Sul da Europa exige mais esforços da UE diante de nova onda migratória
Primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, pressionou os governos da França, da Alemanha e dos demais membros do bloco para que aceitem receber migrantes
Agência de notícias
Publicado em 29 de setembro de 2023 às 18h30.
Os dirigentes de nove países do sul da Europa instaram, nesta sexta-feira, 29, em Malta, a multiplicação de esforços para enfrentar uma nova onda migratória e defenderam abordar a questão em suas raízes, tanto com os países de origem como os de trânsito.
"Recordamos a necessidade de um aumento significativo dos esforços da União Europeia na frente exterior, com um foco renovado para reduzir de forma eficaz os deslocamentos iniciais e prevenir as saídas", manifestaram Itália, Malta, França, Croácia, Chipre, Espanha, Grécia, Portugal e Eslovênia em um comunicado conjunto na cúpula Med9.
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A reunião, realizada na ilha mediterrânea de Malta, ocorreu um dia após os ministros do Interior da União Europeia (UE) prometerem chegar a um acordo sobre uma reforma de sua política migratória.
Lutar contra a imigração ilegal exige "uma resposta europeia sustentada e global", defenderam os participantes.
A chegada de milhares de migrantes à ilha italiana de Lampedusa nas últimas semanas aumentou as tensões dentro do bloco. Esta região costeira, que tem apenas 20 km², está situada perto do norte da África.
Até o momento, o número de migrantes que chegou à Itália superou os 133.000, quase o dobro do mesmo período no ano anterior, segundo Roma.
Além disso, cerca de 11.600 "menores desacompanhados" chegaram a este país entre janeiro e meados de setembro por esta perigosa rota, cerca de 60% a mais comparado ao mesmo intervalo em 2022, informou à AFP a agência da ONU para a Infância (Unicef).
A travessia, organizada por traficantes de pessoas em embarcações sobrecarregadas, coleciona tragédias. Entre junho e agosto, pelo menos 990 migrantes morreram ou desapareceram enquanto atravessavam o Mediterrâneo central, frente aos 334 no mesmo período em 2022, segundo a Unicef.
Este incessante afluxo contraiu as relações entre os países que servem de porta de entrada na Europa e seus parceiros.
O governo de extrema direita da primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, entrou em conflito com a França e a Alemanha neste espinhoso tema e pressiona os demais membros da UE para que aceitem receber estes migrantes.Meloni se reuniu nesta sexta-feira com os presidentes francês, Emmanuel Macron, e da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, garantindo que após estes encontros havia uma "vontade, pelo menos no papel" de atuar de forma conjunta.
É "algo que deve ser feito a nível europeu para ser realmente eficaz", insistiu ela.
"Visão compartilhada"
Von der Leyen apresentou, em meados de setembro, um plano com dez pontos para enfrentar a chegara recorde de migrantes à Itália.
O plano incluía uma possível ampliação das missões navais no Mediterrâneo, que segundo Meloni, deveriam ser realizadas "de acordo com as autoridades norte-africanas".
Macron e a premiê italiana conseguiram atenuar as tensões nos últimos dias e têm agora uma "visão compartilhada para gerir a questão migratória ", garantiu uma fonte presidencial francesa.
Roma, que critica a Alemanha por financiar barcos de resgate de ONGs que atuam no Mediterrâneo central, pediu à UE que inclua uma norma para obrigar estas embarcações a desembarcarem em seus próprios países, disse Meloni nessa sexta-feira.
Entretanto, para a imprensa italiana, a emenda foi rejeitada na quinta-feira pelos ministros do Interior do bloco europeu.
Tanto a primeira-ministra italiana como Macron desejam frear a saída destas embarcações através de uma colaboração mais estreita com a Tunísia, apesar das dúvidas sobre o respeito aos direitos humanos e ao tratamento que este país reserva aos migrantes.
A Comissão Europeia anunciou na semana passada que fornecerá os primeiros fundos à Tunísia como parte do acordo firmado para frear a migração irregular deste país na região do Magrebe, um dos principais pontos de partida em direção à Europa.
Segundo Meloni, o acordo já está produzindo "sinais muito importantes de colaboração" e é "um modelo" que pode ser utilizado com outros países do norte da África.