Sudão afirma na ONU que período de transição pode durar menos de 2 anos
Nesta semana, o presidente Al Bashir, que permaneceu no poder por 30 anos, foi deposto pelos militares e prometem um governo transitório
EFE
Publicado em 12 de abril de 2019 às 15h58.
Nações Unidas — O Sudão afirmou nesta sexta-feira que o período de transição de dois anos anunciado pela junta militar após a derrocada do presidente Omar al Bashir poderia ser mais curto em função da situação no terreno.
"O período de transição poderia diminuir dependendo dos eventos no terreno e dos acordos entre as partes", disse ao Conselho de Segurança Yasir Abdelsalam, encarregado de negócios da missão sudanesa nas Nações Unidas.
O diplomata se expressou assim depois que os Estados Unidos e a União Europeia (UE) questionaram esse período de dois anos anunciado pelos militares para a transição e pediram a aceleração da transferência do poder a um governo civil.
Em todo caso, Abdelsalam disse que a crise política é um "assunto doméstico" e que os sudaneses devem decidir como abordar esta "delicada situação".
"Qualquer processo democrático necessita de tempo e isso não deve ser ameaçado. Não queremos ver que este processo democrático nascente e gradual desestabilizado em nome da democracia", afirmou.
O diplomata se expressou assim aproveitando um discurso diante do Conselho de Segurança por ocasião da aprovação de uma resolução sobre a missão da ONU na região de Abyei, disputada pelo Sudão e Sudão do Sul.
O Conselho de Segurança deve analisar também nesta sexta-feira a crise no Sudão em reunião a portas fechadas convocada a pedido dos Estados Unidos e dos países europeus.
Nela, segundo várias fontes diplomáticas, é esperada uma primeira avaliação da situação e não estão previstas decisões a respeito.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, já se pronunciou nesta quinta-feira, pedindo uma transição para a democracia e oferecendo o apoio da organização.
O exército sudanês derrubou Al Bashir nesta quinta-feira, pondo fim a um governo de 30 anos que há meses enfrentava fortes protestos nas ruas.