Surto de mpox acende alerta global com cepa mais letal; OMS avalia risco no Brasil
Comitê de emergência da OMS discutirá se o aumento de casos e a nova linhagem letal do vírus representam uma ameaça global
Redação Exame
Publicado em 14 de agosto de 2024 às 10h16.
Última atualização em 14 de agosto de 2024 às 10h22.
Nesta quarta-feira, um Comitê de Emergência da Organização Mundial da Saúde (OMS) se reúne para determinar se a recente alta nos casos de Mpox e a disseminação de uma nova linhagem mais letal justificam a declaração de uma nova emergência de saúde pública de importância internacional.
Essa decisão poderá colocar a nova cepa do vírus, que tem causado preocupação crescente na África, sob vigilância global. As informações são do O Globo.
Apesar da queda nos casos globais após o surto de Mpox em 2022, a doença continua presente em regiões onde é endêmica, como na República Democrática do Congo (RDC). Este ano, o país registrou 14 mil infecções e 511 mortes, números impulsionados pela disseminação de uma nova linhagem do vírus.
O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, alertou que o número de casos nos últimos seis meses é equivalente ao total do ano passado, com o vírus se espalhando para áreas anteriormente não afetadas. Além disso, foram relatados cerca de 50 casos em países vizinhos que até então não haviam registrado a doença, como Burundi, Quênia, Ruanda e Uganda.
O que é Mpox?
A Mpox, anteriormente conhecida como varíola dos macacos, é uma doença viral causada pelo vírus da família Poxviridae, o mesmo grupo que inclui o vírus da varíola humana. Identificada pela primeira vez em humanos na década de 1970, a Mpox é endêmica em algumas regiões da África, especialmente na África Central e Ocidental. O vírus é transmitido principalmente através do contato direto com lesões cutâneas, fluidos corporais ou gotículas respiratórias de indivíduos infectados, além de poder ser transmitido por objetos contaminados.
Em 2022, a Mpox ganhou destaque global ao se espalhar para além das regiões endêmicas, afetando países em todos os continentes, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma emergência de saúde pública de importância internacional. Durante esse surto, a doença foi associada a novas vias de transmissão, incluindo o contato sexual, o que facilitou sua disseminação em comunidades antes não afetadas.
Quais os sintomas da Mpox?
A doença geralmente se manifesta com febre, dores musculares, fadiga e erupções cutâneas características que podem evoluir para lesões mais graves. Embora a maioria dos casos seja autolimitada, com sintomas leves a moderados, a Mpox pode ser fatal, especialmente em populações vulneráveis.
Preocupações com a disseminação internacional
A nova cepa do vírus, denominada Clado 1b, pertence à linhagem Clado 1, que é conhecida por sua maior letalidade e por ser endêmica na África Central. Diferente do Clado 2, responsável pela propagação global de 2022, o Clado 1b apresenta mutações que facilitam sua transmissão, incluindo a transmissão sexual, o que aumenta o risco de propagação internacional.
Especialistas como a virologista Giliane Trindade alertam que, embora ainda não haja registros do Clado 1b fora da África, o risco de disseminação global é real, especialmente considerando o contexto de um mundo altamente globalizado e as vias de transmissão observadas na RDC.
Impacto e letalidade da nova linhagem
O Clado 1b já foi identificado em países como Quênia, Ruanda e Uganda, com casos em análise em Burundi.A nova linhagem tem se mostrado significativamente mais letal do que a observada no surto global de 2022, com uma taxa de mortalidade de até 4% em adultos e 10% em crianças.
Esses números são alarmantes e destacam a necessidade de uma resposta global coordenada para conter o avanço da doença. O virologista Fernando Spilki ressalta que, embora ainda existam incertezas sobre o comportamento da nova linhagem fora da África, o risco de sua disseminação é real e deve ser monitorado de perto.
Medidas de prevenção e controle
Se a OMS decretar uma nova emergência, serão implementadas medidas para conter a disseminação do vírus e evitar sua chegada a outros países. A experiência adquirida durante o surto de 2022 será valiosa, especialmente em relação à vigilância, diagnóstico e disponibilidade de vacinas.
No Brasil, as vacinas contra Mpox já estão sendo aplicadas a grupos de maior risco, como pessoas que vivem com HIV, mas ainda não se sabe se essas vacinas oferecem proteção eficaz contra a nova cepa Clado 1b. Além das vacinas, a testagem continua sendo uma ferramenta essencial para identificar e isolar casos, evitando a disseminação do vírus.