diversas tendências de seu movimento a respeito da eventual retomada das negociações de paz com o governo afegão.

A designação foi decidida por unanimidade e todos os membros da shura juraram fidelidade, afirma um comunicado divulgado pelos talibãs.

Habatullah terá dois auxiliares, o mulá Yacub, filho do mulá Omar, fundador dos talibãs, e Sirajuddin Haqqani, chefe da rede insurgente de mesmo nome, um grande aliado dos talibãs.

Analistas apontavam os dois como possíveis candidatos à liderança suprema, mas, de acordo com fontes talibãs, Yacub se negou a assumir o comando por ser muito jovem e Haqani alegou "motivos pessoais".

De acordo com uma fonte talibã, Habatullah Akhundzada teria sido designado como sucessor pelo próprio Mansur.

De acordo com o analista paquistanês Rahimulah Yusafzai, a sucessão "representa o status quo". "Levará adiante a mesma política do mulá Mansur. Não negociará", disse.

Para outro analista, Amir Rana, a idade de Habatullah foi determinante.

"É um dos mais idosos e mais experientes. Foi eleito para acabar com todas as dissidências".

O novo líder talibã é considerado "um partidário das negociações de paz, mas não pode fazer nada sem o consenso da shura", completou Rana.

A era Mansur, sucessor de Omar, durou apenas 10 meses. O período foi caracterizado pela intensificação das ofensivas militares e a multiplicação dos atentados, principalmente em Cabul.

O governo dos Estados Unidos teria decidido eliminar Mansur por sua postura belicosa.

Ao confirmar sua morte, o presidente americano Barack Obama fez um apelo aos talibãs para que "aproveitem esta oportunidade para iniciar o processo de reconciliação com o governo afegão, como o único caminho real para acabar com conflito".

A morte de Mansur é "uma etapa importante em nossos esforços (...) para trazer a paz e a prosperidade ao Afeganistão", completou.

No comunicado desta quarta-feira, os talibãs prestaram homenagem a Mansur, que "caiu como mártir, vítima de um disparo de drone americano".

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