O TUCA, tradicional teatro da PUC-SP foi sede do 1º debate online entre os candidatos Marina Silva (PV), José Serra (PSDB) e Dilma Roussef (PT). (.)
Vanessa Barbosa
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h11.
São Paulo - Às 8h30 desta quarta-feira (18), as imediações do tradicional teatro da PUC, o TUCA, no bairro de Perdizes, em São Paulo, estavam mais movimentadas do que o usual para o horário. Agentes da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) e um grupo numeroso de seguranças monitoravam o acesso ao local que iria sediar o 1º debate online realizado no país entre os principais candidatos à Presidência da República.
Partidários, jornalistas, assinantes convidados - todos que foram acompanhar de perto o embate promovido pela Folha/UOL e transmitido ao vivo pela internet - tiveram que passar por uma rigorosa vistoria na entrada do saguão. Nem mesmo o "staff" do evento escapou dos sensores magnéticos e da vistoria semelhante à adotada nos estádios de futebol.
O acesso ao teatro foi liberado por volta das 9h30. Sem pressa, cada qual foi se acomodando nas poltronas conforme seu setor. Diante do palco, a área reservada aos convidados dos partidos se dividia em cores: à esquerda, em verde, estavam as poltronas do PV, de Marina Silva; no meio, em azul, as do tucano José Serra; e logo ao lado, assentos vermelhos para a chapa da petista Dilma Roussef.
Com início previsto para as 10h30, o primeiro embate pela internet começou com quase 15 minutos de atraso. Todos os candidatos foram orientados a chegar pelo menos meia hora antes - "pedido" que, pelo visto, não foi bem atendido. Cercada de segurança, Dilma chegou ao teatro com apenas 15 minutos de antecedência, Serra apareceu pouco tempo depois, e Marina surgiu em cima do laço, às 10h30. Os três chegaram de carro e entraram por um acesso lateral do teatro.
Sem cerimônia, a maioria dos partidários convidados optou pelo acesso principal do TUCA, à rua Monte Alegre. Do lado petista, passaram por ali, a candidata ao senado e ex-prefeita de SP, Marta Suplicy, o senador Eduardo Suplicy, o ex-presidente da Câmara e atual deputado federal Arlindo Chinaglia e o presidente nacional do PT José Eduardo Dutra. O candidato pelo partido ao governo de SP, Aloizio Mercadante, também compareceu.
Para apoiar José Serra, estavam presentes o candidato pelo PSDB ao governo paulista Geraldo Alckmin, o coordenador da campanha do tucano Chico Graziano, o presidente do coligado PPS Roberto Freire, entre outros.
Do lado verde, marcaram presença na platéia o empresário Guilherme Leal, vice de Marina Silva, e o candidato ao governo de SP pelo PV, Fabio Feldmann.
Com capacidade para mais de 600 pessoas, o teatro da PUC estava cheio, mas não lotado - algumas dezenas de cadeiras ficaram desocupadas, por questão de segurança. Mesmo assim, foi difícil evitar as manifestações da plateia, que não poupava comentários (críticos, porém discretos) e algumas salvas de palmas eufóricas direcionadas às perguntas mais polêmicas - como as feitas pelos internautas e a do jornalista Rodrigo Flores, sobre a saúde de Dilma - e respostas bem diretas, por vezes atravessadas, da verde Marina e também da petista.
<hr> <p class="pagina">Nos intervalos entre os seis blocos do embate, os candidatos eram cercados por seus assessores e marqueteiros de campanha. À frente das vitórias do PSDB, em São Paulo, Luiz Gonzáles, o marqueteiro do tucano José Serra, foi uma ausência sentida. Já Dilma não pode reclamar de falta de conselhos: ela teve o apoio de seu marqueteiro João Santana e até do deputado federal Antônio Palocci, que foi visto dando umas "dicas" à petista no intervalo do 4º bloco. <br><br>Depois de mais de duas horas de perguntas-respostas, ataques e provocações, o primeiro debate online entre os três principais candidatos chegou ao fim com as últimas considerações e uma salva de palmas generosa à candidata do PV, que encerrou o evento. <br><br>Às 13h, uma multidão formada em sua maioria por alunos da PUC e um grupo de servidores do judiciário que fazia uma manifestação pela reposição salarial no setor, entoavam em uníssono "Ai, ai, ai, tucano nunca mais". O candidato do PSDB, José Serra, deixara o local há poucos minutos, por uma saída lateral discreta próxima a uma rua atrás do teatro. Alguns manifestantes disseram que ele "escapou escondidinho, sem ninguém ver". <br><br>Dilma Roussef, por sua vez, encontrou uma manifestação polarizada entre simpatizantes e opositores. A saída da petista foi dificultada pela aglomeração em torno do carro que a conduzia. Por cerca de 10 minutos, o veículo ficou praticamente imóvel, por não conseguir se desvencilhar. De um lado, admiradores tentavam a todo custo trocar algumas palavras com a candidata. <br><br>Do outro, manifestantes gritavam "Desce do carro, se Dilma é do povo". A situação se complicou ainda mais quando um manifestante se deitou no chão para barrar a saída do veículo. Finalmente, após alguns minutos, os ânimos se acalmaram e o carro de Dilma conseguiu sair. <br> <br>Marina Silva foi a última a deixar local, às 14h50, e também não escapou do assédio, que foi, entretanto, mais brando e sem grandes esquentações. Na saída da candidata, que é evangélica, apenas se ouviam duas questões, feitas em alto e bom tom por um grupo de jovens. "Marina, e o aborto?, Marina e o casamento gay?". Perguntas que ficaram sem resposta. <br> </p>