Danielle e Pierre Le Guennec, acusados de ocultar obras do artista espanhol Pablo Picasso (Eric Gaillard/Reuters)
Da Redação
Publicado em 10 de fevereiro de 2015 às 15h20.
Grasse - Um ex-eletricista e sua mulher, que guardaram 271 obras de Picasso durante 37 anos em sua casa do sul da França, compareceram nesta terça-feira a um tribunal por "ocultação de bens procedentes de um roubo", processados por seis herdeiros do artista espanhol.
"Picasso tinha absoluta confiança em mim, talvez por minha discrição", declarou nesta terça-feira o homem que foi seu eletricista, Pierre Le Guennec, de 75 anos, no primeiro dia do processo.
Picasso e sua companheira Jacqueline "me chamavam de 'priminho'", disse Le Guennec, contando ao tribunal como Jacqueline lhe deu um dia uma caixa de papelão que ele guardou em sua garagem por quatro décadas.
A descoberta há quatro anos deste tesouro deu a volta ao mundo.
O tribunal de Grasse (sul) consagrou a audiência desta terça-feira a ouvir o ex-eletricista e sua esposa Danielle, de 71 anos.
Posteriormente irão depor os demandantes, ou seja, três herdeiros de Pablo Picasso que estão convencidos que as obras foram roubadas.
O valor financeiro e patrimonial é enorme, já que a caixa continha 180 obras e uma pasta com 91 desenhos.
As obras, que datam de 1900 a 1932, são muito diferentes, mas entre elas há algumas excepcionais, como nove "colagens cubistas", disse Jean-Jacques Neuer, advogado de Claude Picasso, filho do artista a cargo da autentificação das obras.
Em meados de 2010, Le Guennec se dirigiu à Picasso Administration para obter certificados de autenticação das obras, o que provocou uma enorme comoção no mundo da arte.
Os herdeiros apresentaram uma demanda judicial em 23 de setembro. No dia 5 de outubro o casal foi detido para interrogatório e depois acusado, em maio de 2011, por "ocultação de bens procedentes de um roubo".