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Da Redação
Publicado em 19 de outubro de 2015 às 13h09.
Zurique - Reclamando que está sendo "arrastado pela lama" na investigação de corrupção na Fifa, Michel Platini acredita que ele é "à prova de balas" e não perdeu apoio em sua tentativa de substituir Joseph Blatter como o presidente do órgão máximo do futebol mundial.
O presidente da Uefa, que foi suspenso por 90 dias, juntamente com Blatter, confirmou em uma entrevista publicada nesta segunda-feira no jornal francês Le Monde que não possuía nenhum contrato para o pagamento de 2 milhões de francos suíços que ele recebeu da Fifa em 2011.
Se arriscando a receber mais punições da Comissão de Ética da Fifa por quebrar regras de confidencialidade, Platini deu uma defesa detalhada do caso que ameaça acabar com suas esperanças presidenciais.
O pagamento para o seu trabalho de conselheiro de Blatter entre 1998 e 2002 foi "uma coisa entre dois homens", disse Platini, dando uma nova versão sobre porque a Fifa não pôde pagá-lo uma década antes. "Eu acho que é vergonhoso ser arrastado pela lama", disse, insistindo que o caso não é um escândalo.
Platini apresentou os documentos da sua candidatura para a eleição da Fifa antes de ser punido e espera que a sua suspensão provisória seja cancelada, pelo recurso na própria entidade ou pela Corte Arbitral do Esporte, para permitir que ele participe da votação.
O presidente da Uefa deve ainda passar por uma verificação de integridade da comissão eleitoral da Fifa, que examinará todos os candidatos após o encerramento do prazo para inscrição das candidaturas na próxima segunda-feira." Eu não acho que perdi muitos votos e os que me conhecem sabem que eu posso olhar me no espelho", disse Platini ao Le Monde. "Eu sou à prova de balas".
Na última sexta-feira, Blatter disse a uma emissora suíça que o caso investigado pelo Ministério Público da Suíça como um "pagamento desleal" a partir dos fundos da FIFA era um "acordo de cavalheiros".
Platini e Blatter estão apelando contra as suspensões impostas neste mês pelo Comitê de Ética da Fifa, enquanto o pagamento é investigado. E, em casos recentes, o painel impôs punições rigorosas quando dirigentes discutiram seus casos na imprensa.
"O que me irrita mais é ter sido considerado em conjunto com os outros", disse Platini, que se junta a uma longa lista de antigos e atuais colegas do Comitê Executivo da Fifa que têm sido implicados em acusações de corrupção.
Platini disse ao Le Monde que Blatter, recém-eleito presidente da Fifa em 1998, lhe pediu para definir o seu salário para trabalhar como conselheiro pessoal. "Quanto você quer?', Blatter perguntou", disse Platini ao Le Monde. "Eu respondi: 'Um milhão'. 'É o quê?' 'O que você quiser, rublos, libras, dólares. Lá, ainda não havia euro. Ele respondeu: 'Concordo. Um milhão de francos suíços por ano'."
O craque francês já havia declarado que a Fifa não lhe pagou tudo naquele momento devido a problemas financeiros da entidade. Platini disse ao Le Monde que Blatter sugeriu que a política salarial da Fifa o impediu de ter um contrato que pagava a ele mais do que recebia o então secretário-geral Michel Zen-Ruffinen.
"Eu trabalhei por vários meses sem remuneração", disse Platini. "Depois de um tempo, eu fui até Blatter: 'Você tem um problema me pagar?' Ele disse: 'Sim, eu não posso lhe pagar 1 milhão por causa da estrutura salarial. Você deve entender que o secretário-geral recebe 300 mil francos suíços. Você não pode receber mais de três vezes o seu salário. Então vamos escrever um contrato para 300 mil francos suíços e pagar o resto mais tarde'. E foi isso que aconteceu. Só que o mais tarde nunca chegou".
Platini disse que recebeu 2 milhões de francos suíços da Fifa em 2011, porque ele equivocadamente lembrou que tinham sido pago 500 mil francos suíços anualmente no período em que foi conselheiro, e não 300 mil. A Fifa pagou Platini em fevereiro de 2011, semanas antes de uma disputa presidencial entre Blatter e o catariano Mohamed bin Hammam. Ambos buscavam o apoio do presidente da Uefa.