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Snowden deixa em evidência o Big Brother americano em 2013

Analista da NSA provocou um terremoto no governo americano ao revelar detalhes de uma poderosa rede de espionagem eletrônica

Manifestação em apoio ao ex-agente da NSA Edward Snowden, que revelou o esquema de espionagem dos Estados Unidos, em Washington (Jonathan Ernst/Reuters)
DR

Da Redação

Publicado em 20 de dezembro de 2013 às 21h35.

Washington - Prestes a completar 30 anos, Edward Snowden , um analista da Agência de Segurança Nacional ( NSA ), provocou um terremoto no governo americano ao revelar detalhes de uma poderosa rede de espionagem eletrônica dos EUA que pôs a prova as relações diplomáticas internacionais.

Desde o começo do ano até pouco antes das revelações de Snowden, em junho, o Pentágono e a Casa Branca tinham uma agenda clara: denunciar as tentativas patrocinadas pelo exército chinês de espionagem industrial e ressaltar a necessidade de reforçar a ciberdefesa.

Edward Snowden, um técnico de sistemas da empresa privada Booz Allen Hamilton, contratada pela NSA, jogou por terra esses argumentos ao vazar aos jornais "Guardian", "Washington Post" e à revista "Der Spiegel" detalhes de dois programas secretos de espionagem dos Estados Unidos que surpreenderam o mundo pelo alcance: empresas de internet, parceiros dos EUA e até o próprio Capitólio.

O presidente Barack Obama confessou que desconhecia o alcance real do poder de infiltração da NSA que, com a justificativa de combater o terrorismo e reforçar a segurança nacional teceu, depois dos atentados de 11 de setembro de 2001, uma rede que permite vigiar desde o e-mail de um suspeito de terrorismo até o celular da chanceler alemã, Angela Merkel.

Desde o início do debate, quando Snowden escapou no último minuto da justiça americana de seu esconderijo em Hong Kong para acabar passando semanas no aeroporto de Moscou à espera de asilo.

A história do espião, mais parecido com um inocente amante de "mangás" que com James Bond se tornou um escândalo diplomático de dimensão global.

A Rússia acabou dando asilo temporário a Snowden, o que desagradou Washington.


Antes, Equador e Venezuela ofereceram ajuda ao ex-analista e o espetáculo midiático contou com episódios rocambolescos, como quando o avião do presidente boliviano, Evo Morales, foi obrigado a parar na Áustria para provar que não tinha abrigado o fugitivo em seu avião presidencial.

De maneira questionável e com o beneplácito de um tribunal obscuro, a NSA, a maior agência de inteligência do mundo, foi autorizada a obter registros telefônicos nos Estados Unidos e espionar comunicações de estrangeiros, inclusive com a capacidade de seguir a pista de alguém graças aos sinais transmitidos para as torres pelos celulares.

A capacidade da NSA, que parece ser de ficção científica, permite acessar informação de gigantes da internet e controlar cabos submarinos que distribuem o tráfego de dados da rede por todo o globo.

Apesar de apoiar o papel da NSA na luta contra o terrorismo, o Senado dos EUA tentou conhecer durante várias visitas com o diretor da NSA, general Keith Alexander, e o diretor nacional de Inteligência (DNI), James Clapper, os detalhes de programas que não eram totalmente controlados.

A principal preocupação em nível nacional nos Estados Unidos foi garantir que o direito à privacidade do cidadão não foi violado e que as investigações não ultrapassam os limites da Constituição, algo que, segundo a NSA, só aconteceu em poucos casos e por engano.

Já em relação ao exterior, Snowden revelou as relações entre agências de inteligência estrangeiras de países aliados com a NSA e os programas super secretos para espionar não só países que não são amigos de Washington, mas outros com quem mantém boas relações como Brasil, México, Alemanha e França.


Estas revelações, reconhecidas à meia voz pela Casa Branca, complicaram o delicado equilíbrio diplomático internacional. Alguns governos tentaram mostrar surpresa e indignação para a opinião pública por uma ingerência estrangeira, o que ironicamente mostrou a própria incapacidade de frear ou de se igualar à espionagem americana.

A presidente Dilma Rousseff rotulou as ações da NSA como "uma quebra da lei internacional", enquanto Merkel lembrou que as revelações, que chegaram a violar sua privacidade, são "graves" e põem à prova as relações entre os dois países.

Os vazamentos de Snowden colocaram em risco as negociações do ambicioso Tratado de Livre-Comércio entre Estados Unidos e União Europeia e afetaram as relações de confiança nos dois lados do Atlântico.

As grandes empresas de tecnologia americana também não permaneceram caladas ao ver que a confiança de seus usuários e clientes no mundo todo poderia ser afetada pelo escândalo.

As oito maiores empresas do Vale do Silício (Apple, Google, Microsoft, Facebook, Yahoo!, Twitter, Aol e Linkedin) pediram uma reforma que "garanta que os esforços de vigilância do governo são limitados pela lei, e que sejam proporcionais ao risco, transparentes e sujeitos a supervisão independente".

Mais de 500 intelectuais e escritores de 81 países, entre eles cinco prêmios Nobel, também pediram às Nações Unidas que entre no assunto para garantir o respeito aos direitos civis na era de internet.

"Uma pessoa sob vigilância já não é livre; uma sociedade sob vigilância já não é uma democracia. Para manter qualquer validade, nossos direitos democráticos devem se aplicar em um espaço virtual e real", lembraram.

A administração de Obama prometeu uma revisão dos protocolos para "equilibrar privacidade e segurança" e minimizou que "todos os países fazem a mesma compilação de inteligência, embora com menor êxito".

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Desde o começo do ano até pouco antes das revelações de Snowden, em junho, o Pentágono e a Casa Branca tinham uma agenda clara: denunciar as tentativas patrocinadas pelo exército chinês de espionagem industrial e ressaltar a necessidade de reforçar a ciberdefesa.

Edward Snowden, um técnico de sistemas da empresa privada Booz Allen Hamilton, contratada pela NSA, jogou por terra esses argumentos ao vazar aos jornais "Guardian", "Washington Post" e à revista "Der Spiegel" detalhes de dois programas secretos de espionagem dos Estados Unidos que surpreenderam o mundo pelo alcance: empresas de internet, parceiros dos EUA e até o próprio Capitólio.

O presidente Barack Obama confessou que desconhecia o alcance real do poder de infiltração da NSA que, com a justificativa de combater o terrorismo e reforçar a segurança nacional teceu, depois dos atentados de 11 de setembro de 2001, uma rede que permite vigiar desde o e-mail de um suspeito de terrorismo até o celular da chanceler alemã, Angela Merkel.

Desde o início do debate, quando Snowden escapou no último minuto da justiça americana de seu esconderijo em Hong Kong para acabar passando semanas no aeroporto de Moscou à espera de asilo.

A história do espião, mais parecido com um inocente amante de "mangás" que com James Bond se tornou um escândalo diplomático de dimensão global.

A Rússia acabou dando asilo temporário a Snowden, o que desagradou Washington.


Antes, Equador e Venezuela ofereceram ajuda ao ex-analista e o espetáculo midiático contou com episódios rocambolescos, como quando o avião do presidente boliviano, Evo Morales, foi obrigado a parar na Áustria para provar que não tinha abrigado o fugitivo em seu avião presidencial.

De maneira questionável e com o beneplácito de um tribunal obscuro, a NSA, a maior agência de inteligência do mundo, foi autorizada a obter registros telefônicos nos Estados Unidos e espionar comunicações de estrangeiros, inclusive com a capacidade de seguir a pista de alguém graças aos sinais transmitidos para as torres pelos celulares.

A capacidade da NSA, que parece ser de ficção científica, permite acessar informação de gigantes da internet e controlar cabos submarinos que distribuem o tráfego de dados da rede por todo o globo.

Apesar de apoiar o papel da NSA na luta contra o terrorismo, o Senado dos EUA tentou conhecer durante várias visitas com o diretor da NSA, general Keith Alexander, e o diretor nacional de Inteligência (DNI), James Clapper, os detalhes de programas que não eram totalmente controlados.

A principal preocupação em nível nacional nos Estados Unidos foi garantir que o direito à privacidade do cidadão não foi violado e que as investigações não ultrapassam os limites da Constituição, algo que, segundo a NSA, só aconteceu em poucos casos e por engano.

Já em relação ao exterior, Snowden revelou as relações entre agências de inteligência estrangeiras de países aliados com a NSA e os programas super secretos para espionar não só países que não são amigos de Washington, mas outros com quem mantém boas relações como Brasil, México, Alemanha e França.


Estas revelações, reconhecidas à meia voz pela Casa Branca, complicaram o delicado equilíbrio diplomático internacional. Alguns governos tentaram mostrar surpresa e indignação para a opinião pública por uma ingerência estrangeira, o que ironicamente mostrou a própria incapacidade de frear ou de se igualar à espionagem americana.

A presidente Dilma Rousseff rotulou as ações da NSA como "uma quebra da lei internacional", enquanto Merkel lembrou que as revelações, que chegaram a violar sua privacidade, são "graves" e põem à prova as relações entre os dois países.

Os vazamentos de Snowden colocaram em risco as negociações do ambicioso Tratado de Livre-Comércio entre Estados Unidos e União Europeia e afetaram as relações de confiança nos dois lados do Atlântico.

As grandes empresas de tecnologia americana também não permaneceram caladas ao ver que a confiança de seus usuários e clientes no mundo todo poderia ser afetada pelo escândalo.

As oito maiores empresas do Vale do Silício (Apple, Google, Microsoft, Facebook, Yahoo!, Twitter, Aol e Linkedin) pediram uma reforma que "garanta que os esforços de vigilância do governo são limitados pela lei, e que sejam proporcionais ao risco, transparentes e sujeitos a supervisão independente".

Mais de 500 intelectuais e escritores de 81 países, entre eles cinco prêmios Nobel, também pediram às Nações Unidas que entre no assunto para garantir o respeito aos direitos civis na era de internet.

"Uma pessoa sob vigilância já não é livre; uma sociedade sob vigilância já não é uma democracia. Para manter qualquer validade, nossos direitos democráticos devem se aplicar em um espaço virtual e real", lembraram.

A administração de Obama prometeu uma revisão dos protocolos para "equilibrar privacidade e segurança" e minimizou que "todos os países fazem a mesma compilação de inteligência, embora com menor êxito".

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